terça-feira, dezembro 06, 2011

Carol Caracol

Eba! Meu conto "Carol Caracol", ilustrado pelo Marcelo Badari e publicado em novembro pela Revista Crescer, já está disponível no site da revista. A "Carol" vai ficar feliz da vida com a visita de vocês! É só clicar aqui:

segunda-feira, novembro 21, 2011

Papangu e Amor Perfeito



Na última sexta-feira, dia 18 de novembro, estive na Livraria Cortez contando a história do que Quem tem medo de papangu? para uma das turminhas da escola Amor Perfeito, localizada em Perdizes. Como sempre acontece nessas ocasiões, fiquei superfeliz em poder levar a história do papangu para a criançada, que adorou conhecer esse brincante carnavalesco que, em meados do século XIX, tinha ares de bicho-papão.



A cada apresentação, procuro me aperfeiçoar e melhorar meu trabalho como leitora e contadora dessa e de outras histórias que virão.



Tem sido uma experiência fascinante. Nada se compara à recepção e à sinceridade do público infantil, que sempre surpreende com seu carinho, seus comentários e perguntas.



Para deixar tudo ainda melhor, naquele mesmo dia o editor José Xavier Cortez completou 75 anos e, dentre as comemorações, contou sua história para as crianças da escola Amor Perfeito, pouco antes da minha apresentação. A meninada adorou conversar com ele e assistir ao DVD que traz trechos do livro infantil que narra a trajetória de Cortez. É o belíssimo Como um rio - O percurso do menino Cortez, de Silmara Rascalha Casadei e ilustrações de Lisie De Lucca.





Ao final de sua apresentação, Cortez recebeu abraços, beijos e presentes da criançada que, por sua vez, também adorou o painel que os funcionários expuseram na Livraria, repleto de imagens representativas da trajetória de vida do editor.

Uma tarde mágica!

Fica aqui meu agradecimento à equipe da Livraria Cortez que, mais uma vez, me proporcionou momentos inesquecíveis. Aproveito também para registrar (de novo e sempre!) toda minha admiração e respeito pelo editor José Xavier Cortez que, aos 75, prossegue mantendo o espírito de um menino: cheio de sonhos e entusiasmo em relação ao futuro. Que todos possamos receber a dádiva de seguir seu exemplo!

quinta-feira, novembro 03, 2011

Conto do mês na Crescer



Meu conto Carol Caracol, com linda ilustração de Marcelo Badari, está na edição de aniversário de 18 anos da Revista Crescer, da Editora Globo, mais precisamente na Seção Quintal. Fiquei feliz demais em ver minha Carol Caracol saltitando, serelepe, nas páginas da revista, cuja edição está linda, um capricho só! Para conhecer a Carol Caracol - uma menina sapeca, levada da breca! -, que está descobrindo a verdadeira delícia que é brincar com as palavras, basta dar um pulo na banca de jornal mais próxima! Corra, leitor, corra!

domingo, outubro 23, 2011

Papangu na Mostra Cultural de Japi




Todo dia é dia de folia para o papangu! Dessa vez o danado resolveu fazer Carnaval em pleno mês de outubro, mais precisamente no último dia 19, na I Mostra Cultural de Japi, no Rio Grande do Norte. Quem acompanha esse blog sabe que Japi é a cidade da minha família materna, onde vivi alguns anos - importantíssimos - de minha infância. Lá, ambientei boa parte da história do meu livro Quem tem medo do papangu?, inspirado nas aventuras e peripécias vividas por meu saudoso avô Pedro Horácio, que durante anos alegrou o Carnaval da cidade se transformando, nos dias da Festa de Momo, no papangu mais tradicional do município.

Por tudo isso, os educadores da cidade decidiriam inserir o livro e o tema do papangu nas festividades da Mostra Cultural, transformando o Quem tem medo de papangu? em peça de teatro. Foi uma enorme festança com direito a homenagens que incluíram minha avó Maria, alguns dos meus tios e primos presentes na ocasião.



O público da Mostra foi composto por centenas de crianças e adultos da comunidade. Ali, naquele colorido ambiente que mesclava festa e aprendizado, muitos tiveram acesso, pela primeira vez, a essa história que, desde a minha infância, me encantou sobremaneira - a ponto de me levar a escrever um livro sobre ela.

