domingo, setembro 28, 2008

Biografia



(Poema inspirado pelas reflexões do Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica, sobre o qual falei no post anterior)

Eu era muitas,
hoje sou mais.
Serei milhares
por entre os anos.

Vivo três tempos
(ao mesmo tempo):
o ontem,
o hoje,
o amanhã.

Eu sou o fui,
eu sou o é,
também serei
o sempre e o quando…

Eu sou pronome,
eu sou o verbo,
substantivo,
comum,
composto…
Sou próprio!
Aposto!
Nome epiceno
(ou obsceno?!)
-Sou ordinal…

Eu sou figura,
eu sou linguagem,
eu sou linhagem,
sinal de mais.
Eu uno,
agrego,
eu compartilho...

Mas, vez ou outra
me contradigo...

Eu sub-traio?
Ou supra-atraio?

E fica a dúvida
E me divido...



Goimar Dantas
Natal – Rio Grande do Norte
17-09-2008

quinta-feira, setembro 25, 2008

Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica

O artista potiguar Isaac Galvão encerrou o Congresso com toda a magia e encantamento da tradicional arte popular nordestina.

Entre os dias 14 e 17 de setembro participei do III Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica (III Cipa), organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. Neste ano, a edição teve como tema: (Auto) Biografia: formação, territórios e saberes. O evento visa lançar luzes sobre a importância de relatos variados, sejam eles diários pessoais, anotações, registros, fotografias, documentos, cadernos, textos avulsos e livros para a criação da memória e da história social, sempre partindo da esfera particular para a universal.

O congresso contou com a presença de acadêmicos nacionais e internacionais, com ênfase para a participação de professores franceses e suíços. Durante os debates, que se dividiram em sete eixos temáticos, foi possível refletir sobre a importância das pesquisas que investigam o ser humano em profundidade, colaborando para a descoberta de suas relações com o mundo físico e sensível.

Estudar a fundo a formação de cada indivíduo, seus lugares de origem, seus espaços internos e externos, os ambientais (inter)culturais e institucionais por onde transita é um mecanismo essencial para “ampliar os horizontes de investigação sobre os processos memorialísticos”, como afirma a professora doutora Maria da Conceição Passegi, organizadora do III Cipa, no texto de abertura da programação do evento.

Durante o Congresso, os participantes tiveram acesso, também, a três excelentes exposições, lançamentos de livros e oficinas que funcionaram como complemento dos trabalhos e das aprendizagens adquiridas.

Como jornalista, escritora e defensora da utilização das palavras como fontes imprescindíveis de expressão, fazer parte desse evento foi, sem dúvida, um privilégio. Uma oportunidade rara de entender melhor o meu trabalho e, por que não dizer, a minha vida.

E por ser realizado no Estado onde nasci, o Congresso se tornou, ainda, uma ponte capaz de me conduzir a encontros inesquecíveis com conterrâneos ilustres: estudiosos, pesquisadores, professores, escritores, historiadores, mestres e doutores nascidos em terras potiguares. Uma gente calorosa, afetuosa, cheia de simplicidade e sabedoria.

Nesse sentido, conhecer de perto esses personagens – podendo trocar experiências com eles – compõe, por si só, uma memória que já se mostra essencial para a construção da história da minha existência.

Inesquecível é pouco para definir o que foram esses dias. E para completar, na seqüência viajei para o sertão, mais precisamente para o município de Currais Novos, realizando uma série de entrevistas que farão parte do meu novo projeto profissional. Uma viagem literalmente biográfica, rica e literária. Mas essa já é uma outra história, merecedora de um post exclusivo no futuro.

O mais difícil foi escolher o que assistir... Eu fiquei com a ótima mesa três!

Cadernos da linda exposição: "Não me esqueça num canto qualquer".



Texto da professora Zélia, da Unicamp, para a exposição sobre cadernos.



Estava linda a exposição sobre Bertha Lutz, uma das mulheres mais importantes do século XX.


Mas a minha exposição preferida foi esta: "Ler e sonhar: Signos da busca da brasilidade nas dedicatórias de Mário de Andrade a Câmara Cascudo".



Conseguem ler? Vejam a meiguice, seguida de autocrítica, com que Mário de Andrade começa essa carta-dedicatória. Ele diz assim: "Cascudinho, aqui lhe mando uma coisa péssima, mal feita e mal publicada, cheia de leviandades intelecutais, defeitos de estilo e erros de revisão que o leitor inteligente...etc". Nossa, e eu achando que tinha autocrítica...


Cascudinho com cara de poucos amigos, em sua biblioteca, em 1942.



E na hora do intervalo, a poucos metros do Hotel Praiamar, onde acontecia o Congresso, esse era o cenário disponível: a lua dando o ar da graça, na linda Praia de Ponta Negra.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Haikai da nova estação





É Primavera:
Amores-perfeitos
Invadem a Terra!





