(Essa escultura, que é uma das peças do acervo do Memorial da América Latina, em São Paulo, se chama Torso Negro, e é assinada pela artista carioca Vera Torres. Dia desses estive no local e fui absolutamente tomada pela força e beleza dessa obra. Munida de máquina fotográfica - que agora é mais uma das inúmeras coisas que carrego na bolsa - , só me restou fazer a foto e ficar namorando a imagem na volta pra casa. Eu já sabia, a essa altura, que minhas impressões resultariam em um poema... Aí está ele).
As coxas grossas, firmes. Volúpia ardente sob o céu azul. O torso esplêndido, Vênus Brasilis, musa imponente em seu abuso nu.
E os raios súditos, quentes... Penetram fálicos nas curvas norte e sul...
Tão insistentes, rentes Aos teus contornos E ao me desejo cru.
Deusa de ébano Fêmea de bronze Peça profana (Que sacraliza o ar) De toda a Praça De toda a raça Latino-América Tão negra! Tão solar!
A força do olhar sempre me comoveu. A capacidade de transmitir informações de modo universal (sem a utilização de palavras), o modo imperativo com que nos faz refém, a intensidade com que costuma se impor, soberano, sobre nossas vontades... Os arrepios emoções, fantasias, sonhos e desejos que pode causar. Não é à toa que os olhos são popularmente conhecidos como “janelas da alma”. Neles, tudo está contido: amor, raiva, ódio, desprezo, compaixão, dor, incredulidade, desespero, medo, pânico, horror, a chama de uma paixão que começa ou as cinzas de uma que já está no fim...
Podemos mentir com gestos ou discursos, mas os olhos trazem, sempre, o real. Talvez por isso seja tão difícil resistir à atração que exercem. Grandes romances e amores têm início após essa incursão momentânea vivenciada pelos casais na sede de entrar pela “janela da alma” um do outro. Filmes, livros e ensaios já foram realizados dedicando-se exclusivamente à análise do tema. Mas não foi exatamente vendo nenhum deles que, pela primeira vez, despertei, de forma consciente, para a verdadeira imensidão de significados que pode advir de uma troca de olhares.
Eu deveria ter uns 20 anos quando assisti Bonnie & Clyde (EUA, 1967, direção de Arthur Penn) pela primeira vez. Lembro de que achei o filme espetacular em todos os sentidos. As atuações primorosas de Warren Beatty e Faye Danaway (acentuadas pela química perfeita entre os dois), a irretocável participação dos demais atores – entre eles Gene Hackman e Estella Parsons, que por sinal faturou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante –, o roteiro, a fotografia... Tudo me levou a uma série de sensações, memórias e associações... Mesmo muito tempo depois, não me sai da cabeça a cena em que Bonnie lê para Clyde um poema (espécie de cordel contando a saga do “casal fora-da-lei”), publicado num dos jornais da época... Da mesma forma, não dá pra esquecer o impacto da indiscutível beleza, jovialidade e sensualidade dos protagonistas – quase uma história à parte dentro do próprio filme.
O enredo traça a trajetória verídica de um casal que, em plena época da recessão americana – provocada pela quebra da Bolsa de Valores de 1929 –, decide enveredar pelo mundo do crime como forma de transcender a vida de pobreza, privações e ausência de perspectiva a que parece estar condenado. Com isso, o que poderia ser uma rápida solução financeira para seus problemas mais cotidianos, transforma-se em uma verdadeira jornada de caráter existencial, pautada pela descoberta delirante da aventura, da transgressão, do perigo, da adrenalina que envolve os roubos, as fugas, as perseguições e, até mesmo, o poder de subjugar o próximo pelo medo, pela violência... Mas o fio condutor da película é, sem dúvida, o amor de Bonnie e Clyde, que vai crescendo em total sintonia com o aumento do cerco policial em torno deles e a conseqüente proximidade da morte que os espera. E foi justamente na cena derradeira do filme que vi, pela primeira vez, o mundo de significados que pode estar contidos em uma única troca de olhar.