Fica aqui meu eterno agradecimento, afeto e respeito a todos os profissionais envolvidos na 4ª Mostra Cultural de Japi. É maravilhoso saber que contribuí, de alguma forma, com o trabalho de vocês junto aos aprendizes da cidade. Peço licença, no entanto, para dizer um obrigada especial à educadora (e minha xará de sobrenome) Célia Dantas, que trabalhou a temática do livro com seus alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, e que vem se empenhando muito para a divulgação dessa obra na cidade. Aliás, "pesquei" todas as imagens que ilustram este post do orkut dela, na maior cara-de-pau :)



A fofa da minha avó Maria sendo conduzida pela educadora que interpretou o "papangu".


Aqui vemos minha avó Maria, tios e primas se juntando ao "papangu" na hora da foto.



A professora Célia Cristina Dantas se dirigindo ao público.


Achei uma graça essa reprodução de uma foto minha ao lado de outra (que eu amo!!) dos meus avós Pedro e Maria. Aliás, lembro como se fosse hoje do dia em que tirei essa fotografia dos dois, no quintal da casa de ambos, ao lado da cisterna. Eu tinha 19 anos e, logo que voltei das férias, mandei fazer várias reproduções do retrato. Mandei um para cada tio. Hoje, passados tantos anos, essa recordação tem lugar de destaque na casa de todos eles.

Um viva para o papangu! E outro viva para as memórias que rendem boas histórias!

domingo, outubro 16, 2011

Baianidade nas bancas



Na edição deste mês, a revista Conhecimento Prático Literatura, da editora Escala Educacional, traz análise do meu poema Baianidade Grega, assinada pelo professor Leo Ricino. Em nove páginas, o professor não só analisa o poema como chama a atenção dos leitores para a ótima safra de autores contemporâneos. Dentre eles: Adriana Lisboa, Andrea del Fuego, Claudia Lage e Vário Do Andaraí (para ficar só nos nacionais). Fiquei feliz da vida por estar em tão boa companhia! :)

Infelizmente, o site da revista não disponibiliza a leitura de todos os textos durante o mês da edição. O jeito é correr às bancas de jornal e procurar um exemplar. E vale a pena! A revista está muito bonita e com temas ótimos que auxiliam, sobretudo, o trabalho dos professores de português e literatura em sala de aula.

Em tempo: o site da revista disponibiliza todos os textos do competente professor Leo Ricino, publicados nas edições passadas. É só escrever o nome dele na busca. Fica a dica!

domingo, outubro 09, 2011

Papangu com Cata-vento




Foi uma delícia a contação/leitura da história do Quem tem medo de papangu? para as crianças do Colégio Cata-vento, na Livraria Cortez, na última sexta-feira, dia 07. Pura diversão! Ganhei muitos beijinhos, abraços e carinhos sem ter fim. Olhem só que coisinhas mais lindas essas crianças. Todas especialistas em catar ventos de alegria e amor para, depois, soprar no rosto da gente.

Uma tarde linda, linda, linda!





Quase chorei quando vi essas duas fotos acima... Que mais posso querer da vida?


Júlia: sempre fazendo o melhor para que tudo fique ainda mais bonito! Aproveito para agradecer a todos os amigos da Livraria Cortez, pelo convite e pela confiança de sempre!



Esse é o Cauã. Arrasou durante a minha contação/leitura! Participou, deu pitaco, perguntou. Fofo demais!


Na hora dos autógrafos, pausa para uma recordação da turminha e das professoras.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Papangu na Primavera

E nesta sexta-feira, dia 7, às 14h, o papangu vai fazer folia na Livraria Cortez, em Perdizes!! É que estarei lá fazendo a leitura do Quem tem medo de papangu? para a criançada da escola Cata-vento. Não faltarão alegria e diversão!! Juro por todos os carnavais e pelas máscaras mais bonitas que existem!! Palavra de neta e sobrinha de papangus!!

quinta-feira, setembro 22, 2011

Finalista do Prêmio Jabuti



A palavra "felicidade" é linda, mas não dá conta do que estou sentindo. A biografia Cortez - A saga de um sonhador, que escrevi em parceria com a socióloga Teresa Sales, está entre as finalistas do Prêmio Jabuti. A lista foi divulgada ontem, e quase tive um piripaque ao receber a notícia. Ficar entre os 10 indicados da categoria já é, para mim, uma vitória imensa.

