quinta-feira, dezembro 31, 2009

Feliz Ano Novo!



Eu não estou no mar, ainda. Mas adoro essa foto, de 2006, e a considero perfeita para um dia em que tudo o que a gente quer é abraçar logo o futuro e as coisas boas que esperamos dele. Por enquanto, estou nas montanhas de Minas Gerais, no meu refúgio localizado em Santa Rita do Sapucaí, trabalhando muito na revisão da biografia do editor José Xavier Cortez, que concluí há uns 15 dias. Um trabalho enorme que ainda deve durar até fevereiro.

Sempre trago trabalho para as férias e não reclamo mais. Já me acostumei com essa correria todo o final/começo de ano. E se a correria e o cansaço são por conta de um livro novo, não tenho mesmo do que reclamar. Poder fazer o que se gosta é sorte. E das grandes. Além do mais, estou ao lado da minha família do coração, a do "Meu bem, meu Maurício" , que me aguenta já há uns 20 anos. O Natal passamos em São Paulo mesmo, dessa vez com minha família de sangue: mãe, irmã, sobrinha, cunhado, padastro e ainda os amigos do peito, pertencentes as famílias Mukai e Teramito. Foi tudo muito bom e divertido, como tem de ser.

Sábado caíremos na estrada novamente, com a bênção de Jack Kerouac, que era um viajante e tanto. E confesso que mal posso esperar porque visitarei cidades e estados com os quais venho sonhando há tempos. Em breve postarei fotos da aventura por aqui.

Espero que o ano de 2010 traga, sobretudo, muita saúde para todo mundo. Até porque é ela, a saúde, que nos permite conquistar todo o resto. Mas, nunca é demais querer que ela esteja acompanhada de paz, amor, alegria, felicidade, sucesso, trabalhos interessantes, viagens inesquecíveis.

São meus desejos, sinceros, para os poucos (e bons!) que sempre estão por aqui, há mais de três anos!



Em tempo: também estou feliz demais porque além das viagens, começarei o ano dando sequência à leitura de um romance maravilhoso, que ganhei do meu amigo Leo, é Antes do degelo, da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís (Guimarães Editores, 2004, Lisboa, 366 páginas). Comecei a leitura há dois dias e estou completamente alucinada com a escrita monumental de Agustina. Pena eu só ter tempo de lê-lo antes de dormir, uns poucos minutos. Mas, enfim, é um deleite que eu vou sorvendo aos poucos.

Em tempo II: deixo vocês com uma das minhas imagens preferidas deste Natal: minha sobrinha Verônica, linda, na varanda lá de casa. Um 2010 sensacional pra todo mundo!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Balanço




O fim do ano, do ciclo.
O começo do outro, o viço.
O futuro logo ali: a um passo.
Hora de rever os nós, os laços.
A vida é o ir e vir – e que venha!
Tema certeiro no peito: poema.
Translúcido vão do avesso: contexto.
Herança, fortuna, história: memória.
Um desenho sem compasso: abraço.
Um fluxo ou um lampejo? Um beijo.
Um mote de um bom roteiro: desejo.
O que vale é o infinito: de um dito.
E bom mesmo é navegar: no olhar.
Sem se esquecer do horizonte: de fronte.
E ter por guia o destino: caminho.
Faça chuva ou faça sol.
Sob a Lua ou sobre o Mar.
E a bênção se pede a quem?
A Deus, ao Buda, à Iemanjá,
Ao Cristo, a quem mais vier,
Ao profeta Maomé,
Aos ancestrais, aos Xamãs.
Às esperanças mais vãs.
De certo mesmo só há:
o hoje, o agora, o já.


Goimar Dantas
São Paulo,
23-12-09

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Desejo



Queria escrever uma poesia tão linda que só o coração ousaria pulsá-la.
Poesia fluindo na veia da palavra:
vermelha, profunda, dilatada.

Goimar Dantas
São Paulo
18-12-2009

domingo, dezembro 13, 2009

Oração para Adélia Prado



Adélia Prado, minha poeta preferida, faz aniversário hoje, 13 de dezembro. Mas, como acontece todos os dias, é ela quem me brinda com a sabedoria de suas palavras. E se tenho o espírito robusto, corado, saudável, devo em grande parte ao alimento magistral que é a sua poética.

Ainda pulsa em meu coração o impacto sentido ao ler "O poeta ficou cansado", poema de sua autoria, especialmente no trecho: “Ó Deus, / me deixa trabalhar na cozinha, / nem vendedor nem escrivão, / me deixa fazer Teu pão. / Filha, diz-me o Senhor, / eu só como palavras.”

Assim como Manuel Bandeira, Drummond, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos, Adélia me revelou a força da poesia em suas nuances mais brutas e lapidares. A palavra como pão, alimento, epifania, começo, meio e fim. A palavra como instrumento do sagrado e do profano, como expressão mística e fé.

Desde então, tive certeza: minha religião é a poesia. Minha Igreja é o livro. Só a palavra me salva, me redime, me oferece a transcendência. Pecado é não escrever, não ler, não querer conhecer. Paraíso é o texto capaz de tocar o coração do outro. Inferno é ser malsucedido nessa intenção.