Ante a evidência da morte, Faye Danaway e Warren Beatty – travestidos com as personas de Bonnie e Clyde – trocam um olhar capaz de conter Eros e Tânatos, amor e morte, começo e fim. A meu ver, uma das cenas mais marcantes do cinema. Um dado curioso para nós, brasileiros, é que, neste epílogo tão triste quanto inevitável, o personagem vivido por Warren Beatty já perdeu uma das vistas e utiliza um óculos de grau que traz uma das lentes escurecida, fazendo às vezes de tapa olho... Impossível não lembrar de Lampião – que também só tinha uma vista – e Maria Bonita: nosso maior ícone de casal fora-da-lei.
No You Tube, encontrei esse vídeo que traz algumas das melhores cenas do filme, ao som da música “Bad Boyfriend”, da banda de rock americana Garbage. Uma trilha sob medida para ilustrar o quanto pode ser sedutor o tal do “amor bandido” (uma outra forma de olhar o filme, diga-se).
Faz anos que queria transformar em palavras o meu olhar sobre Bonnie and Clyde... Este texto é também um convite para que outras pessoas o vejam (ou revejam), de modo a construir sua visão particular sobre ele.
Afinal, a graça da vida está na multiplicidade de olhares. E na diversidade de interpretações que ela suscita.
(Este poema é dedicado a Walter Salles, doutor em poesia visual)
Uma imagem encantada Versos sem palavras Rimas pelo ar Signo de magia Som, sinestesia Céu para ornamentar A linda moça circense Pássaro contente De brilho estelar Com sua cena-poema É luz! Ação! É cinema! Poesia livre, a voar!
Estou só nesta madrugada. A solidão das horas negras e, paradoxalmente, estelares. Minha única companhia é a beleza triste das flores sobre a mesa. Talvez elas pressintam, de alguma forma, a vida efêmera a que estão condenadas... Mas é importante dizer que mesmo na dor de se saber finitas, elas lançam no ar aromas suaves e enfeitam o ambiente com máxima elegância. Uma qualidade rara entre as pessoas, porém muito evidente em mulheres como Ingrid Bergman, Audrey Hepburn e Greta Garbo – que pareciam ter absorvido consigo grande parte do néctar que deveria compor a essência feminina universal.
Fecho os olhos. Deixo de lado as flores e as divas do cinema. Minha consciência se expande e, quando dou por mim, saio do quarto e atravesso a cidade de pijamas, num vôo cego à sua procura. Sentindo a brisa da noite em meu rosto, sigo planando e, invisível aos olhos mundanos, adentro em bares, boates, teatros, cinemas e restaurantes sem, no entanto, encontrar aquele que habita meus sonhos, meu coração, minha alma. Volto pra casa atordoada como o jovem Ícaro que, em frações de segundo, percebeu seu infortúnio em não conseguir alcançar o sol, ao mesmo tempo em que se deu conta da iminência da morte.
Reencontro meu quarto – que seria violentamente mais opressor não fosse a beleza fugaz das flores... Viro o rosto para o lado e, de repente, observo possibilidades de salvação sob a forma de um lápis e de folhas brancas. Escrever é também uma tentativa de transformar transtornos em experiências líricas. Antes de começar, respiro fundo – como é pertinente a todo grande ato de entrega. E então, eles chegam num jato, invadindo o território do papel como bárbaros: versos jorrando embriagados e tortos dessa minha alma insone e sem métrica...
Alma que se recusa, terminantemente, a encontrar uma rima para a saudade...
Eu tinha 12 anos quando tudo aconteceu. Meu coração palpitava, minhas mãos suavam, as pernas tremiam... Sentia o sangue subir pelas faces e tentava disfarçar o nervosismo arrumando o cabelo, olhando pro chão, falando sobre a beleza daquele lindo parque com seus bichos, seu verde, seu lago... Meu sorvete de morango tinha finalmente acabado e eu sabia que o beijo na boca seria inevitável dentro de poucos instantes.