Sabemos que o Jabuti é prêmio literário de maior repercussão no país. A concorrência é enorme e há muitos livros de qualidade na batalha. Nesse contexto, ter o trabalho reconhecido em meio a milhares de obras é realmente motivo de muita alegria. Quero aproveitar o momento tão especial para, uma vez mais, agradecer à Cortez Editora, pela confiança, e, principalmente, ao meu querido biografado José Xavier Cortez, por ter nos concedido a honra de poder contar sua história.

Encerro esse post relembrando nossa alegria no dia do lançamento ocorrido em São Paulo, em 03 de maio de 2010.

segunda-feira, setembro 19, 2011

A vida do livro

“Para todo escritor é sempre uma surpresa o fato de que um livro tenha vida própria, quando se desprende dele; é como se parte de um inseto de destacasse e tomasse um caminho próprio. Talvez ele se esqueça do livro quase totalmente, talvez se eleve acima das opiniões que nele registrou, talvez até não o compreenda mais, e tenha perdido as asas em que voava ao concebê-lo: enquanto isso o livro busca seus leitores, inflama vidas, alegra, assusta, engendra novas obras, torna-se alma de projetos e ações – em suma: vive como um ser dotado de espírito e de alma, e contudo não é humano”.


Essa lindíssima citação de Nietzsche foi extraída de um livro pelo qual estou completamente apaixonada: Nos bastidores do imaginário – Criação e Literatura Infantil e Juvenil, de Anna Claudia Ramos (Editora DCL 2006).

domingo, setembro 18, 2011

Poesia e prosa para os jovens




Mesmo com atraso de dias, venho postar o registro da cobertura da moçada da Agência Jovem de Notícias no II Seminário Literasampa. Para ler o texto sobre o nosso bate-papo com os mediadores de leitura, basta clicar aqui.

quinta-feira, setembro 15, 2011

De Japi a Assis: pátria papangu!



Olha que alegria!!! No desfile de 7 de Setembro, na cidade de Japi, sertão do RN, euzinha e o meu filhote Quem tem medo de papangu? recebemos uma homenagem linda da criançada e dos educadores!

Japi é cidade da minha família materna, onde meu avô Pedro Horácio passou anos se vestindo de papangu e alegrando os carnavais de centenas de crianças! Aliás, é justamente em Japi que se passa boa parte da história do livro Quem tem medo de papangu?. Não são lindos esses estudantes que aparecem na foto segurando os cartazes?!

Essa fotografia, que me foi enviada pelo meu querido padrinho Uilson Pinheiro, me emocionou muitíssimo. Até porque Japi é uma presença constante em minha memória afetiva. Suas casas, suas ruas, a presença de meus avós, tios e primos...

Fica aqui meu muito obrigada às professoras e às crianças de Japi por esse inesquecível afago em meu coração sertanejo!



E não bastasse a homenagem de Japi em pleno 7 de Setembro, o papangu ainda teve que sair dando pinote, numa carreira danada, cortando o vento por cerca de três mil quilômetros!!! Tudo para que dia 09 de setembro pudesse fazer folia no coração e nas mentes de centenas de crianças de três escolas do município de Assis, interior de São Paulo. São elas: EMEIF Profº João Luiz Galvão Ribeiro, onde acontecia a 3ª Festa Cultural; EMEIF Profº João Leão de Carvalho e EMEIF Profª Mafalda Salotti Bartholomei. Olha só que lindas as fotos dos eventos:









Nesta última foto, a gente vê a contadora de histórias Gabriella Lois (também conhecida como "Abgail conta mais de mil"), especialista em levar a magia do papangu pra criançada.

Agradeço demais às escolas de Assis e à Livraria Cortez, que possibilitou a ida da Gabriella Lois pra fazer a festa da criançada junto com o folião papangu!

domingo, setembro 11, 2011

Bate-papo com mediadores de leitura



Aqui estão algumas fotos do meu bate-papo com jovens mediadores de leitura que atuam em bibliotecas comunitárias, a maioria deles da região de Parelheiros, na zona sul da capital paulista. As imagens são do Eric Silva de Andrade, da Revista Viração Educomunicação, que fez a cobertura do evento.



As meninas fizeram relatos emocionantes sobre suas atuações nas bibliotecas, onde geralmente atendem ao público infantil.


Nesse bate-papo com os jovens, falei sobre os primeiros mediadores de leitura que tive na vida: meu professores. Também mostrei a eles uma de minhas relíquias: o primeiro livro que li na vida... Foi "O caso da borboleta Atíria", de Lúcia Machado de Almeida (Coleção Vaga-lume), Editora Ática. Reparem no durex na lombada...



