sexta-feira, junho 27, 2008

Balada para dias frios



Nem meu coração-sertão
Pode aplacar esse Inverno
Esse frio, essa dormência...

Cor cinza
(como sentença)
De um Junho nada febril...

Falta calor, falta chama
E aqui meu corpo reclama
Por primaveras gentis...

Lá fora: escasseiam flores
No meu peito: mais amores
Só me resta poetar...

E assim aqueço meus dias
Tão cheios de nostalgias
Sem sóis e, pior: sem mar!

Então faço das lembranças
Lareiras de esperanças
Verso e prosa a crepitar

E nesse chalé-lirismo
A inspiração me acalenta
Musa que, enfim, me alimenta

Posso, de novo, sonhar...

Goimar Dantas
São Paulo
27-06-08


E por falar em inspiração e lareira...




terça-feira, junho 24, 2008

Prece junina

(Festa Junina - Óleo sobre tela, de Yole Travassos)


Senhor João, da fogueira
Senhor João, do balão
Senhor João, da pipoca
Senhor João, do quentão...

Me leva num vôo cego
Direto pro meu sertão
Pra pular com a minha gente
Alegrar meu coração!

Pra devolver o calor
Que esse Inverno me roubou
E pra tirar meu espírito
Debaixo do cobertor...

Me faz, de novo, menina!
Me deixa ver meu avô
O rei das estripulias
Pedro Horácio, sim, senhor!

Aquele que dança hoje
No chão do reino do céu
E que me acena, sorrindo...
Charmoso, com seu chapéu

Típico de um londrino
Perdido, em pleno sertão
Por fora: europeu sério
Por dentro: um folião!

Me leva pra minha infância
Meu santinho, São João...
Me faz rever minha história
E na curva dessa memória
Faz sorrir meu coração...

Goimar Dantas
São Paulo
24-06-08

sexta-feira, junho 20, 2008

Saudade do sol


(Para Arnaldo Antunes, que, com o seu Quarto de dormir, foi a melodia e a inspiração dessa poesia)





Toda a poesia do mundo é pouca pra essa saudade...
Esse silêncio, essa ausência.
A natural insistência desse meu peito, a doer.
E enquanto a poesia cala,
o meu coração se abate,
sofre, chora, se debate,
grita pelo seu querer.
E no meu corpo: desejos
pulsam sem paz nem sossego
nessa minha carne trêmula...
Massa modelar morena,
perdida, sem o seu Sol.
Rei supremo que abdica
do trono que eu ofereço
e então, sozinha, adormeço
depois de tanto chorar...
E nesse meu quarto tristonho
só me resta mesmo o sonho.
Meu refúgio paralelo
onde eu, Lua, recebo
a luz do sol,
a brilhar.


Goimar Dantas
São Paulo,
20-06-08

terça-feira, junho 17, 2008

Amor, meu grande amor...

(Para Yuri Dantas Pedro - meu filho, geminiano que me trouxe mais luz, há exatos 12 anos)
Yuri, que faz 12 anos hoje, escolhendo (e testando) seu presente de aniversário

Meu artista preferido em uma Jam Session, na casa da vó
Meu rei,
meu príncipe,
meu menino,
meu herói,
meu mocinho,
meu cowboy,
minha estrada,
minha luz...
Meu signo de lua,
minha música à capela,
meu poema premiado,
meu enredo de novela...
Meus sentidos,
minha sina,
meu brinquedo de menina,
meu anjinho tão moreno,
meu remédio,
meu veneno...
Meu cantor de rock and roll,
meu artista preferido,
meu atleta destemido,
meu fogo,
meu ar,
meu mar...
Meu sonho mais encantado,
meu eterno namorado,
meu garoto tão levado,
meu São Jorge,
meu dragão!
Você é tudo e é sempre
a minha fé,
o meu guia!
Meu caminho,
a semente.
Meu passado,
meu futuro,
o meu mais lindo presente!
Meu filhinho,
meu orgulho.
Goimar Dantas,
a mãe do Yuri
Em 21/02/07