No Reino das Palavras entendi que Adélia é Santa e eu, discípula: sedenta de verbo e metáfora - que são a hóstia e o vinho dos poetas. E assim, tudo o que peço é que após cada comunhão eu receba, iluminada, o divino e o altíssimo, o Deus do dito e não-dito que se chama Inspiração. Amém.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Meu campeão


Meu campeão, lindão... Já no final do exame, com a faixa verde e a medalha.

No último sábado, dia 05, Yuri encheu a família de orgulho. Conquistou a faixa verde no Karatê (agora faltam as faixas marrom ponta branca e marrom, antes de ele conseguir a cobiçada faixa preta). O exame começou às 10 horas da manhã e seguiu até às 13h. Logo de cara, Yuri iniciou a bateria de testes com um aquecimento de guerra: 500 polichinelos, 30 flexões, 150 abdominais e não sei mais quantos exercícios.


Yuri apresentando o Kata (espécie de coreografia com os movimentos característicos de cada uma das faixas).

Depois do Kata, cada aluno tinha de colaborar com o exame do outro, servindo de oponente em inúmeras lutas, de modo que todos pudessem mostrar os golpes que aprenderam.


Yuri voando, digo, golpeando com as pernas.

Quanto mais avançado o aluno, mais longo é o processo de avaliação. Por isso, Yuri foi um dos últimos a ser avaliados. Mesmo estando cansadíssimo, precisou lutar mais nove vezes.


Como sempre, não escapou de lutar com o seu professor que se chama... Iuri! Nessa foto péssima de tão tremida, professor e aluno lutam. Enquanto isso, "meu Yuri" recebia incentivos e dicas de Jacó, outro professor da turma, que gritava: "Vai, Yuri! Use o golpe "x"!Defenda o rosto etc".

Meu filho entrou no Karatê superpequeno, com seis anos e, desde então, tem aulas com Iuri, que vem acompanhando seu desenvolvimento de perto. No começo, só queria saber de correr e brincar durante as aulas. Mas, agora, que está adolescente, tem arrasado e até ganhou uma medalha pelo desempenho nas aulas. Muito fofo.


Yuri com seis anos, ainda faixa branca, no dia do exame que lhe daria a faixa laranja.

Tirei centenas de fotos das lutas propriamente ditas, mas ficaram péssimas: primeiro porque eu tremia feito vara verde, segurando o choro, tamanha a tensão por ver meu filho passando por aquele verdadeiro ritual de sacrifício típico dos exames de lutas marciais. Depois porque, ao invés de deixar a máquina no automático, fui dar uma de
gostosa e usar fotometria(!)

E usar fotometria em esporte, com todo mundo se mexendo o tempo todo, saindo do foco, pulando... É pra quem pode. Pra quem tem muita técnica e muitos anos de estrada na fotografia. E eu, que acabo de terminar o curso básico, paguei o maior mico.

Mas, como dizem: vivendo e aprendendo, né?


Para finalizar, vemos Yuri e seu mestre Iuri, na foto clássica pós-exame de faixa.

Orgulho da mamãe!

terça-feira, dezembro 01, 2009

Lolita Cravo e Canela



Foram mais de 600 clicks para chegar as 10 fotos exigidas para a exposição de "Lolita Cravo e Canela", meu projeto final no Curso Básico de Fotografia, realizado durante quatro meses no Senac Lapa Scipião, em São Paulo. Em meio ao processo de escrita da biografia do editor José Xavier Cortez, que tem me tomado no mínimo 8 horas por dia, a experiência de bancar a fotógrafa foi, por assim dizer, tão maravilhosa quanto desgastante.

Para chegar a esse número superlativo de clicks, fiz cinco ensaios fotográficos com minha filha, Tailane(Tatá) Morena, de longe minha modelo favorita. A cada sessão de fotos, Tatá agia do mesmo modo, sempre me oferecendo doses generosas de paciência, cumplicidade e, por que não dizer, profissionalismo. Todas as sessões foram realizados à noite ou nos finais de semana e, mesmo assim, Tatá estava sempre pronta a sugerir poses, criticar, dar sugestões (mesmo após enfrentar cinco horas de aula, curso de dança, coral, lição de casa).

Devo tudo a ela, à sua beleza exótica e à sua infinita capacidade de fazer com que eu me reinvente sempre. As 10 fotos selecionadas para o projeto já estão disponíveis na minha galeria do Flickr. Para vê-las basta clicar aqui. Lembre-se de que, chegando lá, você pode clicar sobre as fotos para vê-las ampliadas.


Essa foi uma que ficou de fora da seleção final.

No decorrer dos dias, vou inserir mais algumas fotos no Flickr, uma vez que, por falta de espaço, acabaram ficando fora da edição final do projeto (como essa aí de cima, que eu adoro). Até porque cada aluno tem direito a inserir, no máximo, 10 fotos na exposição, que será realizada na própria escola, a partir de janeiro.

Juntamente com a professora Rita Domiciano, todos os alunos contribuíram com opiniões para a escolha das fotos do grupo. Foi um sufoco chegar a um número tão reduzido, tamanha a qualidade e variedade de temas da turma. Cada aluno fazia sua própria "primeira edição" e levava cerca de 60 fotos para a turma analisar. Um processo de muito aprendizado, sem dúvida.