Goimar Dantas
São Paulo
22-08-08



E em homenagem aos amores de todas as estações, aqui vai uma das minhas músicas preferidas. Verdadeiro bálsamo na voz maravilhosa de Vírginia Rosa:


Virgí­nia Rosa - A Flor

sexta-feira, setembro 12, 2008

Espetáculo lítero-musical

Ornela Jacobino, 14, "en-cantando" como voz de apoio de "Costa Senna e seu grupo Universos"



Conforme já dissse em um post anterior, durante a semana Cordel na Cortez tive a oportunidade de conhecer vários artistas populares. Adorei todos. Uma das apresentações foi a de Costa Senna e seu grupo Universos.

É mágico vê-los interpretando músicas, contando “causos”, declamando versos. Além disso, o grupo faz um trabalho excelente de divulgação do Cordel nas escolas da Capital. Fiquei devendo uma música deles e de hoje não passa. Por isso, abaixo, vocês têm acesso a uma das músicas de que mais gostei na apresentação que assisti – Moço das estrelas –, composição de Costa Senna e Jaime Fran, em homenagem a Raul Seixas. O grupo é composto por Costa Senna, na voz principal, Ornela Jacobino, na voz de apoio, Júbilo Jacobino (pai de Ornela), na percussão, e Jackson Ricarte, na viola.

Costa Senna - Moço das Estrelas

quarta-feira, setembro 10, 2008

O coração de tio Arnaldo



Dia desses tio Arnaldo nos deu um baita susto. Seu coração boêmio e aventureiro resolveu pregar-lhe uma peça e andou falhando de maneira verdadeiramente preocupante. Ficamos todos desesperados, mas, talvez, esse tenha sido o único jeito que o velho músculo cansado encontrou para ralhar com o dono. Na certa, o pobre coração decidiu radicalizar na esperança de que meu querido tio diminua um pouco o ritmo de tantas festas, forrós e cantorias madrugada adentro – sem falar nas caçadas intermináveis que exigem, às vezes, três a quatro noites inteiras ao relento, na caatinga, espreitando bichos.

Vai ver seu coração já não consegue mais administrar os 10 dias de festejos que rendem homenagens a São Sebastião, nas comemorações que se repetem a cada mês de janeiro, no pequeno município de Japi, no Rio Grande do Norte. Da mesma forma, seu coração já não deve mais tolerar tanto barulho de fogos de artifício – que ele insiste em soltar nessas ocasiões festivas.

Talvez, ainda, seu coração não seja tão corajoso quanto seu proprietário, que prossegue guiando sua moto a despeito do trânsito cada vez mais maluco daquela pequena cidade do sertão. Um município onde há centenas de motociclistas, muitos deles com 14, 13, 12 anos... Todos disputando espaço pelas mesmas ruas desprovidas de regras de tráfego. Tio Arnaldo simplesmente ignora esses problemas e segue altivo, conduzindo sua moto devagar, como se perseguisse um vento que nunca vem...

É provável que esse mesmo coração esteja solicitando a Tio Arnaldo um tiquinho mais de descanso nos dias de Carnaval, quando seu portador, seguindo a tradição familiar, se veste de Papa-Angu – personagem folclórico do sertão – para fazer a alegria da molecada da praça central. Não poderia ser diferente uma vez que tio Arnaldo é herdeiro genuíno do meu velho avô Pedro Horácio. Padeiro, eletricista e faz-tudo que, nas horas vagas, também se dedicava a forrós, motos, caçadas, festas e carnavais.

Após a chegada de meu avô ao céu, coube a tio Arnaldo assumir, amorosamente, os cuidados com vó Maria. E todos os dias, pouco depois das cinco da manhã, logo aos primeiros raios de sol, ele entra pela sala estendo a mão e dizendo “- A bênção, mamãe!”, sempre com aquela voz calorosa e inconfundível. Apesar de detestar acordar cedo, juro que nunca me importei de despertar com a voz dele quando me hospedo em minha avó. Ao contrário: acordo feliz porque sei que ele está por perto. E a paz dessa revelação é suficiente para me fazer dormir de novo até 8h, quando ele chega para a segunda visita do dia, normalmente trazendo alguma encomenda solicitada por vovó. À tarde e à noite, ele volta novamente só pra conferir se está tudo em ordem.

Tio Arnaldo é mesmo assim: a prestatividade em pessoa. Quando vamos ao sertão, faz questão de ir até o Aeroporto de Natal nos receber com abraços e lágrimas que derrama amiúde, dando um banho de ternura em nossas chegadas e partidas.

