segunda-feira, dezembro 24, 2007

O cão anda à luz




Os verdes dos olhos de lobo
O verde por trás da lembrança
Planície distante da infância
Afeto eterno a me saudar

E quando lembro o seu carinho
A sua alegria em nos ver!
Pergunto a mim mesma (e ao destino)
Por onde fomos nos perder?

Veloz, corria como vento
E era valente e bonito
A fera de jeito bendito
Guardando, atento, o nosso lar...

Mas ao morrer seu jovem dono,
(Meu pai e nobre cavaleiro)
Partiu, também, seu escudeiro
Quem sabe no rastro da luz...

Quem sabe na busca do anjo...
Quem sabe na curva das horas
Os dois caminhando em silêncio...
Os dois brincando à beira-mar.

Quem sabe o pai esteja lendo
E o nosso cãozinho, correndo
À sua volta, sem parar...
Quem sabe surjam nos meus sonhos
Ou mesmo num texto tristonho
Que eu escreva ao invés de chorar

Pra desabafar neste tempo
Distante daquele outro Tempo
Que insiste em nunca mais voltar...

(Para o meu primeiro e único cãozinho, Freeway - que eu pensava dividir com minha irmã... Mas que, na verdade, sempre pertenceu ao meu pai... Aqui vai a minha saudade e a minha homenagem tardia mas, sincera, nessa véspera de Natal, 22 anos depois).

Goimar Dantas
Santa Rita do Sapucaí
Sul de Minas Gerais
Em 24-12-07

Um comentário:

Zilmara Dahn disse...

Sem palavras.
Encantador.Como os personagens de nossa memória, que jamais se vão.

Bjo