Abaixo, mais uma foto escolhida para o projeto final, seguida de um pequeno trecho extraído da fundamentação teórica deste trabalho:



"O ensaio fotográfico Lolita Cravo e Canela pretende render homenagem ao romance Lolita, obra-prima do russo Vladimir Nabokov. Lançado em 1955, o livro é considerado um dos textos fundamentais da literatura do século XX.

A ideia é oferecer um passeio fotográfico pelo romance nobokoviano por meio da releitura imagética de sua protagonista, cuja plástica foi originalmente criada para atender ao ideal clássico de beleza norte-americano: uma ninfeta loira, de olhos claros e cabelos lisos. Neste ensaio, a ideia foi brincar com esse estereótipo, apresentando uma Lolita, por assim dizer, tipicamente brasileira, fruto de miscigenação entre portugueses, negros e índios. Uma jovem que bem poderia, daqui a alguns anos, servir de intérprete a outra personagem forte, mas dessa vez, da literatura nacional: a heroína Gabriela Cravo e Canela, do romance homônimo de Jorge Amado.

Utilizamos como referência as cenas clássicas presentes no romance e que, por sua vez, também serviram de inspiração aos dois cineastas que levaram o livro às telas. Stanley Kubrick, em 1962, foi o primeiro a fazê-lo, optando pela filmagem em P&B, o que propiciou uma abordagem imagética mais clássica, elegante e, nem por isso, menos perturbadora. Já Adrian Lyne, na refilmagem de 1997, em cores, explorou um lado mais solar da protagonista, valorizando, principalmente, as impressões recebidas pelos leitores na primeira metade do romance de Nabokov. A nosso ver, os dois pontos de vista são corretos e complementares, de modo que vimos como interessante a possibilidade de unir as duas propostas: fotos em cores e em P&B.

Para concretizar este ensaio tomamos como base as seguintes obras:

1.Lolita, Vladimir Nabokov, Companhia das Letras, 1998.
2.Lolita, Stanley Kubrick, 1962, EUA.
3.Lolita, Adrian Lyne, 1997, EUA.
4.Alice in Wonderland, Vogue USA, december 2003 (Annie Leibovitz and Natalia Vadinova).

segunda-feira, novembro 23, 2009

Senso sem direção




Eu me desdobro: origâmica.
E me azulejo: cerâmica.
Escorro em lava: vulcânica – sobre você.

E então me vejo: reflexo.
Um Rio Tejo em seu fluxo,
Cujo desejo (profundo) é se misturar ao mar.

Um oceano nostálgico
De águas salgadas, febris.
E correntezas incertas,
Ondas gigantes e hostis.

E ainda assim eu me entrego,
Submergindo, me enredo:
Sereia plena, feliz...

Espécie de néctar, fruta:
Pra sorver absoluta
Na boca da tua noite.

Sumo pra suar em febre
E entranhar em sua pele:
esse horizonte,
fronteira.
Penhasco,
abismo,
ladeira.
Avesso do meu direito,
onde espero me perder.


Goimar Dantas
São Paulo
27-08-09

quarta-feira, novembro 18, 2009

A hora e a vez de José Xavier Cortez



O editor potiguar José Xavier Cortez, há 43 anos radicado em São Paulo, faz aniversário hoje e um dos presentes que recebeu foi esse trailer do documentário O semeador de livros, em fase final de edição. O roteiro, que traz à tona a trajetória cinematográfica da vida de Cortez, é de Heloisa Dias Bezerra e Wagner Bezerra, que também assina a direção.

Além desse documentário e da biografia, que escrevo em co-autoria com a socióloga Teresa Sales, Cortez será, em 2010, a estrela maior das comemorações dos 30 anos da tradicional Cortez Editora, criada por ele e especializada na publicação de livros acadêmicos, muitos deles voltados às áreas de educação e serviço social.

Haja coração, hein, seu Zé di Mizaé!?

segunda-feira, novembro 16, 2009

Meu bem, meu Mau(rício)


Meu bem, meu "Mau", que faz aniversário hoje, recebendo pela sétima vez consecutiva, em nome do Senac, o prêmio Top of Mind.



Ele não precisa ler muito, pois sabe tudo.
Já eu preciso ler tudo, pois não sei nada.
Ele é introspectivo, preza o silêncio e a reflexão.
E eu sou filha da história, Sherazade de formação.
Ele luta Kung fu, enquanto eu pratico Yoga.
Ele se expõe em planilhas e eu em versos e prosa.

Ele sabe contar, calcular a porcentagem!
E eu? Ora, eu sei narrar, escrever, falar bobagem.
Ele prefere o campo e eu, se sonho, é com o mar.
Ele dorme no avião(!) e eu só faço rezar.

Ele se impõe no olhar, eu me apóio na oratória.
Ele é rei da concisão e eu da dissertação.
Ele comanda 30 e eu não chefio ninguém.
Ele enxerga o hoje e eu só vejo o além.

Na emergência, ele é mansidão – já eu viro tempestade.
No dia a dia, sou mais calma, ele grita por bobagem.
Ele dirige em São Paulo, em Minas, nas rotas do litoral.
Eu me perco no bairro, a pé, indo à banca de jornal.

