segunda-feira, abril 21, 2008

Onde se esconde a poesia

A moça girava
Com a saia rendada
Figura encantada
Do lado de lá

E eu, daqui,
olhava...
Sequer captava
Toda a poesia
Que havia acolá

No cio pulsante
Do calor do instante
Tudo o que eu queria
Era atravessar

A renda da saia
Daquela morena
Pra viver pra sempre
Naquele lugar

Sob a sua saia:
promessa de céu!
Salvação eterna
Sempre a me acenar

E ela, seguia,
Bailando, voando...
Morando em meus olhos
Desejo a rodar

Mas eu, nessa hora,
Não via poesia!
Era só a moça
Pra lá e pra cá

Girando na renda
Levantando a saia
Me tornei cativo!
Do seu requebrar...

Espécie de viço,
Um vício, feitiço,
Um chão movediço
Delírio no ar

Serpente indiana
Me enroscou na trama
E, então, fui passando
pro lado de lá

Foi quando encontrei
Fonte de poesia
Decifrei a esfinge
Ali, a dançar

A moça é poema!
Sol do meu sistema
E no verso da saia
Vou me fixar

Pra formar a rima
Sem quebrar o ritmo
Do amor infinito
Que é o seu gingar...

Goimar Dantas
São Paulo
20-04-08