A conversa foi regada a muita poesia e prosa, além de rica troca de experiências! Obrigada ao Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), na figura de Cida Jurado (que aparece na primeira foto deste post, à direita), e à Editora e Livraria Cortez, pelo convite e, principalmente, pela confiança!

quinta-feira, setembro 08, 2011

Papangu em Assis!



Amanhã, dia 09, será dia de fortes emoções para as crianças de Assis, interior de São Paulo!! A Livraria Cortez levará a contadora de histórias Gabriella Lois rumo à cidade para contar a história do "Quem tem medo de papangu?" na 3ª Festa Cultural da EMEIF Profº João Luiz Galvão Ribeiro.

Os professores da escola adoraram o "Quem tem medo de papangu?" e estão realizando um trabalho todo especial com os alunos, com foco em cultura popular. Por coincidência, amanhã estarei no evento LiteraSampa, na Biblioteca Monteiro Lobato (ver post anterior), mas estou certa de que será um dia inesquecível para todos os alunos e educadores que conhecerão mais sobre o Papangu lá em Assis! Verdade seja dita: meu coração estará lá e cá!

Viva o Papangu!!!

E pra matar saudade, na foto abaixo, vemos a Gabriella Lois, arrasando no lançamento do Quem tem medo de papangu?, em fevereiro deste ano!

segunda-feira, setembro 05, 2011

II Seminário de Leitura LiteraSampa




Na próxima sexta-feira, dia 09, às 14h, participo do II Seminário de Leitura LiteraSampa, que acontece na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, à rua General Jardim, 485, Vila Buarque. O tema deste ano é Bibliodiversidade. O evento contará com a presença de escritores, poetas, ilustradores, educadores, antropólogos, biblioteconomistas e representantes de diversas entidades ligadas ao livro e à leitura.

Estou feliz da vida com o convite, principalmente porque caberá a mim bater-papo com 35 adolescentes e jovens mediadores de leitura que atuam em bibliotecas comunitárias da região de Parelheiros, na Zona Sul da capital paulista. Uma moçada esforçada, capaz de superar uma série de adversidades em prol da leitura e do livro.

O evento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), tem apoio institucional do Senac São Paulo, do Instituto C&A e várias outras instituições. É importante destacar que algumas atividades acontecerão, também, no Auditório Nobre do Senac Consolação (Rua Doutor Vila Nova, 228). Ainda restam algumas vagas para assistir aos debates, exposições e apresentações. Basta preencher uma ficha de inscrição e levar um livro de literatura com edição a partir de 2007 para compor o acervo das bibliotecas comunitárias. Você pode obter mais informações pelo telefone: 3864-3133, de segunda a sexta, das 10h às 15h. Falar com Lígia.

Imperdível!!

sábado, setembro 03, 2011

Duas vidas

"Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde".

Encontrei esse trecho fantástico do poema "Dactilografia", de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, lendo o não menos fantástico O que é literatura infantil, de Ligia Cademartori (Editora Brasiliense, 2010, coleção Primeiros Passos). Impossível não vir aqui compartilhar com vocês.

quinta-feira, agosto 25, 2011

A festa

(Para Jorge Luis Borges, que faria 112 anos ontem).

E na festa de ontem: o tempo flertou com a toada. O mistério se envolveu com o nada. O amor se enroscou com o caminho. A valsa se engraçou com o vinho. E a noite, sempre oferecida, se deitou com todos os convivas. Linda, negra e muito bem vestida: luas e estrelas em tramas tecidas. Lá pelas tantas, veio a madrugada. E foi então que não faltou mais nada. Mas a quem interessar ainda possa: a brisa estava o fino da bossa! Por fim chegou o raio de sol. Sozinho... Só pra dourar a memória dessa história.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Feliz Felit


Com atraso de quase uma semana, posto algumas fotos da minha participação na 1ª Feira Literária de São Bernardo do Campo (Felit), dia 09 de agosto. As imagens são de minutos antes de eu começar a segunda leitura do Quem tem medo de papangu?. Foram três eventos reunindo, no total, cerca de 600 crianças. A meninada mandou muito bem e me fez um zilhão de perguntas sobre o livro, o papangu, minha relação com a leitura/escrita! Um dia inesquecível!!










