sexta-feira, julho 24, 2009

Cordel surreal



Não resisto. Preciso compartilhar esse maravilhoso trecho da entrevista concedida por Ariano Suassuna aos editores do Cadernos de Literatura Brasileira, edição Número 10, ano 2000. Li hoje de madrugada e continuo em êxtase até agora. Deleitem-se também, sem moderação, é claro:

CADERNOS: O Simbolismo seria, na sua opinião, uma forma de aproximar o hermético do cordel?

Ariano Suassuna: Veja bem, na própria poesia popular, às vezes, você tem esse hermetismo. Vou lhes dizer uma décima popular. Veja que coisa mais linda: “No tempo em que os ventos suis/faziam estragos gerais/fiz barrocas nos quintais/semeei cravos azuis/nasceram esses tatus/amarelos como cidro/Prometi a Santo Izidro/com muito jeito e amor/levá-los como uma flor/em uma taça de vidro”. É uma décima surrealista, não é? E uma coisa popular – quer dizer, o público tem também atração pelo obscuro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional !

Obrigado por isto.

Um abço
WF

Free disse...

Maravilhooosoo!!

Cássia disse...

espero sonhar com cravos azuis e tatus amarelos.