segunda-feira, março 14, 2011

Helena Silveira e o poder mágico das palavras




“Um dia, um primo distante sentou na cadeira de balanço, me pegou no colo. Papai também, quando vinha, me punha no colo, cantava a Marselhesa. Mas o primo disse, afagando meus cabelos:

- Alarico é um homem muito acima de tudo. Creio que ele é um anarquista.
Havia em sua voz admiração e um pouco de susto. E eu comecei a pensar que ser anarquista era ser alto, magro, terno, ter uma voz grave que além da Marselhesa cantava-me La Valse Brune.

Certa feita, Jamil Almansur Haddad me disse que eu acreditava no poder mágico das palavras. Creio que é certo. Vivia as palavras. Minha identidade era-me dada com palavras. E o que mais me encantava era ser vária, posto que cada pessoa me contava a mim mesma de modo diferente, com palavras que me faziam, me construíam”.



Neste Dia da Poesia, compartilho esse trecho de prosa poética que li dia desses no livro Paisagem e Memória, de Helena Silveira (Editora Paz e Terra/Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura do Município de São Paulo, 1983). A obra é mais uma deliciosa descoberta garimpada para as pesquisas do meu livro Rotas Literárias de São Paulo. Se desejar saber um pouco mais sobre Helena Silveira, é só clicar aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Giomar

Parabens! Voce realmente encontrou um livro raro.
Rotas Literarias de Sao Paulo esta
predestinado ao sucesso.

Dedé

poesia potiguar disse...

Dedé, querido!

Obrigada! Estou tendo um trabalhão pra esse livro!! A quantidade de pesquisas e informações é imensa. Torça por mim!

Um beijo grande e saudades!