quinta-feira, dezembro 31, 2009

Feliz Ano Novo!



Eu não estou no mar, ainda. Mas adoro essa foto, de 2006, e a considero perfeita para um dia em que tudo o que a gente quer é abraçar logo o futuro e as coisas boas que esperamos dele. Por enquanto, estou nas montanhas de Minas Gerais, no meu refúgio localizado em Santa Rita do Sapucaí, trabalhando muito na revisão da biografia do editor José Xavier Cortez, que concluí há uns 15 dias. Um trabalho enorme que ainda deve durar até fevereiro.

Sempre trago trabalho para as férias e não reclamo mais. Já me acostumei com essa correria todo o final/começo de ano. E se a correria e o cansaço são por conta de um livro novo, não tenho mesmo do que reclamar. Poder fazer o que se gosta é sorte. E das grandes. Além do mais, estou ao lado da minha família do coração, a do "Meu bem, meu Maurício" , que me aguenta já há uns 20 anos. O Natal passamos em São Paulo mesmo, dessa vez com minha família de sangue: mãe, irmã, sobrinha, cunhado, padastro e ainda os amigos do peito, pertencentes as famílias Mukai e Teramito. Foi tudo muito bom e divertido, como tem de ser.

Sábado caíremos na estrada novamente, com a bênção de Jack Kerouac, que era um viajante e tanto. E confesso que mal posso esperar porque visitarei cidades e estados com os quais venho sonhando há tempos. Em breve postarei fotos da aventura por aqui.

Espero que o ano de 2010 traga, sobretudo, muita saúde para todo mundo. Até porque é ela, a saúde, que nos permite conquistar todo o resto. Mas, nunca é demais querer que ela esteja acompanhada de paz, amor, alegria, felicidade, sucesso, trabalhos interessantes, viagens inesquecíveis.

São meus desejos, sinceros, para os poucos (e bons!) que sempre estão por aqui, há mais de três anos!



Em tempo: também estou feliz demais porque além das viagens, começarei o ano dando sequência à leitura de um romance maravilhoso, que ganhei do meu amigo Leo, é Antes do degelo, da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís (Guimarães Editores, 2004, Lisboa, 366 páginas). Comecei a leitura há dois dias e estou completamente alucinada com a escrita monumental de Agustina. Pena eu só ter tempo de lê-lo antes de dormir, uns poucos minutos. Mas, enfim, é um deleite que eu vou sorvendo aos poucos.

Em tempo II: deixo vocês com uma das minhas imagens preferidas deste Natal: minha sobrinha Verônica, linda, na varanda lá de casa. Um 2010 sensacional pra todo mundo!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Balanço




O fim do ano, do ciclo.
O começo do outro, o viço.
O futuro logo ali: a um passo.
Hora de rever os nós, os laços.
A vida é o ir e vir – e que venha!
Tema certeiro no peito: poema.
Translúcido vão do avesso: contexto.
Herança, fortuna, história: memória.
Um desenho sem compasso: abraço.
Um fluxo ou um lampejo? Um beijo.
Um mote de um bom roteiro: desejo.
O que vale é o infinito: de um dito.
E bom mesmo é navegar: no olhar.
Sem se esquecer do horizonte: de fronte.
E ter por guia o destino: caminho.
Faça chuva ou faça sol.
Sob a Lua ou sobre o Mar.
E a bênção se pede a quem?
A Deus, ao Buda, à Iemanjá,
Ao Cristo, a quem mais vier,
Ao profeta Maomé,
Aos ancestrais, aos Xamãs.
Às esperanças mais vãs.
De certo mesmo só há:
o hoje, o agora, o já.


Goimar Dantas
São Paulo,
23-12-09

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Desejo



Queria escrever uma poesia tão linda que só o coração ousaria pulsá-la.
Poesia fluindo na veia da palavra:
vermelha, profunda, dilatada.

Goimar Dantas
São Paulo
18-12-2009

domingo, dezembro 13, 2009

Oração para Adélia Prado



Adélia Prado, minha poeta preferida, faz aniversário hoje, 13 de dezembro. Mas, como acontece todos os dias, é ela quem me brinda com a sabedoria de suas palavras. E se tenho o espírito robusto, corado, saudável, devo em grande parte ao alimento magistral que é a sua poética.

