sábado, julho 24, 2010

José, Pilar e um devaneio



Estou contando os dias pra assistir José & Pilar, do diretor Miguel Gonçalves Mendes. O filme aborda a relação do escritor português José Saramago com a jornalista espanhola Pilar del Rio, sua esposa durante mais de 20 anos. Eu poderia postar só o trailer do filme, já disponível no You Tube, mas preferi a matéria exibida pelo ótimo programa Entrelinhas, da TV Cultura, porque vai além e traz uma bela entrevista com o diretor.

Adoro filmes dessa natureza porque me interesso muitíssimo pelas pessoas, pelo modo como se portam no mundo, por seu processo de trabalho, suas escolhas, amores e lugares onde, por motivos vários, decidem habitar. Gosto de saber sobre suas manias, idiossincrasias, desejos, erros, acertos.

Gosto de observá-las por ângulos variados, de enveredar por seus labirintos, mistérios, memórias. Sinto prazer em acreditar que as conheço profundamente, mas também gosto quanto me surpreendem provando que isso é impossível. Quero saber quais suas músicas e livros preferidos, conhecer seus ritos, identificar seus gestos mais repetidos, suas qualidades, defeitos, segredos. Gosto tanto do ser humano que me espanto.

A vida de uma pessoa me interessa tanto quanto sua obra. No que se refere a escritores, por exemplo, adoro descobrir que fulano escreveu determinado texto porque estava apaixonado por beltrana ou influenciado por isso ou aquilo. Gosto de cruzar informações, de intertextualidades, influências. Gosto de ler cartas trocadas entre pessoas que já se foram ou que ainda vivem (mas que mal se lembram de que um dia escreveram as tais cartas). E é mágico sentir que o que descrevem entra pelas retinas da janela da minha alma como se fosse um filme, um livro, uma cena de um grande clássico.

Gosto de resgatar histórias empoeiradas, adormecidas no interior de gavetas, baús, caixas, corações. Gosto de trazer à tona lembranças repletas de carinho, amor, dor, humor. Histórias que corriam o risco de serem para sempre apagadas das linhas do mundo, não fosse a minha intervenção tão indiscreta.

Por isso escrevo: para tentar eternizar pessoas, histórias, coisas, eventos. Pura pretensão, eu sei... Mas uma pretensão que me faz muito, muito feliz.

Em tempo: dedico esse devaneio a todos os Josés e Pilares do mundo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei ler o devaneio.

Jose

poesia potiguar disse...

Ah, José!

Fico feliz demais quando gostam dos meus devaneios.

Abraços pra você!