Ele negocia o mundo, multiplica, contrata, demite, produz!
E eu? Eu fico em casa escrevendo, bastando um facho de luz.
Ele usa terno e gravata, gel no cabelo, perfume importado.
Eu uso saia de algodão, com renda, florzinha e babado.

Ele é “João Balalão, senhor capitão, capote vermelho, chapéu de galão, espada na cinta, ginete na mão, João Balalão, Balalão, Balalão”.
E eu sou “Senhora Dona Sanja, faz favor de entrar na roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora!”.

No jogo ele grita “Goooooooooool”! E eu sequer presto atenção.
Na música ele desafina e eu sou pleno pulmão.
No amor ele é puro instinto, força física, paixão!
E eu pulso na poesia, romantismo e coração.

Ele é a minha lógica, minha dose de razão.
Ele é o mundo lá fora, puro poder, explosão!
E eu? Meu Deus... O que eu sou?
Só uma moça do sertão.

Goimar Dantas
São Paulo
Setembro/2009

sábado, novembro 14, 2009

O capitão e a sereia



Na última quinta-feira fomos assistir ao excelente espetáculo O capitão e a sereia, direção de Fernando Yamamoto, no teatro do Sesi Vila Leopoldina, aqui em São Paulo. A peça é uma adaptação do livro homônimo do talentoso escritor e ilustrador André Neves, feita pela companhia potiguar Clowns de Shakespeare.

Há anos eu não tinha acesso a uma apresentação teatral tão impregnada de lirismo, poesia e musicalidade. Acho que minhas últimas experiências nesse sentido ocorreram à época da faculdade de jornalismo, quando vi o inesquecível – e consagrado – Romeu e Julieta, de Gabriel Villela, encenado em uma praia de Santos, em pleno sábado à tarde. Pouco tempo depois, pude conferir, na mesma cidade, O auto da paixão, de Romero de Andrade Lima, numa explosão impressionante de criatividade, ritmo e performance cênica, no histórico Teatro Coliseu.



A trupe potiguar não só me presenteou com essas lembranças de juventude como me mostrou sua própria forma de fazer lirismo, cantando, tocando, dançando e narrando histórias pelas vias do coração. Um coração que, no caso específico do texto encenado, batia ao som dos ritmos do mar e do sertão.



Devo confessar que fiquei especialmente tocada pelo fato de a trupe ser potiguar, não apenas pela imediata identificação que essa conterraneidade provocou entre mim e os integrantes do grupo, mas por ter a rara possibilidade de encontrar expositores tão qualificados da cultura do Estado onde nasci, mas que, infelizmente, conheço tão pouco.



Tê-los se apresentando num teatro que fica a poucos metros da minha casa, em temporada que vai até 29 de novembro, me dá a sensação onírica de que o meu Estado, na verdade, são as pessoas que o compõe, e elas – graças aos céus! – têm asas. No caso da trupe dos Clowns de Shakespeare, as asas da arte, da paixão, da poesia e da imaginação.



E que venham outras temporadas aladas!

terça-feira, novembro 10, 2009

Faça yoga antes que você precise...



É verdade. Ando muito cansada. Mas, chova ou faça sol, duas vezes por semana, há quase seis anos, eu paro tudo e vou pra aula de yoga. Por quê? Ora, porque eu sou brasileira e não desisto nunca.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Habitat



Simplesmente adorei fazer esse clique, na Rua da Pólvora, bairro da Liberdade, em São Paulo.

domingo, novembro 08, 2009

Sabedoria borgeana



Essa semana entrevistei o professor José Castilho Marques Neto, diretor-presidente da Editora Unesp. A despeito de sua agenda lotada e de seu tempo escasso, Castilho permaneceu comigo uma hora. Tempo em que narrou histórias deliciosas sobre meu biografado, José Xavier Cortez.

Ao entrar em sua sala, fiquei impressionada com esse quadro e, principalmente, com a frase nele estampada. Jorge Luis Borges é um dos meus escritores preferidos e, assim que terminei a entrevista, pedi a Castilho autorização para fotografar o quadro.

O professor não só me deu permissão como contou, entusiasmado, como e onde adquiriu esse souvenir maravilhoso do autor argentino. Embora, de longe, pareça um pôster de papel, trata-se de um tecido, comprado na Feira de Antiguidades de San Telmo, em Buenos Aires e, posteriormente, enquadrado por Castilho.

Por falar muitíssimo, preciso, mais do que ninguém, refletir sobre essa frase. Quem me acompanha?

sábado, novembro 07, 2009

Prêmio Jabuti 2009


Yuri e Tatá - lindos - na Sala São Paulo, no último dia 04, na entrega do Prêmio Jabuti 2009.


E o melhor da noite, na minha opinião, foi a escolha do Livro do Ano, categoria Não-Ficção. Quem levou foi a genial Marisa Lajolo, juntamente com João Ceccantini, pela obra Monteiro Lobato - Livro a livro, das editoras Imprensa Oficial e Unesp. Tenho um respeito profundo pelo trabalho da professora Marisa. Um dos meus sonhos de consumo é ter aula de crítica literária com ela. Quem sabe um dia, no doutorado? Seus estudos, voltados à análise da literatura infanto-juvenil brasileira, são obrigatórios para quem estuda ou se interessa pelo tema.