Com o queridíssimo editor José Xavier Cortez e Maria Helena Negreiros, da Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Sobre o livro




“Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso, sem dúvida, é o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua vista; o telefone é extensão da voz; depois temos o arado e a espada, extensão de seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é extensão da memória e da imaginação”.

(Jorge Luis Borges)

quarta-feira, agosto 03, 2011

A chama de Chamie



Era um final de tarde de clima agradável na capital paulista e às 17 horas daquela sexta-feira, 27 de agosto de 2010, o porteiro anunciou minha chegada. Subi. Ao sair do elevador, vi que meu entrevistado já me aguardava à porta. Usava boina preta, camisa branca de manga comprida, calça e sapato sociais. No rosto, um sorriso largo me dava boas-vindas. A sala onde conversaríamos era um conjunto harmonioso composto por piso de madeira, estantes forradas de livros e paredes enfeitadas com quadros e pôsteres. Eu ainda não sabia, mas estava prestes a entender que, para além de um típico apartamento do Jardim Paulista, em São Paulo, aquele espaço era, na verdade, uma sofisticada máquina do tempo, elegantemente conduzida pelo poeta Mário Chamie.

Generoso, o autor de Lavra Lavra (1962), obra vencedora do Prêmio Jabuti, me concederia muito mais do que um simples depoimento para o livro no qual estou trabalhando, intitulado Rotas literárias de São Paulo – a ser publicado pela Editora Senac São Paulo. Dono de memória prodigiosa, Chamie me apresentou durante quase quatro horas as edições raras, fotografias, personagens, endereços e histórias que ajudaram a compor os points literários da maior metrópole brasileira nos anos 40, 50 e 60 do século XX. Professor experiente – tendo atuado durante décadas na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) –, o poeta conseguiu me transportar para ruas, bares, restaurantes, leiterias, livrarias e bibliotecas tradicionais do Centro de uma cidade tão linda quanto lírica.


Trilogia de Jamil Almansur Haddad sobre Castro Alves. Uma das raridades da biblioteca de Chamie.


Chamie também narrou seu espanto quando, aos 14 anos, recém-chegado de Cajobi, deparou com a grandiosidade da Biblioteca Mário de Andrade. Aos poucos, o susto inicial deu lugar à curiosidade e ao encantamento. Office-boy da empresa Cosmos Capitalização e estudante do colegial clássico na Escola Estadual Presidente Roosevelt, onde Décio de Almeida Prado era um dos professores, Chamie dedicava o tempo que restava à Biblioteca. Ali assistiria a palestras essenciais à sua formação, proferidas por autores como Albert Camus e Aldous Huxley.

Com o passar dos anos, vivendo e aprendendo em meio à Paulicéia Desvairada de Mário de Andrade, Chamie – que dizia que “Há Mários que vêm para bem, e dos Mários o menor que sou eu” – cresceu, escreveu e apareceu: de estudante e poeta iniciante passou a professor, crítico literário e autor consagrado de dezenas de livros. É o caso de Paulicéia Dilacerada (FUNPEC-Editora, 2009), que tem em Mário de Andrade o personagem principal. A obra conquistou, em 2010, o terceiro lugar no Prêmio Jabuti, categoria Contos e Crônicas. Chamie foi também secretário municipal de Cultura (1979-1983), quando exerceu papel fundamental na criação do Centro Cultural São Paulo, obra da qual se orgulhava muito.


Vários pôsteres dos filmes da cineasta Lina Chamie, filha do poeta, emolduravam o escritório.


Ainda jovem, nas andanças por ruas como a 7 de Abril, a Barão de Itapetininga e a 24 de Maio, se tornou amigo de escritores renomados, como Oswald de Andrade. “Era fácil se enturmar (...). A gente encontrava as pessoas, entregava originais de livros (...). Era uma coisa elegante. As pessoas liam esses livros e nos escreviam cartas dizendo o que achavam”, revelou o poeta.

Chamie também contou ótimas histórias que nada tinham a ver com o roteiro de minhas perguntas. Porém, quando o “causo” é tão bom que justifica o desvio de rota, quem se importa? E um dos “causos” dizia respeito a seu encontro com o poeta João Cabral de Melo Neto, que, à época, ocupava o posto de embaixador em Dacar, no Senegal. Chamie havia sido convidado para ministrar palestra na Sorbonne, em Paris, e, naquele tempo, para se chegar à capital francesa, os aviões que partiam do Brasil precisavam fazer escala em Dacar. Nessa ocasião, João hospedou Chamie em sua casa e, à noite, ambos conversaram horas a fio, à beira da piscina. “João tomava uísque e discorreu sobre os mal-entendidos, as interpretações equivocadas de sua poesia. Pedi permissão para gravar a conversa, que rendeu cinco fitas cassetes. O Estadão se interessou e publicou duas páginas”, relembrou.