Olhávamos para os lados a todo o momento, tensos... O medo de algum conhecido passar por ali era tremendo... Mas, eis que no meio do caminho... Tinha uma réplica de um trem Maria Fumaça... E, ao ver aquela cabine de maquinista tão oportuna, nos entreolhamos confiantes e sorridentes como se tivéssemos descoberto uma passagem secreta, um portal para outra dimensão. Era perfeito. Passamos por debaixo das correntes. Entramos e, como dois condutores afoitos por avançar rumo à próxima estação, enlaçamos as mãos e respiramos fundo... Porém, a vida também é feita de paradoxos e, de repente, aconteceu de o tempo parar...
Não estávamos mais em janeiro de 1985, nem tampouco no início do século 20 – que certamente vislumbrava o auge das marias fumaças reais... Estávamos suspensos no espaço. Não havia mais horas, minutos, segundos... Não havia mais ninguém à nossa volta... Então, do alto dos seus 14 anos, e certamente sentindo o peso de ser um legítimo representante do sexo masculino – que, geralmente, toma a iniciativa –, ele segurou meu rosto, mergulhou fundo no meu olhar e me puxou na direção dos seus lábios.
E foi aí que a cena romântica de cinema terminou para dar lugar ao pastelão... Sim, porque, naquela época, eu acreditava piamente que beijo na boca tinha gosto de tutti-frutti, morango ou uva – sabores idênticos aos dos chicletes que eu mais apreciava. Para piorar, nunca tinha me passado pela cabeça que beijar exigisse alguma técnica... O que fazer com a língua? Quando virar o rosto pra lá e pra cá, suavemente, como eu via nas novelas? Como respirar sem atrapalhar aqueles numerosos movimentos? Que ritmo tudo deveria ter? Quando parar? Quando abrir os olhos? Foi um atropelo e uma decepção... O pobre menino veio com tanta sede ao pote que eu me perdi completamente em meio à confusão de braços, lábios, pernas, cabelos... E, afinal, onde tinha ido parar o gosto de morango, tutti-fruti e uva que eu esperava? Tudo que eu sentia era o sabor sem graça da saliva alheia... Fiquei péssima. Pedi pra ir embora e o trauma foi tão grande que, daquele dia em diante, fugi do menino-namorado como o coisa ruim foge da cruz. Ele nunca entendeu e, segundo seus quatro ou cinco irmãos mais velhos faziam questão de me dizer repetidas vezes, sofreu horrores...
Hoje, quando lembro, morro de remorsos... Deveria ter dado mais uma chance a ele, a nós. Podíamos ter nos divertido, como dois adolescentes que éramos... Só fui entender a mecânica e os sentimentos avassaladores do beijo quase dois anos depois, quando me peguei refém de uma daquelas paixões de arrasar quarteirão... Daí pra frente, os beijos adquiriram o sabor que, de fato, devem ter: o gosto de eternidade.
Neste 13 de abril, em que se comemora o Dia do Beijo, este texto é uma homenagem a todos os beijos que roubei, ganhei, troquei, vivenciei... Mesmo àquele primeiro, repleto de “desejo”, “necessidade”, “vontade” e muita... Muita inexperiência.
E como eu ando numa fase "imagem", segue um vídeo que é uma ode a todos os beijos capazes de, literalmente, fazer o tempo parar...
(O anjo triste é dedicado ao poeta Augusto dos Anjos, que surgiu na minha vida quando eu contava 16 anos, numa linda aula de literatura dada pela professora Regina, no colégio Primo Ferreira, em Santos. Eu adorava decorar seus versos e sair por aí em saraus informais, declamando-os para quem quisesse ouvi-los... Ainda hoje, tantos anos depois, olho com espanto e frescor apaixonado para poemas belíssimos como A idéia... que trata da trajetória das idéias desde o momento em que nascem, até a hora em que esbarram na língua, por vezes, incapaz de dar voz a elas. A descrição desse caminho, repleto do vocabulário cientificista típico dos simbolistas que já flertavam com o modernismo, é um assombro de beleza que não canso de rememorar - principalmente quando elas, as idéias, me acenam, de longe, faceiras... Mas também sou fã de carteirinha de outros poemas como As cismas do destino, Versos íntimos, Último credo, Psicologia de um vencido... Cheguei a decorar os três últimos, tantas foram as vezes em que os li... Antonio Callado, do alto de sua sabedoria, certa vez escreveu que um país que não reverencia e não reconhece a grandeza de um poeta como Augusto dos Anjos não tem mesmo salvação. Como diz um grande amigo meu: "Eu assino sob" ).