Já na Categoria Ficção ganhou Moacyr Scliar por Manual da paixão solitária. Não sei o livro, mas o título é ótimo, né não?


Mara, Júlia e Ednilson, da Cortez Editora: melhor companhia impossível! Adoro esses três!! Isso sem falar no humor inteligente e afiado da Mara, com seus comentários impagáveis durante todo o Prêmio! :)


Adoro eventos literários não apenas pelo que representam, mas também por poder encontrar amigos como Paulinho Monteiro, da época em que trabalhava na Secretaria de Educação. Hoje, Paulinho é membro da competente equipe da Imprensa Oficial do Estado que, por sinal, vem fazendo um trabalho incrível no ramo de edição de livros. Não à toa, nos últimos cinco anos, vem faturando, merecidamente, várias estatuetas do Prêmio Jabuti.

Em 2004, Paulinho cansou de me ver chorar por conta dos trâmites absurdos e demorados que envolveram o processo de adoção da Tatá. Eu vivia mostrando fotos dela para ele, que acompanhou toda a história, durante um ano, torcendo para que tudo desse certo. Quando finalmente a adotei, eu já não trabalhava mais na Secretaria e Paulinho acabou não tendo oportunidade de conhecê-la. O encontro entre os dois só aconteceu quase cinco anos depois, nessa festa da entrega do Jabuti. Foi lindo vê-lo emocionado por rever o Yuri e, finalmente, por poder conhecer a Tatá.


Tenho paixão por essa moça. É Carolina Vilafranca que, para o meu orgulho, começou a carreira como minha estagiária. E lá se vão 11 anos em que ela arrasa como assessora de imprensa especializada em mercado editorial. Linda, linda... Ainda me lembro de ficar puxando as orelhas dela sempre que Carol emendava as baladas com o trabalho. Nunca entendi como alguém pode passar a noite em claro e, no dia seguinte, trabalhar o dia inteiro, simpaticíssima, como se nada tivesse acontecido. Carol era assim: um arsenal de sorrisos e delicadezas, todo dia, toda hora, chovesse ou fizesse sol. Hoje a moça é casadíssima e, se passa noites em claro, é pra cuidar da fofa da Marina, sua filhinha.

Foi um noite linda!

quarta-feira, novembro 04, 2009

Yellow childmarine



Tô precisando de um refresco. Então lembrei dessa foto que tirei na Washington Square, em Nova York.

No fundo e na superfície, acho que o calor é uma eterna criança:
tem a alma solar e amarela.
Bem amarela.
Nasceu pra brincar
e vive chamando a gente pra fazer o mesmo.
Quem vem?
Quem vai?
Tá pensando muito... Ai, ai, ai...

segunda-feira, novembro 02, 2009

Entre os muros da escola



Queria muito escrever mais sobre o ótimo filme Entre os muros da escola (Entre les murs), do diretor Laurent Cantet, mas a falta de tempo não permite. Há meses estava querendo assisti-lo, mas só ontem consegui. Adoro filmes cuja temática é educação, escola, aprendizado. Entre os muros da escola, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, 2008, impressiona pela abordagem contundente das questões que, hoje, são cada vez mais universais.

Temas como racismo étnico, pobreza, falência do sistema educacional, dúvidas, conflitos, acertos e erros dos professores, as mudanças que a sociedade ocidental provoca no comportamento cada vez mais rebelde e belicoso dos alunos, os desafios de conquistar a atenção desses adolescentes em sala de aula... Tudo é abordado com um realismo impressionante. Palmas também para as interpretações sublimes do professor -que, na realidade, é o autor do livro que deu origem ao filme - e dos estudantes, envolvidos em cenas arrebatadoras, conquistadas graças ao interessante método de trabalho desenvolvido pelo diretor.

Saiba mais sobre o fime assitindo a entrevista com Laurent Cantet, no vídeo acima.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Liberdade



No último sábado, minha aula do curso de fotografia aconteceu no Bairro da Liberdade, em São Paulo. O objetivo era realizar o segundo ensaio fotográfico do curso (o primeiro foi no Bairro de Higienópolis). Adorei, pra variar. Já tinha ido à Liberdade outras vezes, mas não em missão tão especial. Essa foto da Jardim Oriental, localizado no Largo da Pólvora, é minha preferida.




Impressionante como a gente apura o olhar estudando fotografia. Veja como são lindos esses origamis de uma das barraquinhas da tradicional feirinha de artesanato, que acontece no bairro, todos os sábados.



E ando tão apaixonada pelo curso que contagiei meus filhos e eles têm ido às aulas comigo. O Yuri já foi duas vezes e a Tatá se animou pra acompanhar o passeio no sábado. Eu não sabia se fotografava ou se ficava de olho neles, para que não se perdessem em meio às milhares de pessoas que transitam pelo bairro aos sábados. Mesmo assim, valeu! Eles amaram o tour fotográfico e também aproveitaram para fazer vários clicks. Já eu, fiz quilos de fotos dos dois e adorei o efeito "mosaico" dessa imagem.




Esses charmosos postes de luz são a marca característica do bairro, cujo comércio é exepcional para quem ama cultura japonesa: resturantes, karaoquês, lojas de produtos alimentícios tipicamente orientais e bancas de revista especializadas em mangás. Fiquei curiosa quando vi camelôs vendendo só filmes nipônicos. Não faço ideia dos temas...