Ainda pulsa em meu coração o impacto sentido ao ler "O poeta ficou cansado", poema de sua autoria, especialmente no trecho: “Ó Deus, / me deixa trabalhar na cozinha, / nem vendedor nem escrivão, / me deixa fazer Teu pão. / Filha, diz-me o Senhor, / eu só como palavras.”

Assim como Manuel Bandeira, Drummond, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos, Adélia me revelou a força da poesia em suas nuances mais brutas e lapidares. A palavra como pão, alimento, epifania, começo, meio e fim. A palavra como instrumento do sagrado e do profano, como expressão mística e fé.

Desde então, tive certeza: minha religião é a poesia. Minha Igreja é o livro. Só a palavra me salva, me redime, me oferece a transcendência. Pecado é não escrever, não ler, não querer conhecer. Paraíso é o texto capaz de tocar o coração do outro. Inferno é ser malsucedido nessa intenção.

No Reino das Palavras entendi que Adélia é Santa e eu, discípula: sedenta de verbo e metáfora - que são a hóstia e o vinho dos poetas. E assim, tudo o que peço é que após cada comunhão eu receba, iluminada, o divino e o altíssimo, o Deus do dito e não-dito que se chama Inspiração. Amém.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Meu campeão


Meu campeão, lindão... Já no final do exame, com a faixa verde e a medalha.

No último sábado, dia 05, Yuri encheu a família de orgulho. Conquistou a faixa verde no Karatê (agora faltam as faixas marrom ponta branca e marrom, antes de ele conseguir a cobiçada faixa preta). O exame começou às 10 horas da manhã e seguiu até às 13h. Logo de cara, Yuri iniciou a bateria de testes com um aquecimento de guerra: 500 polichinelos, 30 flexões, 150 abdominais e não sei mais quantos exercícios.


Yuri apresentando o Kata (espécie de coreografia com os movimentos característicos de cada uma das faixas).

Depois do Kata, cada aluno tinha de colaborar com o exame do outro, servindo de oponente em inúmeras lutas, de modo que todos pudessem mostrar os golpes que aprenderam.


Yuri voando, digo, golpeando com as pernas.

Quanto mais avançado o aluno, mais longo é o processo de avaliação. Por isso, Yuri foi um dos últimos a ser avaliados. Mesmo estando cansadíssimo, precisou lutar mais nove vezes.


Como sempre, não escapou de lutar com o seu professor que se chama... Iuri! Nessa foto péssima de tão tremida, professor e aluno lutam. Enquanto isso, "meu Yuri" recebia incentivos e dicas de Jacó, outro professor da turma, que gritava: "Vai, Yuri! Use o golpe "x"!Defenda o rosto etc".

Meu filho entrou no Karatê superpequeno, com seis anos e, desde então, tem aulas com Iuri, que vem acompanhando seu desenvolvimento de perto. No começo, só queria saber de correr e brincar durante as aulas. Mas, agora, que está adolescente, tem arrasado e até ganhou uma medalha pelo desempenho nas aulas. Muito fofo.


Yuri com seis anos, ainda faixa branca, no dia do exame que lhe daria a faixa laranja.

Tirei centenas de fotos das lutas propriamente ditas, mas ficaram péssimas: primeiro porque eu tremia feito vara verde, segurando o choro, tamanha a tensão por ver meu filho passando por aquele verdadeiro ritual de sacrifício típico dos exames de lutas marciais. Depois porque, ao invés de deixar a máquina no automático, fui dar uma de
gostosa e usar fotometria(!)

E usar fotometria em esporte, com todo mundo se mexendo o tempo todo, saindo do foco, pulando... É pra quem pode. Pra quem tem muita técnica e muitos anos de estrada na fotografia. E eu, que acabo de terminar o curso básico, paguei o maior mico.

Mas, como dizem: vivendo e aprendendo, né?


Para finalizar, vemos Yuri e seu mestre Iuri, na foto clássica pós-exame de faixa.