Chamie na sala de seu apartamento, no momento em que autografava dois de seus livros pra mim.

No último dia 03 de julho, quase um ano depois de ter ouvido Chamie mesclar passado e presente, poesia e prosa, a imprensa noticiou que o poeta nos deixou. Será? Pois prefiro acreditar que partiu para flanar pelas rotas que bem desejar visitar, sempre iluminado pela chama entusiástica que emanava dele enquanto rememorava tudo o que mais amava.

terça-feira, agosto 02, 2011

O papangu vai à Feira!



No próximo dia 09/08, às 09h50, tem autógrafos e leitura do Quem tem medo de papangu? no Espaço FNLIJ de Leitura, na 1ª Feira Literária de São Bernardo do Campo, idealizada pela Secretaria de Educação em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ.

E no mesmo dia 09/08, das 14h às 15h20, estarei na Biblioteca FNLIJ para Jovens comandando um bate-papo com a criançada de 06 a 12 anos. Vamos falar sobre a trajetória do livro (desde a ideia do autor até a livraria), inspiração e processo criativo. Também contarei como surgiu o Quem tem medo de papangu?, intercalando tudo com leitura de alguns trechos do livro.

A Feira começou ontem e segue até dia 14 de agosto lá no Pavilhão Vera Cruz. Um evento gigantesco reunindo autores de literatura infantojuvenil de todo o país. Eu e o Papangu estamos felizes da vida por participar dessa verdadeira festa das letras! Para saber mais sobre o evento, é só clicar aqui.

quarta-feira, julho 27, 2011

O vício, o ofício e o voo

Tecer um texto é bordar avesso e direito, alargar conceito estreito, dar um nó em cada ponto, acentuar o encanto das figuras de linguagem, alinhavar os sentidos, cortar o excesso e juntar os retalhos que poderão ser usados em novo tapete mágico. Por que escrever é voar.

terça-feira, julho 19, 2011

Exposição na Livraria Cortez




Convido a todos para conferir a exposição de originais dos ilustradores do Estúdio A Caixa Mágica, os queridos Marco Godoy e Claudia Cascarelli. São 12 trabalhos extraídos dos livros recentemente ilustrados pelos artistas, todos publicados pela Cortez Editora. O evento acontece na Livraria Cortez, Rua Bartira, 317, no bairro de Perdizes, em São Paulo (ao lado da PUC). A exposição teve início ontem e segue até o dia 08 de agosto.

Só lembrando que a Claudia Cascarelli é a ilustradora do meu livro mais recente, o Quem tem medo de papangu?, que terá alguns de seus desenhos originais expostos no local (para minha imensa alegria!!). Sou fã de carteirinha do trabalho do Marco e da Cláudia, que têm o dom de transformar palavras em imagens encantadoras, sensíveis e cheias de poesia!

É uma exposição imperdível não apenas para as crianças, mas também para os adultos que apreciam essa arte imprescindível para o universo mágico dos livros infantojuvenis. Aqueça seu inverno com arte! Vá lá!

sábado, julho 09, 2011

Rio desvario




Quinta-feira estive no Rio. Um nublado desvario. Na Cinelândia onde toda a história foi escrita sem demora: na pena da boemia. À luz da noite e do dia. E logo mais e além, li a placa que dizia: “Cosme Velho”. Quem diria... E o que me deu? Ta-qui-car-di-a. Vontade de pedir ao taxista que me levasse àquela pista, que ao fim é o túnel do tempo. Deixei passar. Lamento... Essa minha covardia! Medo de perder a hora. O voo. O vão. Mas eu prometo voltar. E visitar o Shangri-la onde o Bruxo escolheu morar. E de lá explicou o universo. Mesmo gago e epiléptico. O saber não é estético (por vezes).

