sábado, julho 09, 2011

Rio desvario




Quinta-feira estive no Rio. Um nublado desvario. Na Cinelândia onde toda a história foi escrita sem demora: na pena da boemia. À luz da noite e do dia. E logo mais e além, li a placa que dizia: “Cosme Velho”. Quem diria... E o que me deu? Ta-qui-car-di-a. Vontade de pedir ao taxista que me levasse àquela pista, que ao fim é o túnel do tempo. Deixei passar. Lamento... Essa minha covardia! Medo de perder a hora. O voo. O vão. Mas eu prometo voltar. E visitar o Shangri-la onde o Bruxo escolheu morar. E de lá explicou o universo. Mesmo gago e epiléptico. O saber não é estético (por vezes).

E ainda dentro do táxi, ouvi o motorista dizer “batuta”. Espanto. Escuta: acho que nunca tinha encontrado, cara a cara, essa típica pérola do dialeto carioca. Já ele se assombrou ao me ouvir dizer “toalete”. Olha só: empatamos. No uso de termos estranhos. E das entranhas do carro amarelo vi algo maior que um castelo: um Cristo de redenção. Batuque de coração. Pão-de-açúcar de ternura: doçura. Lagoa linda à esquerda: estreita! Porque muito menor que a emoção daquele momento. Profundeza de sentimento. Cidade símbolo e sonho. Maravilhosa verdade: beldade.

O Rio é como a palavra saudade. Só existe aqui. O Rio é a mulher brasileira: cheia de curvas e sempre de braços abertos. Paraíso ali de fronte, no monte. Desejo dos Dois Irmãos. Sempre tesos. Boquiabertos. O feminino das águas de sua baía, tão cantada em melodia. A devoção à Santa Teresa, onde ainda hei de estar: alto lá! Feliz. Subindo o morro de bonde. Turista sem diretriz. No Rio eu sou aprendiz. E quero um abraço bem largo: no Largo da Carioca, dos Guimarães, das Neves.

Quero conhecer a Lapa, os arcos, os botecos. O malandro que se acha esperto. O beco do Bandeira. Encanto. Ladeira. O Rio é o lírico infinito. O ritmo. O rito. Não vejo a hora de voltar. Pra lá. Deixa estar. Deixa ver. Quero observar a orla, o aterro, a Glória. Os garotos de Ipanema. E o galã da novela das oito: deitado, absorto, nas areias do Leblon. Porque sonhar é bom. Quero andar no calçadão. E me embriagar de ar. De cheiro de maresia. Poesia. E aí sim entrar no mar. Deslizando, devagar. E até lá, aquele abraço: embrulhado em lindo laço.

7 comentários:

Anônimo disse...

Linda crônica-poema.

Um dia ainda conheço esse Rio.

WF

poesia potiguar disse...

Vá, sim! Estou certa de que você vai gostar muito dele!

aloma&joel disse...

Nossa arrasastes Goimar !!!!
Não falei que me emocionaria???
Adorei a crônica... de tão perfeita se assemelha a um dos mais belos poemas parnasianos...
Olavo Bilac que o diga !!!
Não conheço o Rio ainda, mas contigo consegui viajar pelos mais fantásticos pontos turísticos da cidade maravilhosa, bem como consegui visualizar mentalmente os mais belos recantos ressaltados em nossa literatura, como tão bem falastes, lugares que foram referência até para o nosso ilustre Machado de Assis...

Parabéns amiga... te admiro cada vez mais...

Abração "Flor" !!!

poesia potiguar disse...

Oi, Aloma!

Valeu, querida! Que comentário mais gentil! Dá vontade de enquadrar e colocar aqui na sala! heheheh

Adorei saber que você conseguiu viajar comigo pelo Rio! Tô feliz da vida :)

Um beijo bem grandão, "flor"! hehehe

claudiatenbrinke disse...

Que lindo!

poesia potiguar disse...

Oi, Claudia!

Obrigada!!!!

beijão!

Anônimo disse...

Maravilha!

O Rio é " Como um Rio."
Me deu vontade de voltar lá.

Abraços

Dedé