quinta-feira, dezembro 30, 2010

Código de Endereçamento Postal

A poesia mora no meu peito:
esse espaço que é avesso à crise, ao drama, à solidão...
Bom mesmo é a felicidade de escrever ouvindo o coração.

Goimar Dantas
Santa Rita do Sapucaí
30-12-2010

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Salvador 2010


Minha filhota Tatá Morena, que é baiana de Ilhéus e que, nos últimos dias, deixou seu Estado de origem ainda mais bonito com a sua presença.

Um série de circunstâncias nos levaram a passar as férias deste ano em Salvador, onde já tínhamos estado em 2008. Mas, cá pra nós, voltar a Salvador só faz bem pra alma e o pro corpo, certo? Tudo foi lindo, à exceção da situação de filme de horror que vivenciamos na volta, quando o avião em que estávamos sofreu duas panes graves, a ponto de precisarmos deixar a aeronave em esquema de emergência. Não gosto nem de lembrar. Tudo está detalhado aqui, nessa matéria publicada pelo jornal A Tarde, de Salvador.



Dessa vez ficamos num resort da Praia de Stella Maris, que é linda e ótima pra gente caminhar e fotografar. Por falar nisso, aos poucos publicarei as fotos da viagem na minha página no Flickr. Já coloquei duas. Vá lá acessando aqui!


Yuri e Tatá fizeram um milhão de amigos e passaram os dias se esbaldando na piscina do resort com as brincadeiras e jogos organizados pelos monitores.



Tiramos uma noite pra visitar Cássia e Rogério, amigos de São Paulo que já moraram em Florianópolis, Curitiba e, agora, resolveram aportar em Salvador. Os dois são pais do Tonico e do Chiquinho e nos receberam com carinho e deliciosos quitutes típicos da região, como o cuscuz com queijo de coalho! Amei, Cássia! Ah, há tempos a Cássia também é minha amiga virtual e mantém o blog Sobre meus amores!


Dias depois, fomos visitar seu Orlando e dona Eva, que são os pais da Cássia e também se mudaram pra Salvador. Dona Eva é uma mãezona pra todo mundo. Uma dessas pessoas que têm um quê de anjo, tamanho o carisma e generosidade. Não bastasse isso, é uma artista que pinta, cria, desenha e decora os ambientes como se fossem um pedacinho do céu. Já seu Orlando foi chefe do Maurício aqui em São Paulo e é uma referência pessoal e profissional para ele. Para além disso, seu Orlando é escritor de mão cheia. Quero ser como ele quando crescer. Dê uma passada no excelente blog que seu Orlando mantém e se delicie com um texto de primeira. É o Ofício contador de histórias.


Tatá e Tonico, filho da Cássia, se divertiram a valer lá na casa do seu Orlando. Faltou eu tirar uma foto do Chiquinho, irmão do Tonico (o fofo é um bebê de poucos meses e estava dormindo quando tirei boa parte das fotos lá na casa da Cássia).


Fiz centenas de fotos do Pelourinho, mas minha preferida é esta.


Aqui estávamos voltando do Forte São Marcelo. Um lugar importantíssimo na história do País é que anda meio abandonado. Alô, governo da Bahia?! Que tal dar uma melhorada na pintura, nas instalações e na infraestrutura do local? De lá, a gente tem uma vista linda da cidade e o mar é de um verde inacreditável.



Este é o Thiago, que conhecemos próximo à Barraca da Sira, famosa pela venda de um dos melhores acarajés da cidade. Ele não é lindo? Apareceu na nossa mesa e fez a festa bancando o modelo pra mim.


Não sou muito de entrar na piscina, mas o sol tava de rachar a semana toda e precisei recorrer a ela muitas vezes. Deu pra descansar e curtir muito com meus queridos!