E ainda dentro do táxi, ouvi o motorista dizer “batuta”. Espanto. Escuta: acho que nunca tinha encontrado, cara a cara, essa típica pérola do dialeto carioca. Já ele se assombrou ao me ouvir dizer “toalete”. Olha só: empatamos. No uso de termos estranhos. E das entranhas do carro amarelo vi algo maior que um castelo: um Cristo de redenção. Batuque de coração. Pão-de-açúcar de ternura: doçura. Lagoa linda à esquerda: estreita! Porque muito menor que a emoção daquele momento. Profundeza de sentimento. Cidade símbolo e sonho. Maravilhosa verdade: beldade.

O Rio é como a palavra saudade. Só existe aqui. O Rio é a mulher brasileira: cheia de curvas e sempre de braços abertos. Paraíso ali de fronte, no monte. Desejo dos Dois Irmãos. Sempre tesos. Boquiabertos. O feminino das águas de sua baía, tão cantada em melodia. A devoção à Santa Teresa, onde ainda hei de estar: alto lá! Feliz. Subindo o morro de bonde. Turista sem diretriz. No Rio eu sou aprendiz. E quero um abraço bem largo: no Largo da Carioca, dos Guimarães, das Neves.

Quero conhecer a Lapa, os arcos, os botecos. O malandro que se acha esperto. O beco do Bandeira. Encanto. Ladeira. O Rio é o lírico infinito. O ritmo. O rito. Não vejo a hora de voltar. Pra lá. Deixa estar. Deixa ver. Quero observar a orla, o aterro, a Glória. Os garotos de Ipanema. E o galã da novela das oito: deitado, absorto, nas areias do Leblon. Porque sonhar é bom. Quero andar no calçadão. E me embriagar de ar. De cheiro de maresia. Poesia. E aí sim entrar no mar. Deslizando, devagar. E até lá, aquele abraço: embrulhado em lindo laço.

terça-feira, junho 28, 2011

Confissões poéticas

"Saibam todos que fora da poesia me sinto sempre um intruso. Torno a repetir o verso de Banville: Je suis un poète lyrique! Sim, sou sofrivelmente um poeta lírico: porque não pude ser outra coisa, perdoai... ".

Quem disse isso foi Manuel Bandeira, no livro Itinerário de Pasárgada, mas bem poderia ter sido eu. Em qualquer dia, em qualquer hora, em qualquer lugar... Sei que é uma audácia sem tamanho se equiparar ao dedo mindinho de Bandeira (perdoai!!!!). Mas quando li isso não consegui deixar de pensar o quanto essa confissão se encaixa em meus achismos íntimos como uma luva.

segunda-feira, junho 27, 2011

Sherazade no Sport’s Garden



Quando eu tinha vinte e dois anos, uma garotinha me perguntou:
“- O que você faz no seu trabalho?”
Ao que respondi:
“- Sou jornalista.”
E ao ver a cara de ponto de interrogação da menina, tratei de completar:
“- É mais ou menos assim: visito lugares, converso com pessoas, pergunto um monte de coisas para elas e, depois, escrevo essas histórias, que são publicadas no jornal”.
E a menina, sábia, lançou à queima-roupa uma definição muito mais eficaz para minha profissão:
“- Ah, tá... Então você é contadora de histórias!”
...
Pois é. Acho que sempre fui contadora de histórias. A diferença é que agora posso usar muito mais do que a palavra escrita para narrá-las ao público. Além da pena, do papel e do laptop, utilizo brinquedos, músicas e objetos variados que se transformam em qualquer coisa ditada pela imaginação. É maravilhoso exercitar a palavra acrescentando recursos múltiplos como gestos, risos, trejeitos e cantigas de infância – provocando uma interação riquíssima com os públicos infantil e adulto.




Estou convicta de que o contato com essa nova aventura já está me ajudando muito na criação de novas histórias para meus próximos livros infantis. E nesta quinta-feira, dia 30, concluo meu primeiro curso oficial de Contação de Histórias, ministrado pela professora Patrícia Ribeiro, no Senac Aclimação(com direito à diploma e tudo mais!:) Já as fotos deste post são de ontem, quando tive a oportunidade de exercitar essa arte milenar para o pessoal do condomínio onde moro. Foi mágico, para dizer o mínimo. Dias antes, contei uma das histórias para meus filhos e também para um amigo deles, o Mateus, que estava aqui em casa. Quando acabei a contação, recebi do Mateus um dos maiores elogios que alguém pode ganhar de um pré-adolescente. Ele disse, com todas as vogais e muito mais: "Nooooooossa, meu... Muuuuuuuuuito "da hora"'. Pra todo resto, tem Mastercard.