E o que dizer dessas pombas sobre a placa da Rua da Pólvora? Mais Guerra e Paz, impossível.



Bonachão e zangadão...


Minha rainha é "shiny happy people..."


E meu rei também...

segunda-feira, outubro 26, 2009

Pa(i)radoxo

(Para meu pai, Pedro Dantas, que faria 65 anos hoje).



Quanto mais os anos passam
suas garras afiadas
sobre o que lembro de ti,
mais o teu rosto vívido
toma a minha memória,
vence o tempo
e escapa, ileso,
do vão do não-existir.

Goimar Dantas
São Paulo
26-10-09



Ah, pai! Olha só o que eu achei: uma das suas músicas preferidas! Aquela do Festival MPB-80. Lembra?

sexta-feira, outubro 23, 2009

Alice: criador e criatura


Alice Liddell, encarnando a menininha maltrapilha, em 1859.

Estou completamente apaixonada por essa foto de Alice Liddell, publicada no livro Lewis Carroll, da incrível coleção Photo Poche, editada na França. A obra reúne as principais fotografias do multifacetado Charles Lutwidge Dodgson, que se tornou conhecido pelo pseudônimo com que assinou o celebrado Alice no País das Maravilhas.


Charles Lutwidge Dodgson, captador por Oscar Gustav Rejlander, 28 março de 1863.

Além de professor de matemática, escritor, criador de enigmas, jogos de lógica e apaixonado por ilusionismo, Carroll atuou como fotógrafo durante 25 anos, em um tempo em que essa arte/técnica ainda estava em seus primórdios.

A capa do livro.

É inegável sua capacidade de captar a expressão mais perturbadora das inúmeras meninas que retratou ao longo da vida, sendo a mais famosa delas, a própria Alice Liddell, musa inspiradora de seu livro mais conhecido.


Xie (Alexandra) Kitchin (1875).

Também gostei muitíssimo dos retratos da linda Xie (Alexandra) Kitchin, que Carroll produziu amiúde.


As irmãs Edith, Lorina e Alice (1859).

A introdução do livro é maravilhosa, reunindo inúmeras informações interessantes sobre a vida, a arte, os dilemas e polêmicas que envolveram a vida de Carroll. Praticamente uma minibiografia do artista. Um deleite que, infelizmente, terei de devolver para a biblioteca. Vou tentar comprar via internet porque é uma obra obrigatória para quem gosta desse misto de literatura, biografia e fotografia. Não dá pra não ter.

Para saber mais sobre Carroll clique aqui. Você também poderá acessar outras de suas fotos aqui.

quarta-feira, outubro 21, 2009

O semeador de livros vem aí!


O editor José Xavier Cortez, à esquerda, personagem da biografia prevista para 2010, que assinarei em parceria com a historiadora Teresa Sales, e o documentarista Wagner Bezerra, no último dia de gravação do documentário "O semeador de livros", com lançamento previsto para dezembro. Abaixo, reproduzo a íntegra da matéria veiculada ontem no Publishnews, revista eletrônica especializada em notícias do mercado editorial.

A saga do editor e livreiro José Xavier Cortez (Cortez Editora/SP), uma epopeia sobre a vida de um nordestino que fez dos livros a sua própria história, é contada no documentário “O semeador de livros”, viabilizado pela Lei Câmara Cascudo, (processo 025/2007) da Fundação José Augusto, do Governo do Rio Grande do Norte, para incentivo à cultura. O projeto captou patrocínios da ordem de R$ 260.000,00, sendo R$164.000,00 da Cosern - Companhia Energética do Rio Grande do Norte e R$ 96.000,00 da Petrobrás.

Com lançamento previsto para dezembro de 2009, o documentário dirigido por Wagner Bezerra que, também assina o roteiro com Heloísa Dias Bezerra, tem realização da Ciência & Arte Comunicação e co-realização da TV Puc ­ SP e encontra-se em fase de finalização. O filme será distribuído gratuitamente para instituições públicas de ensino, bibliotecas, videotecas públicas do Rio Grande do Norte e veiculado pela TV PUC - SP e TVs universitárias e educativas de todo o Brasil. Narrado em 1ª pessoa, o documentário mostra os caminhos percorridos pelo editor, que, ainda muito jovem, deixa a então pequena cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, em direção ao sul maravilha, embalado pelo sonho de vencer na vida.

O documentário descreve, ainda, o engajamento do Cortez em causas político-sociais, como a participação na famosa "Revolta dos Marinheiros" que levou a sua cassação e expulsão da Marinha do Brasil. A preocupação com os dilemas da sociedade brasileira que sempre fizeram parte da sua vida, como no episódio em que teve a livraria assaltada e ofereceu livros infantis ao chefe do grupo, proferindo a frase "leva isso pros seus filhos, que assim eles terão uma vida diferente da sua", o que foi prontamente aceito pelo infeliz sujeito, que deixou o local com os braços cheios de livros.