Ainda me lembro da época em que ele deixou o sertão por uns tempos e veio ao Sul Maravilha para trabalhar. Eu tinha cinco anos e achava o máximo ficar na sala com ele, assistindo episódios da S.w.a.t no pequeno e velho aparelho de televisão.

É ele quem resolve tudo pra gente quando vamos a passeio para o sertão. Nos leva para fazer compras, aluga carros, dirige ou serve de guia aos motoristas que nos transportam até a Serra do Bom Bocadinho, nos rincões da Paraíba. Um local de acesso dificílimo... Tudo para que possamos ver minha avó paterna, dona Luzia. Quantas vezes ele mesmo nos levou com seu carro, correndo o risco de danificar seu automóvel de maneira irreversível... E era só pegar a estrada para que ele começasse a apontar cada casa do caminho, fazendo referências aos moradores e às festas que ele e meu pai costumavam freqüentar nessa mesma região, na época da juventude...

“- Olha, Gói, dancei muito forró ali naquele sítio!”, diz ele.
Ou então: “-Olha, Gói, atravessei aquela serra com teu pai, de bicicleta!”, afirma, sem disfarçar o orgulho pela proeza.

Tio Arnaldo é, no fundo, um sentimental incorrigível. Certa vez foi se despedir da gente e, sem que soubéssemos, manteve um gravador pequeno ligado em seu bolso, de modo que pudesse registrar nossas últimas conversas, palavras, emoções...

Nunca esquecerei do dia em que ele me contou sobre sua emoção ao acordar no meio da noite ouvindo os pingos da chuva. Líquido abençoado que chegava após um longo período de seca. Ele e tia Régia não pensaram duas vezes: correram para a janela e choraram emocionados vendo a chuva molhar a terra... Posso viver cem anos, mas nunca vou perder a magia dessa imagem que sequer presenciei, mas que viverá em mim para sempre.

A bem da verdade, penso que meu tio vem de uma linhagem em que a alma é muito mais poderosa do que qualquer corpo pode realmente agüentar. Mas tio Arnaldo ama demais a vida e, por isso mesmo, resolveu obedecer às ordens médicas, diminuindo o ritmo para que possa nos conceder a honra de sua presença ainda por muito tempo.

E que assim seja... Amém!


No vídeo abaixo, é possível ter uma palhinha de tio Arnaldo ao violão, alegrando a noite de Natal, em 2004, na casa de vó Maria.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Haikai condicional




Seria sereia
Não fosse o medo
De maré cheia.


Goimar Dantas
São Paulo
Setembro/2008




Porque hoje acordei com muita saudade do mar…

quinta-feira, setembro 04, 2008

O último romântico

Hoje sei que “O último romântico” não é Lulu Santos. O título deveria ser dado, na minha opinião, a Waldick Soriano, que, a partir de agora, se apresentará em outras paradas. Waldick deu adeus a essa terra de raves, bate estacas de músicas eletrônicas e axés. De certo também não estava mais suportando o fato de as pessoas recusarem o “brega” nacional em detrimento do “brega” importado, repleto de melodias estilo “dor de corno” entoadas na língua do Tio Sam. Ninguém entende nada do que está sendo dito, mas pouco importa. O que vale parece ser a melodia, que catapulta a breguice norte-americana aos primeiros lugares nas paradas de sucesso. Pobre Waldick... Quem mandou querer sofrer em português?

Não fosse Patrícia Pillar ter feito o documentário Waldick – Sempre no meu coração (2007), o ícone baiano da paixão arrasa quarteirão teria morrido ainda mais esquecido. Tinha fãs, é claro, mas nada próximo do que já tivera em tempos mais rodrigueanos. A verdade é que, atualmente, confessar que se está sofrendo por amor é uma espécie de mico-leão-dourado. Algo em completa extinção, totalmente fora de cogitação. Ok, as pessoas ainda sofrem, mas é coisa rápida. Rapidíssima. Nada que um Carnaval em Salvador ou um final de semana na praia, com os amigos, não cure, não resolva, não enterre. E, mesmo assim, quem ainda ousa chorar mordendo o travesseiro – mesmo que apenas por pouquíssimos dias – não é doido de divulgar. Pega mal. Muito mal.

Em tempos de competição acirrada no mercado de trabalho, não há espaço na agenda para essas amenidades do coração. Com meta pra bater todo dia, quem ousará ficar com a cabeça na lua, pensando no ser amado? Quem ousará mandar flores? Quem ainda é doido de telefonar três vezes ao dia só para ouvir a voz do outro? Depois dos 25, o mercado mata qualquer amor antes de duas semanas. A pessoa até se apaixona, mas... Ao perceber que está perdendo o bônus de produtividade para o colega ao lado trata logo de recuperar o foco e a concentração e aí... Bem, adeus, romantismo.