Toda essa imensa tristeza E a tua melancolia... O que trazem de verdade? Como marcaram teus dias?
Como nasceram teus versos? De onde vem tanta dor? Quem oprimiu o teu peito? Que foi que te sufocou?
Nas veredas do caminho Nas ondas do teu oceano Quantos te desbravaram? Quantos roubaram teus sonhos?
Desde cedo eu me pergunto: Quando é que se deflagrou A angústia funda de Augusto A lança que o transpassou...
Quem dera eu voltar no tempo Para afagar teus cabelos Deitar-te, assim, no meu colo Realizar teus desejos...
Saber quais são teus mistérios Sanar tuas agonias Trazer à tona o amor Que em tua alma dormia
Na venda do seu Ivo Não se via a uva Porque não há uva na seca do sertão
Na venda do seu Ivo Que era feita de magia Tudo o que a gente via eram doces em profusão
Na venda do seu Ivo O planeta era um baleiro Que girava e enfeitiçava, com graça, o sertão inteiro
Na venda do velho Ivo Os sonhos eram de açúcar E bastava uma moeda pra vida, logo, adoçar
Na venda do velho Ivo... Mistério solto no ar! Toda a alegria da infância parecia morar lá!
Na venda do velho Ivo Um aroma fenomenal – que ainda hoje me segue, enternece, contagia... Deixando a memória doce, como as balas que vendia
Era bom ver o seu Ivo Com seu chapéu Panamá Muito alto, muito magro, perguntando: “O que vai levar”?
Eu eu só levava mesmo Um doce de amendoim Ou então um geladinho – que lá se chama Dim-dim
Mas houve um dia bem triste Em que não havia um cruzeiro O maior valor do mundo – pra menina sem dinheiro
Então, corri para casa E fui pedir ao meu pai Que com os olhos rasos d’água, disse: “Filha, não tenho mais...”
Depois disso, meu bom pai Decidiu fugir de novo Daquela seca bem brava – que sempre maltrata o povo
E foi assim que a venda azul Do alto e magro "seu" Ivo Mudou toda a nossa vida, bastaram simples motivos:
Não ter dinheiro pro doce de amendoim da criança Não ter mais perspectiva, Não ter nenhuma saída – a não ser vir pra São Paulo, tentar uma outra vida
Eu posso viver cem anos, mas não me sai da lembrança Nem a venda do seu Ivo – nem meu pai sem esperança De viver na sua terra, provendo a sua criança
Mas não há ressentimento, não há raiva nem tristeza Seu Ivo não teve culpa pela terra sempre seca Tudo hoje é nostalgia, lembrança, recordação
Tanto a venda do seu Ivo, quanto os olhos do meu pai dividem o mesmo espaço dentro do meu coração, que é grande o suficiente pra guardar todo o sertão.
Um corpo. Outro corpo. O olhar. Fogo, taquicardia, suores, paixão. Texto sem palavra. Rito de oração. Preces em silêncio. Multiplicação. Os quatro elementos num só coração Os cinco sentidos compondo a equação. Instinto, vontade, desejo, opção. A arte final. Pintura de nós: a sós.
