segunda-feira, novembro 23, 2009

Senso sem direção




Eu me desdobro: origâmica.
E me azulejo: cerâmica.
Escorro em lava: vulcânica – sobre você.

E então me vejo: reflexo.
Um Rio Tejo em seu fluxo,
Cujo desejo (profundo) é se misturar ao mar.

Um oceano nostálgico
De águas salgadas, febris.
E correntezas incertas,
Ondas gigantes e hostis.

E ainda assim eu me entrego,
Submergindo, me enredo:
Sereia plena, feliz...

Espécie de néctar, fruta:
Pra sorver absoluta
Na boca da tua noite.

Sumo pra suar em febre
E entranhar em sua pele:
esse horizonte,
fronteira.
Penhasco,
abismo,
ladeira.
Avesso do meu direito,
onde espero me perder.


Goimar Dantas
São Paulo
27-08-09

7 comentários:

Anônimo disse...

Imagens, imagens e mais imagens! De há muito que seus poemas são imagéticos! As relações que você, metafórica e metonimicamente, faz saltar aos olhos e aos ouvidos nos seus versos são dignos de... admiração.
Esse poema é suavemente erótico, suavemente sensual, suavemente sensível, suavemente... suavemente... suavemente... nostálgico.
Eu já não sei o que escrever sobre seus poemas, pois acabo ficando suspeito, tal a admiração e a inveja que tenho dessa fluidez, dessa leveza e profundidade no dizer. Inveja saudável, sempre fique claro, de quem gostaria de ter 10% desse seu privilegiado talento.
Parabéns mais uma vez profunda leveza desses versos.
Prof. Leo Ricino

poesia potiguar disse...

E eu também já não sei o que dizer pra agradecer você. Acho que, no fundo e na superfície, você já sabe o quanto a sua opinião é importante pra mim.

Obrigada, sempre!

beijo da Gói

Anônimo disse...

bem-te-vi, eu vi MP39.

Anônimo disse...

nossa!!!cadê o livro de poesia? minha querida moça dos versos...

bj
Emerson

poesia potiguar disse...

Oi, Emerson!

Obrigada pelas palavras sempre tão gentis!


Um beijão!

Anônimo disse...

Cheguei aqui no seu blog não sei como. Mas o importante é que cheguei.

Belo poema. Parabéns.

Otelo.

poesia potiguar disse...

Otelo! Que nome mais shakespereano... Adorei!

Você está certo: como você chegou, não importa. O importante mesmo é que volte sempre e aprecie a viagem!

Obrigada!