domingo, novembro 26, 2006

Meu pai em minha rua



Hoje eu senti um arrepio extremo
ao vislumbrar um homem em minha rua.
Gesticulava em meio a uma conversa,
vestia um short e tinha as costas nuas.

Era um retrato completo e fiel...
Da sua imagem possuía tudo...
Como é possível ter a aparência
de quem não faz mais parte deste mundo?!

Fiquei parada enquanto olhava a cena.
Mal conseguia acreditar em tudo.
Tinha seu jeito e sua impaciência.
E uma eloqüência de explicar o mundo.

Me deu vontade de correr pra ele
e abraçá-lo vendo a fronte tua.
E assim sentir a perfeição do toque
e resgatar a vida em meio à rua.

Observava sem nenhum cansaço
e me invadiu uma tristeza muda.
Por ter certeza de uma coincidência
e não de ver meu pai em minha rua.

Mas aí lembro: é 26 de março.
Não é uma data tão simples assim...
Faz nove anos e três meses longos,
que te levaram pra longe de mim.

Por isso creio num presente teu
e por momentos regressei no tempo.
Alimentei as ilusões perdidas.
Matei saudades por instantes plenos.


Goimar Dantas
Em algum dia de 1995.

Um comentário:

Anônimo disse...

O eterno " Ele não se foi" que toda criança alimenta lá dentro.Também sinto isso. Até hoje.

A foto é um escândalo.

bjus