Olhei aquela imensidão
(e com alma plena de sertão)
eu mergulhei sem pensar...
Quando vi,
já estava imersa
naqueles olhos de mar.
Naquelas pupilas-ilhas
onde é bom de naufragar.
Refúgio para a sereia
cuja alma é maré cheia.
Espaço em que a moça mítica
sempre sonhou navegar.
Em êxtase dilatado,
com coração rebocado,
tragado, capitulado,
perdido e enternecido
pelos olhos que eram mar...
E a moça que era sertão
e agora virou sereia
se entrega nesse oceano
sem temer banco de areia.
Aceita serena e mansa
o sal dos olhos de mar:
marejados do marujo
(moço que encarna Netuno)
sedento por devorar
com fome continental
a moça sertão e mar...
E ela, após alcançar,
aquelas janelas da alma
(nadando tão desenvolta
sem lembrar de respirar),
Decidiu submergir....
Deixar, assim, de existir...
Pra nunca ver se apagar
a lembrança do instante
em que atingiu, triunfante
o cerne daquele olhar...
Mas pouco antes de ir,
elevou seus pensamentos
e invocou Janaína,
deusa suprema do mar.
A quem rogou que a partida
para o além dessa vida,
fosse sempre acompanhada
por melodia sem par.
Uma canção que eterniza
amores e despedidas
e que atende pelo nome de:
“É doce morrer no mar...”
Goimar Dantas
São Paulo 1/11/07
Imagem disponível em: http://www.armenguepress.blogger.com.br/caymmi_elifas_andreato02.jpg
2 comentários:
Que poema-homenagem-inspiração-tema lindoooooo! Que balanço do mar! Pra quem costuma ficar mareado, lendo com certeza ficará, tal o balanço, o cheiro, o movimento, a mística, o campo lexical e o campo semântico marítimo. Maravilhosoooooo! Simplesmente maravilhoso! Metaforicamente maravilhoso! Homenagem maravilhosa! Porque calou fundo, não... calou profundo a sensibilidade de uma das poetisas mais profícuos da contemporaneidade. Parabéns! Adorei e, como sempre, invejo essa sua capacidade!
O anônimo do comentário acima sou eu, Gói, o Prof. Leo Ricino, amante de literatura e de poesia, da sua poesia principalemente.
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