(A linda capa do livro... De autoria de Luciana Jabour)
(A deslumbrante imagem - captada ontem - da Torre da Estação da Luz, na Praça Júlio Prestes, local do evento de lançamento do livro)
(Ao lado do meu bem, meu "Mau", no coquetel que precedeu o show musical do lançamento)
(A Sala São Paulo lotada, pouco antes do início do show musical)
(Junto com meus dois amores, no lançamento do livro São Paulo Minha Cidade.com)
(Telão da Sala São Paulo, retratando a imagem presente na capa do livro)
O lançamento do livro São Paulo Minha Cidade.com – Mais de mil memórias, coletânea da qual tenho a honra de fazer parte com os poemas “São Paulo Poesia” – escolhido para compor o verso da primeira capa do livro (que alegria!!!) – e “Paixão na Paulista”, que fecha o capítulo “Cidade dos Amores”, aconteceu ontem, dia 02 de abril, na Sala São Paulo, Praça Júlio Prestes. A obra é publicada pela prefeitura da cidade, em parceria com a empresa São Paulo Turismo. Com apresentação do jornalista Chico Pinheiro, o evento contou com a participação da Banda Sinfônica Jovem do Estado, além de artistas como Jair Rodrigues, Pery Ribeiro, Claudya, Fabiana Cozza, Rappin Hood, Quinteto em Branco e Preto e Alex Cohen. A surpresa da noite ficou por conta de Bruna Lombardi, autora do roteiro e atriz principal do longa de ficção Signo da cidade, dirigido por Carlos Alberto Riccelli. Linda – só pra variar –, a loira surgiu em meio ao público do evento declarando seu amor à cidade e, em seguida, lendo um trecho do livro para a platéia. Concebida como uma grande homenagem a maior metrópole do País, a obra é composta por mais de mil textos que se dividem entre crônicas, contos, poemas, histórias e lembranças que abrangem um período que vai desde o século passado até os dias atuais. Ao todo, 312 autores foram selecionados para participar do livro – em sua maioria moradores e ex-moradores da cidade, brasileiros ou estrangeiros, dos mais diversos estilos, faixas etárias e regiões da capital paulista. Juntos, eles contribuíram, nos últimos três anos, com 1.500 histórias, além de mais de cinco mil comentários sobre diversos temas no site http://www.saopaulominhacidade.com.br/, desenvolvido pela São Paulo Turismo. A obra é, sem dúvida, um valioso registro sobre a cidade, uma vez que contém, além dos textos e fotos que preenchem suas 360 páginas, um CD com memórias musicais preciosas coordenadas pelo jornalista Assis Ângelo. Sem fins comerciais, o livro será distribuído para bibliotecas públicas do município, parceiros e órgãos da prefeitura. Além disso, todo o seu conteúdo está disponibilizado para download no site São Paulo Minha Cidade (cujo endereço está logo acima). Minha única tristeza foi não poder levar os amigos... É que o evento foi restrito aos autores – cada um podia levar apenas um acompanhante –, convidados da Prefeitura e da São Paulo Turismo... Por sorte, meu bem meu "Mau" foi um dos convidados da São Paulo Turismo e, assim, também ele tinha direito a um acompanhante. Na equação final, escolhemos – claro! – levar nossos filhos e foi ótimo estarmos todos juntos em ocasião tão especial. Abaixo, você tem acesso aos links das páginas deste blog onde poderá encontrar meus dois poemas presentes no livro, e que já foram publicados por aqui há tempos.
Eles dirão por mim:
Jose Ortega Y Gasset: "Eu sou eu e minhas circunstâncias".
João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas: "Moça de carinha redonda, entre compridos cabelos... E o que mais foi, foi um sorriso."
Machado de Assis, em Dom Casmurro: "Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada".
Vladimir Nabokov, em Lolita: "Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta."
Walt Whitman, em Full of life now: "Estás lendo-me. Agora o invisível sou eu,/Agora és tu, compacto, visível, quem intui meus versos e me procura/pensando em como seria feliz se eu pudesse ser teu companheiro./Sê feliz como se eu estivesse contigo. (Não tenhas muita certeza de que não estou contigo)."
Octavio Paz, em Amor e Erotismo - A dupla chama: "Para mim, a poesia e o pensamento são um sistema único. A fonte de ambos é a vida: escrevo sobre o que vivi e vivo. Viver também é pensar e, às vezes, atravessar essa fronteira na qual sentir e pensar se fundem: isso é poesia".