quinta-feira, setembro 25, 2008

Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica

O artista potiguar Isaac Galvão encerrou o Congresso com toda a magia e encantamento da tradicional arte popular nordestina.

Entre os dias 14 e 17 de setembro participei do III Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica (III Cipa), organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. Neste ano, a edição teve como tema: (Auto) Biografia: formação, territórios e saberes. O evento visa lançar luzes sobre a importância de relatos variados, sejam eles diários pessoais, anotações, registros, fotografias, documentos, cadernos, textos avulsos e livros para a criação da memória e da história social, sempre partindo da esfera particular para a universal.

O congresso contou com a presença de acadêmicos nacionais e internacionais, com ênfase para a participação de professores franceses e suíços. Durante os debates, que se dividiram em sete eixos temáticos, foi possível refletir sobre a importância das pesquisas que investigam o ser humano em profundidade, colaborando para a descoberta de suas relações com o mundo físico e sensível.

Estudar a fundo a formação de cada indivíduo, seus lugares de origem, seus espaços internos e externos, os ambientais (inter)culturais e institucionais por onde transita é um mecanismo essencial para “ampliar os horizontes de investigação sobre os processos memorialísticos”, como afirma a professora doutora Maria da Conceição Passegi, organizadora do III Cipa, no texto de abertura da programação do evento.

Durante o Congresso, os participantes tiveram acesso, também, a três excelentes exposições, lançamentos de livros e oficinas que funcionaram como complemento dos trabalhos e das aprendizagens adquiridas.

Como jornalista, escritora e defensora da utilização das palavras como fontes imprescindíveis de expressão, fazer parte desse evento foi, sem dúvida, um privilégio. Uma oportunidade rara de entender melhor o meu trabalho e, por que não dizer, a minha vida.

E por ser realizado no Estado onde nasci, o Congresso se tornou, ainda, uma ponte capaz de me conduzir a encontros inesquecíveis com conterrâneos ilustres: estudiosos, pesquisadores, professores, escritores, historiadores, mestres e doutores nascidos em terras potiguares. Uma gente calorosa, afetuosa, cheia de simplicidade e sabedoria.

Nesse sentido, conhecer de perto esses personagens – podendo trocar experiências com eles – compõe, por si só, uma memória que já se mostra essencial para a construção da história da minha existência.

Inesquecível é pouco para definir o que foram esses dias. E para completar, na seqüência viajei para o sertão, mais precisamente para o município de Currais Novos, realizando uma série de entrevistas que farão parte do meu novo projeto profissional. Uma viagem literalmente biográfica, rica e literária. Mas essa já é uma outra história, merecedora de um post exclusivo no futuro.

O mais difícil foi escolher o que assistir... Eu fiquei com a ótima mesa três!

Cadernos da linda exposição: "Não me esqueça num canto qualquer".



Texto da professora Zélia, da Unicamp, para a exposição sobre cadernos.



Estava linda a exposição sobre Bertha Lutz, uma das mulheres mais importantes do século XX.


Mas a minha exposição preferida foi esta: "Ler e sonhar: Signos da busca da brasilidade nas dedicatórias de Mário de Andrade a Câmara Cascudo".



Conseguem ler? Vejam a meiguice, seguida de autocrítica, com que Mário de Andrade começa essa carta-dedicatória. Ele diz assim: "Cascudinho, aqui lhe mando uma coisa péssima, mal feita e mal publicada, cheia de leviandades intelecutais, defeitos de estilo e erros de revisão que o leitor inteligente...etc". Nossa, e eu achando que tinha autocrítica...


Cascudinho com cara de poucos amigos, em sua biblioteca, em 1942.



E na hora do intervalo, a poucos metros do Hotel Praiamar, onde acontecia o Congresso, esse era o cenário disponível: a lua dando o ar da graça, na linda Praia de Ponta Negra.

3 comentários:

Cássia disse...

E nós estamos dando nossa contribuição pessoal ao processo de preservação da memória através dos nossos blogs!
As vezes penso o que nos leva a expor nossas vidas assim... Acho que todo nós, de alguma maneira, queremos deixar um registro do que são nossas vidas, não é?

poesia potiguar disse...

Cássia,

concordo plenamente com você. É uma exposição. O que fazemos é realmente uma espécie de diário virtual. Mas, sinceramente, acho que poder compartilhar histórias é uma dádiva, um presente, uma aventura maravilhosa. Eu vivo para isso. Para produzir histórias sobre as pessoas, seus projetos e ações e também para dividir as minhas próprias histórias, prosas e poesias com quem desejar lê-las, ouvi-las etc.

Inclusive senti muito o fato de o Congresso não ter debatido a questão dos blogs. Uma forma tão forte de expressão pessoal. Mas estou certa de que no próximo Congresso do Cipa, que por sinal será realizado em São Paulo, em 2010, esse tema já estará presente.

Beijos procê e obrigada por compartilhar suas histórias conosco!!

Anônimo disse...

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