sexta-feira, agosto 14, 2009

À deriva



Semana passada fui ao cinema assistir “À deriva”, de Heitor Dhalia. Adorei. O filme foi bem recebido por jornais e revistas de circulação nacional, mas recebeu críticas pesadíssimas de várias revistas eletrônicas de cinema, todas conceituadas entre os profissionais da área. Mas, sinceramente, andei pesquisando esses sites e vi que os redatores pegam pesado em 90% de tudo o que é levado às telas. Em uma das críticas ao filme de Dhalia, o tom era tão agressivo e debochado que ficou parecendo que o autor do texto era inimigo pessoal do diretor... Pra que isso, gente?

Outro não se conformou em falar mal desse filme, em específico, e aproveitou para relembrar os problemas de Nina e de O Cheiro do ralo, os dois primeiros filmes de Dhalia. Os três trabalhos, por sinal, são universos completamente distintos e essa capacidade de o diretor se reinventar, seja escrevendo, produzindo e conduzindo filmes sobre temas díspares já é, ao meu ver, um ponto mais do que positivo. Na verdade, penso que fazer cinema é uma operação de guerra e valorizo muito quem se atreve a levar a cabo uma empreitada como essa. Só isso já exigira um mínimo de tolerância por parte de quem fica sentado escrevendo e apontando os erros e acertos alheios.

Da minha parte, achei o filme sensível e visualmente um deleite. A trilha sonora do Antônio Pinto (filho do Ziraldo, que inspirou o pai a escrever o livro O menino maluquinho) também é linda. Para além disso, as atuações de Débora Bloch e Vincent Cassel valem cada minuto da projeção. Sobre o roteiro, vamos lá: falar de separação, infidelidade e descoberta do sexo na adolescência parece a coisa mais batida do mundo... E é! Porém, vamos combinar que desde a distribuição das primeiras cópias da Bíblia, cuidadosamente concluídas pelos monges, tudo quanto é historia é batida, né não? O que vale é o jeito que cada um escolhe para contá-las e ponto final.

Não vou ficar dissertando sobre o que eu acho que poderia ter sido melhor no filme... Tô sem tempo e isso está longe de ser o mais importante. O fato é que eu gostei. Muito.

Atualização do post

Em tempo: saímos do cinema quase meia-noite, voltamos pra casa e fomos dormir. Acordei no dia seguinte com o Vicente Cassel na minha cabeça e por lá ele ficou por horas e horas... O cara está um charme e impagável no papel de pai afetuoso. Achei perfeita uma das críticas positivas que li sobre o filme quando o autor disse algo como: "Cassel faz uma interpretação solar. É um astro em torno do qual todos os demais persoangens orbitam". Nem precisava ser tão bonito...

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