quinta-feira, março 29, 2007

Porto inseguro




Porto inseguro


Um poema é devaneio.
Anseio.
Dor de saudade.
Navio, assim, à deriva.
É gosto de eternidade.
Poema é porto inseguro,
é grito alto no cais.
É partida e é regresso.
É também um querer mais.
Poesia é mar de palavras.
Mergulho na imensidão.
Nova explosão do universo.
Um bailarino sem chão.
Uma existência à procura...
Tradução de solidão.
Espaçonave que estoura
aos olhos da multidão.
É uma semente no ar.
E, às vezes, erva daninha
que sai de dentro da gente
e se espalha formando linhas.
É um amor que não deu certo
ou ainda uma ilusão.
Pra muitos – fratura exposta.
Pra outros – uma oração.
Poesia é veia pulsando
por tristeza ou alegria.
É soldado em plena guerra
lutando sem covardia.
Poesia é tempo pretérito,
é futuro e é presente.
É conexão que liga
os sentimentos das gentes.
Poesia é como o olhar,
como a janela da alma.
Um constante observar...
Por fim é retrato perfeito
dos poetas que se guiam
pelo que trazem no peito.

Goimar Dantas
São Paulo
22/02/07

Imagem: pôr-do-sol em Ilha Bela, acervo pessoal.

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