Ele revela, ainda, as dificuldades típicas dos humildes migrantes que saem da região norte-nordeste, se instalam em São Paulo e batalham para conseguir o primeiro emprego, o que, no caso de Cortez, aconteceu em um estacionamento como lavador de carros e depois manobrista. Descortina também o modo generoso como a pauliceia abre os braços para seus filhos adotivos, mostrando as proezas do jovem livreiro nos anos 70, quando fazia de tudo para conseguir atender os pedidos de professores e estudantes interessados em adquirir livros censurados pelo regime militar.

No media metragem tem destaque a grande amizade com renomados intelectuais que, nos anos de chumbo, faziam da PUC/SP um centro de resistência à ditadura. Como por exemplo, o escritor Paulo Freire e o cientista social Jose Paulo Neto, dentre muitos outros. O sucesso e o reconhecimento de Cortez ficaram atestados em 2005 quando foi condecorado com o título de cidadão paulistano, concedido pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. A transição da função de livreiro de confiança dos alunos e professores da PUC, para editor campeão de vendas, a história de uma vida de dificuldades e glória construída lado a lado com paixões que vieram da infância: a família, os livros, a educação e o forró nordestino, são destaques do filme.

terça-feira, outubro 20, 2009

Assinado eu



Sinceramente, minha vontade é colocar todos os clipes e músicas da Tiê aqui no blog. Essa, por exemplo, é tão linda quanto triste... Mas esse último adjetivo jamais poderá desmerecê-la. Ao contrário: talvez seja exatamente por conta dele que a canção é tão especial. Pelo menos para mim.

sábado, outubro 17, 2009

sexta-feira, outubro 16, 2009

Um passarinho me contou...



Fiz essa foto há meses, à frente da tradicional Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, e considerei adequada para ilustrar esse post. É que estou achando divertida essa brincadeira de Twitter. Quando crio esses textos que permitem, no máximo, 140 caracteres, minha preferência é discorrer sobre escrita, leitura, poesia, fotografia, biografia... No fundo e na superfície, tudo isso sou eu - só que em grau máximo de concisão - coisa que até então eu considerava impossível de acontecer :) E dentre os mais de 100 tweets que já postei até agora, meus preferidos são esses:


1. Quanto mais escrevo, mais me convenço de que o único jogo que considero verdadeiramente importante é o de palavras.

2. Minha cruz e a minha espada são a escrita e a leitura. E eu passo a vida entre as duas: maior deleite não há.

3. A escrita organiza, expõe e liberta, para o mundo, ideias antes restritas a uma única cabeça. Escrever é, também, um ato de doação e amor.

4. Proposta: E no frio deste Outubro: te cubro. Com o calor que vem do meu ser tão...

5. Não importa se hoje é dia 30. O fato é que o mês de setembro, em mim, nunca chega ao fim.

6. Nem bem sinto cheiro de chuva, floresço. Destino que vem de berço: meu pai também era assim.

7. Quanto mais trabalho em meus textos, mais me comovo com a verdade contida na frase de Osman Lins: "Escrever é uma guerra sem testemunhas".

8. Receita para me tirar do sério: acordar cedo, comida fria, toalha mollhada e reunião adiada...

9. Talvez por ser do sertão e por estar na hora do café, me ocorre uma adaptação p/ o Pai Nosso: "A tapioca de cada dia nos dai hoje".

10. A Primavera, quem diria, está tendo um caso com o Inverno que, mesmo frio e calculista, resolveu ficar mais um pouco... Ah, o amor...

11. Dia Mundial sem carro? Pra mim é só mais um porque nunca tive nem carro nem senso de direção.

12. Escrever biografia é viver a vida do outro com tamanha intensidade que resta ao escritor a saudade do seu próprio dia-a-dia.

13. E o melhor de fazer entrevista é ver outra vida sendo revista.

14. Sertanejo, roceiro, minerador, marinheiro e manobrista que virou editor. Quem é? É José Xavier Cortez: brasileiro que não desiste nunca.

15. Escrevendo pelas paredes: peixe livre de rede. Sereia que busca encantar. Carne querendo ser verbo. Nome carregando o "Mar".

16. Quebrando a cabeça com os exercícios da aula de fotografia. Troco o filme "Quero ser John Malkovtch" por "Quero ser Annie Leibovitz".

17. Sempre que esses dilúvios fazem de “São Paulo” um mar, me pergunto se “São Pedro” não seria um nome melhor para este lugar...

18. Está acabando a segunda que, no fundo, foi um domingo "segundo".

19. Inconfidente, eu confidencio: em Minas, minha liberdade, ainda que tardia, é poder ler e escrever em demasia. É anoitecer à luz da poesia.

20. Hoje viajo pra MG. E viagem sempre me traz poesia. Aliás, poesia está em "quase" tudo: ainda não descobri a poesia de fazer as malas...

21. De repente, fez-se noite... E as nuvens, sofrendo açoite, choram lágrimas no ar. Então, São Paulo, que é pedra, se desmancha e vira mar.

22. Procuro, aflita, passaporte pra Pasárgada: não precisa eu ter morada, basta um lugar pra eu sorrir.

23.Setembro começa com uma pergunta que não quer calar: por quantas horas um pesadelo pode durar?

segunda-feira, outubro 12, 2009

O primeiro livro a gente nunca esquece...




O caso da Borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida, Coleção Vaga-lume, 1981, Editora Ática, foi o primeiro livro que li na vida. Lembro de que assim que concluí a leitura, entendi que dedicaria minha vida às palavras.