Pra encerrar, uma declaração: eu tenho um amor imenso pelo mar e se pudesse estaria sempre próxima a ele. Na verdade, quanto mais as ondas quebram, mas eu me sinto inteira. Valeu, Salvador! Até a próxima!

terça-feira, dezembro 14, 2010

Microcontos: do twitter para o livro



Oito microcontos meus, cada um com o máximo de 140 caracteres, estão no livro acima (nessa foto, fazendo charme com meus dicionários, manuais de redação e coleção de índios amercianos em miniatura). A coletânea com os microcontos foi publicada pela Fundação Wolkswagen e é fruto de um concurso promovido no Twitter durante a XXI Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu de 12 a 22 de agosto de 2010.

O primeiro colocado no concurso foi o internauta @felipevalerio, autor deste ótimo microconto: "Esta é a vista que prometi. Agora pula". Achei sensacional. Merecidíssimo. Mas o mais interessante do concurso, na minha opinião, foi o fato de todos os participantes terem seu(s) microconto(s) publicados. Valeu o exercício, o empenho e a diversão de criar histórias usando tão poucos caracteres. Gol de placa da Fundação Wolkswagen. Ou melhor: de letra. :)



O lançamento aconteceu no último sábado, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, durante o Encontro de Tuiteiros Culturais, projeto lançado em 2009 pela Organização Social de Cultura POIESIS, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura. Cada participante ganhou um exemplar do livro, mas para além disso, foi ótimo conhecer esse pessoal que valoriza textos, poesias, aforismos e informações culturais diversificadas por meio do twitter.



O evento foi capitaneado pelo físico, professor e curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb. Zé, como é conhecido por todos, também foi, durante 18 anos, proprietário da charmosa - e infelizmente extinta - livraria Belas Artes e é, cada vez mais, grande incentivador das políticas públicas direcionadas ao livro no Brasil. Mas seu currículo só se completa mesmo quando a gente diz que ele é um apaixonado confesso pelas possibilidades dessa incrível ferramenta que é o twitter (e a qual eu demorei tanto a me render: mea culpa, mea culpa, mea culpa!).



Na foto acima, o escritor Marcelino Freire e o vereador Floriano Pesaro, que também prestigiaram o evento. Freire assina o microprefácio do livro e esteve o tempo todo ligado a essa iniciativa. No sábado, nos brindou com o que intitulou de "microfala" (deliciosa, por sinal!) sobre microcontos.

Com a língua afiada e o bom humor que lhe são peculiares, o escritor nos levou a refletir sobre a presença da concisão em textos fundamentais da literatura ocidental. A começar por algumas frases e salmos bastante conhecidos da Bíblia, passando, em seguida, para exemplos deixados por mestres da literatura nacional e internacional, todos especialistas na escrita objetiva e contundente expressa em períodos e capítulos curtos que compõem suas obras. Dentre eles, Machado de Assis, Júlio Cortázar, Hemingway e Kafka, sem esquecer autores brasileiros contemporâneos como Millôr Fernandes e Dalton Trevisan.


Aqui, Marcelino aparece com Conceição Mirandola, diretora da Fundação Wolkswagen (simpaticíssima, por sinal).



Quem acompanha o blog sabe que adoro levar a família a tiracolo para eventos literários e culturais. Acho ótimo que as crianças tenham contato com esse universo. E aqui vemos meus filhotes gigantescos acompanhados do meu bem, meu Mau(rício). Meu filho Yuri, aliás, adorou as tiradas de Marcelino Freire e, Deus me ouça, num futuro breve, será mais um leitor desse pernambucano arretado, agitador cultural que tanto tem feito pela literatura no Brasil.


Pra finalizar, minha filhota Tatá junto da mãe coruja. Tatá, diga-se, não sossegou enquanto não localizou meus microcontos no livro. Fofa.com.br, né não?

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Nas águas del Fuego




Há livros que nos tiram da rota. São como naves que abduzem, absorvem, puxam para si. Ímãs em forma de texto, título, capa, contracapa, lombada, textura, cheiro. Então a gente se deixa levar por essas máquinas de sonhos que nos conduzem a outros mundos, fronteiras, tempos, dimensões. Passamos a viver a vida de outro. E mais outro. E quantos mais existirem nas histórias. Transitamos na curva das páginas, no horizonte das linhas, no vão das entrelinhas. Caminhos que nos apresentam diferentes cenários, ambientes, atmosferas. E uma vez lá, nossa própria vida vira quimera. Buraco de Alice. Tornado de Dorothy: estamos no “para além”. Não há mais aqui nem agora (tampouco o mundo lá fora).