Já os adolescentes, que ainda não têm o mercado no seu encalço, arranjaram outras metas pra bater. Ser traído, trocado ou rejeitado não pode ser mais um problema porque, afinal de contas, a tal da “fila tem de andar”... Gente... Que chance teria a alma de “tango argentino” de Soriano num país – ou seria num mundo? – onde as pessoas não se prestam à dignidade de sofrer por amor nem dois dias? Nenhuma, certamente. Por tudo isso, ninguém tira da minha cabeça que Nelson Rodrigues, autor da célebre frase “Amar é ser fiel a que nos trai” irá recepcionar Waldick hoje, no céu dos últimos românticos...

Waldick era também um clássico do estilo. Aquelas roupas, aqueles óculos tipo besouro (que ele usava muito antes de todo mundo achar “in”), o chapéu preto, o ar blasé... Aquela figura sempre me intrigou, desde criança. Conheci Waldick muito cedo. Meu pai adorava o cantor e, quando tomava umas e outras, chegava em casa trocando os passos, mas com habilidade suficiente para lançar um olhar meloso para minha mãe, colocar o disco do Waldick na velha vitrola e aumentar o volume até o talo, estourando os tímpanos de toda a vizinhança. Aos oito anos de idade, eu morria de vergonha. Ainda não sabia o que era sofrer por amor... Poucos anos depois, aos 14, quando já vivia uma daquelas paixões avassaladoras, era eu quem tratava de estourar os tímpanos da vizinhança, só que com outro disco: “O último romântico”, de Lulu Santos.

E como falar de Waldick sem trilha sonora é heresia, deixo aqui uma mostra irrefutável da breguice deliciosa - e exageradíssima - que tanto caracterizava o senhor Soriano.



Waldick Soriano e Falcao - Eu nao sou cachorro nao

quarta-feira, setembro 03, 2008

Trovas líricas para um anjo

(Para Betânea, "A princesinha guerreira", que virou anjo e estrela)





Hoje o céu ganhou um anjo
Linda menina vestida de luz
E o brilho intenso de sua aura
Virou estrela, que nos conduz.


E daqui pra frente, na noite clara
A menininha vai nos guardar
Com sua luz intensa e rara
Estrela-guia, a iluminar.
Goimar Dantas
São Paulo
03-09-08

segunda-feira, setembro 01, 2008

Cordel na Cortez


Livretos de Cordel, tradicionalmente pendurados em barbantes, decoravam o seguno andar da Editora e Livraria Cortez, no bairro de Perdizes, em São Paulo. Foi lá que, de 25 a 30 de agosto, aconteceu a tradicional semana Cordel na Cortez, com oficinas, declamações, saraus e palestras com escritores, poetas e folcloristas.


Me apaixonei, perdidamente, por este livro que analisa a literatura de cordel, em francês, de autoria de Pascal Baneux. Esse não vendia na Cortez, infelizmente... Pertencia ao poeta Severino José, o homenageado da noite de quarta-feira, dia 27.



Com o poeta Costa Senna, autor de "Caminhos diversos sob o signo do Cordel".


O poeta Costa Senna arrasou em sua apresentação na semana Cordel na Cortez, na quinta-feira, dia 28. Ao lado do seu grupo Universos, o cordelista e cantor encantou a todos com declamações de versos, músicas, contação de "causos" e leituras. Dentro em breve vou postar um vídeo e uma música do grupo. Aguardem.

Com o poeta Severino José - que acolheu e ajudou muitos cordelistas que chegavam a São Paulo nos anos 60, 70 e 80 - e o editor José Xavier Cortez, um dos maiores divulgadores e incentivadores do Cordel na atualidade.

Cordel à luz de velas. Na quarta-feira, dia 27, o bairro de Perdizes, em São Paulo, ficou sem luz durante mais de uma hora... Nem assim a semana Cordel na Cortez foi interrompida. Olha só essa banca de livros, que maravilha... Flertei com ela a noite toda...


A potiguar tendo o privilégio de estar acompanhada de um dos potiguares mais ilustres de todos os tempos: o grande editor José Xavier Cortez.


Francorli, o mestre da xilogravura.


Xilogravura do artista Francorli, que veio direto de Juazeiro do Norte para ministrar oficinas na semana Cordel na Cortez. Os desenhos de Francorli são lindos e ele os estampa em vários materiais, como bolsas, camisetas, quadros, suportes para materiais de escritório etc. Comprei uma bolsa maravilhosa com estampa de Padre Cícero, Luiz Gonzaga e Patativa. Não vejo a hora de sair com ela por aí!

Quarta-feira, dia 27, o grupo Confraria da Paixão chegando na Livraria Cortez para o espetáculo em homenagem ao poeta Severino José, que, por sua vez, é um dos precursores da Literatura de Cordel em São Paulo.