Orgulho da mamãe!

terça-feira, dezembro 01, 2009

Lolita Cravo e Canela



Foram mais de 600 clicks para chegar as 10 fotos exigidas para a exposição de "Lolita Cravo e Canela", meu projeto final no Curso Básico de Fotografia, realizado durante quatro meses no Senac Lapa Scipião, em São Paulo. Em meio ao processo de escrita da biografia do editor José Xavier Cortez, que tem me tomado no mínimo 8 horas por dia, a experiência de bancar a fotógrafa foi, por assim dizer, tão maravilhosa quanto desgastante.

Para chegar a esse número superlativo de clicks, fiz cinco ensaios fotográficos com minha filha, Tailane(Tatá) Morena, de longe minha modelo favorita. A cada sessão de fotos, Tatá agia do mesmo modo, sempre me oferecendo doses generosas de paciência, cumplicidade e, por que não dizer, profissionalismo. Todas as sessões foram realizados à noite ou nos finais de semana e, mesmo assim, Tatá estava sempre pronta a sugerir poses, criticar, dar sugestões (mesmo após enfrentar cinco horas de aula, curso de dança, coral, lição de casa).

Devo tudo a ela, à sua beleza exótica e à sua infinita capacidade de fazer com que eu me reinvente sempre. As 10 fotos selecionadas para o projeto já estão disponíveis na minha galeria do Flickr. Para vê-las basta clicar aqui. Lembre-se de que, chegando lá, você pode clicar sobre as fotos para vê-las ampliadas.


Essa foi uma que ficou de fora da seleção final.

No decorrer dos dias, vou inserir mais algumas fotos no Flickr, uma vez que, por falta de espaço, acabaram ficando fora da edição final do projeto (como essa aí de cima, que eu adoro). Até porque cada aluno tem direito a inserir, no máximo, 10 fotos na exposição, que será realizada na própria escola, a partir de janeiro.

Juntamente com a professora Rita Domiciano, todos os alunos contribuíram com opiniões para a escolha das fotos do grupo. Foi um sufoco chegar a um número tão reduzido, tamanha a qualidade e variedade de temas da turma. Cada aluno fazia sua própria "primeira edição" e levava cerca de 60 fotos para a turma analisar. Um processo de muito aprendizado, sem dúvida.

Abaixo, mais uma foto escolhida para o projeto final, seguida de um pequeno trecho extraído da fundamentação teórica deste trabalho:



"O ensaio fotográfico Lolita Cravo e Canela pretende render homenagem ao romance Lolita, obra-prima do russo Vladimir Nabokov. Lançado em 1955, o livro é considerado um dos textos fundamentais da literatura do século XX.

A ideia é oferecer um passeio fotográfico pelo romance nobokoviano por meio da releitura imagética de sua protagonista, cuja plástica foi originalmente criada para atender ao ideal clássico de beleza norte-americano: uma ninfeta loira, de olhos claros e cabelos lisos. Neste ensaio, a ideia foi brincar com esse estereótipo, apresentando uma Lolita, por assim dizer, tipicamente brasileira, fruto de miscigenação entre portugueses, negros e índios. Uma jovem que bem poderia, daqui a alguns anos, servir de intérprete a outra personagem forte, mas dessa vez, da literatura nacional: a heroína Gabriela Cravo e Canela, do romance homônimo de Jorge Amado.

Utilizamos como referência as cenas clássicas presentes no romance e que, por sua vez, também serviram de inspiração aos dois cineastas que levaram o livro às telas. Stanley Kubrick, em 1962, foi o primeiro a fazê-lo, optando pela filmagem em P&B, o que propiciou uma abordagem imagética mais clássica, elegante e, nem por isso, menos perturbadora. Já Adrian Lyne, na refilmagem de 1997, em cores, explorou um lado mais solar da protagonista, valorizando, principalmente, as impressões recebidas pelos leitores na primeira metade do romance de Nabokov. A nosso ver, os dois pontos de vista são corretos e complementares, de modo que vimos como interessante a possibilidade de unir as duas propostas: fotos em cores e em P&B.

Para concretizar este ensaio tomamos como base as seguintes obras:

1.Lolita, Vladimir Nabokov, Companhia das Letras, 1998.
2.Lolita, Stanley Kubrick, 1962, EUA.
3.Lolita, Adrian Lyne, 1997, EUA.
4.Alice in Wonderland, Vogue USA, december 2003 (Annie Leibovitz and Natalia Vadinova).