sábado, junho 14, 2008

Epifania




Mal abri os olhos,
me dei conta:
O amor havia acabado.
Não adiantava negar.
Na noite anterior,
não chorei seu atraso,
não tremi ao seu toque,
não declamei-lhe versos,
não retoquei meu batom.
Mais: enquanto ele falava,
não viajei em seus olhos...
Ao contrário,
fiquei atenta a tudo o que dizia.
Pior: achei o assunto maçante.
O problema era nítido:
em vez da cegueira típica da paixão,
eu já estava era com córneas novas
doadas por alguma entidade,
espírito ou estraga prazeres
(desses bem racionais, diga-se).
Como resultado, enxerguei os defeitos de quem,
antes, era o símbolo máximo da perfeição.
Voltei pra casa confusa, atordoada.
Aquele sentimento não podia acabar assim!
Afinal, paixões rendem versos, prosas, romances, novelas, filmes...
Se for platônica, então,
pode resultar até em Nobel de Literatura...
Entrei em desespero.
Estaria minha veia poética condenada?!
Estaria minha artéria de textos entupida para sempre?
Não! Eu não permitiria!
Mal o sol se deitou,
me arrumei lindamente:
vestido preto,
salto alto,
boca vermelha,
más intenções...
Saí altiva,
montada,
à caça de outra paixão.
Mas no fundo,
bem no fundo...
A poeta que mora em mim
suplicava, baixinho:
-Deus... Fazei com que seja platônica e proibida...
Amém...

Goimar Dantas
Santa Rita do Sapucaí
13/10/07


terça-feira, junho 10, 2008

Inspiration from a little bird





É ela.
A moça que tem embalado meus dias,
trazendo mais poesia,
lirismo em suaves porções.
Baladas de violões,
Outono de nostalgias.
A voz rouca,
as melodias,
versos virando canções.
Promessas, sim...
Sintonias...
Acordes de fantasias,
prenúncios
e vibrações.
Uma estrela,
um pôr-do-sol,
um passarinho cantando,
uma flor desabrochando...
Uma mulher-rouxinol.

Goimar Dantas
São Paulo
10-06-08

domingo, junho 08, 2008

Book in the city




Sarah Jessica Parker, a eterna Carrie Bradshaw, na campanha do Shopping Cidade Jardim, folheando o livro São Paulo Minha Cidade.com, coletânea que contém dois dos meus poemas: São Paulo Poesia e Paixão na Paulista. Esse livro, que tem venda proibida e teve toda a sua edição doada para bibliotecas da cidade, só me dá alegria! Trata-se de um relato apaixonado sobre São Paulo. Uma declaração de amor coletiva escrita por centenas de pessoas que, como eu, amam essa metrópole repleta de amores e dores, delícias e dissabores. Um livro rico em textos e músicas, sonhos, desejos, memórias, histórias, crônicas, prosas e versos. Que venham mais comerciais e estrelas, nacionais e internacionais, chamando atenção para ele. Viva!
E pra todo o resto, literalmente, tem Mastercard...

quarta-feira, junho 04, 2008

"Que seja imortal..."






Ah, Vinicius...
Por que tu não me esperaste?
A mim que seria a tua
mais linda história de amor?

Ah, Vinicius...
Poeta a não ter mais fim!
Por que não sopras do além
um versinho só pra mim?

Ah, Vinicius...
Eu seria a tua musa,
namorada, inspiração!
Eu seria a tua cura,
poesia e oração!

Ah, Vinicius...
Por que fui chegar tão tarde?
Por que não nasci lá trás?
Pra curtirmos, bem juntinhos,
muitos suspiros e ais...

Eu te daria carinhos
e beijinhos sem ter fim....
Vinicius, eu dava tudo
pra você gostar de mim!

Ah, Vinicius...
Por culpa tua
eu não teria profissão!
Pois passaria meus dias
desfilando em devoção
pra seduzir o poeta
nas retas do Calçadão
(lá da Praia de Ipanema
onde é eterno o Verão)!

Eu seria a “Mulher morena”
que viria te buscar
pra viver junto contigo
num barquinho, à beira-mar!

Eu seria teu Whisky
doida pra te embriagar
com doses extras de sonho
que te fariam jurar:
“- Que muito mais do que a chama
que um dia pode apagar
será imortal esse amor...
Infinito, a perdurar!”

Goimar Dantas
São Paulo
02-06-08

domingo, junho 01, 2008

Pausa para a poesia






A poesia é o meu descanso.
É reverso para o pranto.
Um sinônimo de paz.

À minha volta tudo se agita
e a vida segue, por vezes,
num tempo veloz demais.

Por isso, eu paro.
Por isso, eu freio.
E nessa pausa
a poesia vem.

E junto dela
a felicidade
e a eternidade
que ela contém.

Já não há pressa
nem desespero.
Chego ao Nirvana,
conquisto o Zen.


Goimar Dantas
São Paulo
01-06-08