E neste dia das crianças, fiz essa foto como uma homenagem singela ao livro, à autora, que nos deixou em 2005, à Editora Ática, que contribuiu sobremaneira para que minha infância fosse ainda melhor e, finalmente, à menina que sempre existirá em mim.

sábado, outubro 10, 2009

Do sertão para o mundo



Acabo de ser informada de que a foto acima, tirada no último mês de junho no Smithsonian National Museum of Natural History, em Washington DC, foi escolhida para integrar a nona edição do Schmap Washington DC Guide, um guia distribuído gratuitamente na capital dos Estados Unidos.

A editora da publicação, Emma J. Williams, entrou em contato comigo há menos de um mês comunicando que a foto, encontrada na minha galeria no Flickr, havia sido pré-selecionada para compor o guia, mas ainda faltava a seleção final, que ocorreria no começo de outubro. A editora também pedia minha autorização para uso da imagem, caso tudo desse certo. Eu cedi os direitos, claro. Comecei a fotografar há pouco tempo, sem pretensões profissionais, mas, mesmo assim, seria ótimo ter uma imagem divulgada em uma publicação internacional.

Estou muito feliz com a notícia e, definitivamente, acho que esse negócio está ficando deliciosamente sério :)

terça-feira, outubro 06, 2009

Annie e Alice: fonte de inspiração


Primeira foto do ensaio de Annie Leibovitz, inspirado em Alice no país das maravilhas.

Estou pesquisando ensaios fotográficos fundamentados em obras literárias, como parte do meu projeto final do curso básico de fotografia. A ideia é que eu adquira as referências necessárias para compor meu ensaio sobre a obra Lolita, de Vladimir Nabokov.

A primeira dica da minha professora foi: "Veja o ensaio que Annie Leibovitz produziu para a Vogue americana, que teve como base o clássico Alice no país das maravilhas", de Lewis Carroll. Eu vi... E, desde então, não consigo tirar as imagens da minha cabeça: o ensaio é uma obra de arte e ponto.

Aliás, desde que iniciei meus estudos sobre fotografia, tenho pensando muito nessa linha tênue entre arte e técnica. Minha conclusão é de que arte deriva do encontro privilegiado entre inteligência, paixão e sensibilidade e cujo resultado é capaz de emocionar/inspirar pessoas. E da mesma forma que nos inspira, a arte também nos acomete daquela vontade irrefreável de compartilhá-la, fazendo com que outros possam sentir as mesmas sensações positivas que nos arrebataram quando deparamos com ela. E é por esse motivo que compartilho o ensaio de Annie Leibovitz. Para vê-lo, é só clicar aqui.

domingo, outubro 04, 2009

Henri Cartier-Bresson e os momentos decisivos



Ontem foi um dia muito especial. Na aula de fotografia decidi, com a ajuda da minha professora Rita Domiciano, qual seria meu projeto final, o qual preciso entregar no término de novembro. Eu tinha umas mil e quinhentas ideias, mas todas possuíam a mesma temática: literatura. Munida de experiência e da paciência que lhe é peculiar, Rita ouviu meus planos mirabolantes e arrematou-os com uma sugestão genial: por que eu não fazia um ensaio fundamentado no enredo de um único livro? Achei incrível e, imediatamente, escolhi Lolita, de Vladimir Nabokov.

Vários motivos me levaram à decisão: trata-se de um dos meus textos preferidos, conheço bem o enredo e tenho em casa uma adolescente perfeita para encarnar a personagem da história. Além disso, minha filha adora servir de modelo pra mim, sempre com muita disponibilidade e resignação para aguentar minha demora, meus erros, minhas refações. Fiquei feliz da vida com essa oportunidade de, digamos assim, fazer uma interpretação imagética de Lolita.

Depois do curso, fui com a família ao Sesc Pinheiros ver a belíssima exposição do grande mestre da fotografia: o francês Henri Cartier-Bresson. Para resumir em uma palavra: imperdível! Tenho estudado Bresson no curso de fotografia e, a cada dia, fico mais apaixonada por ele. Porém, nenhum livro ou explicação - por melhores que sejam - substituem o impacto de ver as obras do artista reunidas.

Bresson criou a teoria do “momento decisivo”: algo como ficar horas parado, num cenário interessante, esperando que aconteça algo digno de ser captado, eternizado. É aquele instante mágico que todo bom fotógrafo persegue e que ele encontrou, ao que parece, muito mais do que qualquer outro.

Para completar, ao sair da exposição, deparei com um lindo espetáculo de dança flamenca, na área externa do Sesc. Não tive dúvida e fui atrás do meu “momento decisivo”. Eu estava muito inspirada pelos trabalhos de Bresson e, talvez por isso, considerei as fotografias desse meu "Ensaio Flamenco" como as mais bonitas que já fiz. Inseri três aqui (abaixo), mas você também pode ver as que estou postando aos poucos no meu Flickr.



Uma das bailarinas da Cia Balangandança, em apresentação de dança flamenca, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.


Penso que esse foi um dos "momentos decisivos" mais bonitos do espetáculo.


Gostei demais do resultado dessa, em que procurei enfatizar os pés, as cores, o movimento.