Foi assim que me senti ao entrar de corpo e alma no tempo e no vento de Os malaquias, primeiro romance de Andréa del Fuego (em edição caprichada da Editora Língua Geral, 2010). Um texto maduro. Fruta carnuda colhida na hora certa. Narrativa de versos lindamente disfarçados de prosa.

E no exercício de um paradoxo delicioso, a moça do fogo contradiz seu pseudônimo e nos presenteia com águas de rio. De mar. De uma hidrelétrica que se instalará em local de desvario. Lugar de falas pausadas. Longos silêncios varrendo uma terra fértil de dramas e de planícies poéticas. Espaço sob medida para adventos misteriosos capazes de inundar a vida dos habitantes de Serra Morena, onde se passa boa parte da trama.

Nesse solo encharcado de enigmas, um raio lançado pela flecha da tempestade é o divisor das águas que separam as crianças Nico, Júlia e Antônio Malaquias, irmãos que, do tal raio em diante, viverão experiências inundadas de real e de surreal. Trindade de solidões entranhadas. Tríade de memórias dispersas que, um dia, talvez, poderão se unir como peças de um quebra-cabeças.

Andrea burilou o texto. Teceu. Tramou. E deu à luz dizeres prenhes de símbolos, códigos e nuances. E munida de seu fuego, a moça aqueceu, cozinhou e nos serviu um relato polvilhado de episódios fantásticos dispostos em capítulos que lembram notas em sobressalto: stacatto. Suspensão de tempos e espaços.

Na noite em que comecei a ler, fiquei tão impressionada que, por vezes, pensei ter tido febre. Calafrios. Espécie de desmaio em beira de rio. Sensação de frio na barriga – como quando a gente desliza pelo arco-íris. Mas o que foi aquilo, afinal? Ouso dizer que foi misto de delírio e de vício. Dependência de virar a página. Vontade de saber tudo sobre os personagens. Muitos deles duplos irmanados e recorrentes, como o casal de crianças gêmeas e as velhas também gêmeas que, assim como vêm, se vão na poeira do chão; as freiras que, por assim dizer, eram gêmeas de hábito e de coração; o empregado e o patrão; a apatia e a tentação e, vertigem suprema(!), os ectoplamas se enlaçando em danças fluidas, geracionais.

Um livro escrito sob o signo das águas que insistem em fazer de Serra Morena e de seus moradores um campo fecundo para a literatura da maior qualidade. Obra-prima. Puro deleite e, verdade seja dita, também lamento: posto que nunca mais poderei lê-la com o coração banhado pelo líquido pleno de expectativas que abarca todas as primeiras vezes em que fazemos ou sentimos algo importante ou definitivo. Verdadeiramente definitivo: como navegar em meio ao Fuego.

Em tempo: para saber mais sobre o livro e sobre a autora, basta clicar aqui e aqui.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Poema em revista




Volta e meia esse blogue recebe a visita luxuosa do professor Leo Ricino. Um mestre que, há 40 anos, leciona literatura e gramática em escolas, universidades e, mais recentemente, empresas da capital paulista. Além de escrever para revistas, frequentemente Leo também é convidado para dar dicas preciosas sobre Língua Portuguesa e Literatura em emissoras de rádio, como a Jovem Pan e a Trianon, além de participações no programa Mulheres, da TV Gazeta.

Leo acompanha meu trabalho desde 2001, quando tive a sorte de conhecê-lo na turma de Comunicação e Letras, no mestrado da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É dele a análise do meu poema Baianidade grega, publicado na Revista Viverde, edição de agosto e setembro de 2010. Fico feliz da vida em ter um trabalho analisado pelo Leo. O artigo está disponível na página 18 da revista, cujo PDF está disponível clicando aqui.