sábado, setembro 11, 2010

Para Alice



Lendo Alice Ruiz
cessam os ruídos.
Ali se é feliz.

Goimar Dantas
São Paulo
Setembro/2010



Dia desses, estive na casa da poeta e compositora Alice Ruiz. O objetivo era entrevistá-la para meu livro Rotas literárias de São Paulo. E foi um privilégio conhecer o espaço onde a poeta cria, canta, compõe. Ali, Alice expôs sua paixão por São Paulo, por seu trabalho, por seus parceiros na música, na vida, na escrita.


O jardim de Alice: paisagem/passagem estratégica entre a sala e o escritório.

Naquele espaço verdadeiramente verde, bucólico e arejado, condizente com uma casa onde vibra o som e o sentido, Alice me recebeu munida de sorriso, simpatia, sinceridade e sensibilidade – quarteto que compõe prosas inesquecíveis. E a poeta contou e encantou. De tudo um pouco. Do pouco, muito. Do muito, múltiplas sensações.

Tomamos assento na sala, próximas ao piano. E talvez por estar sempre conectada ao espírito dos instrumentos, Alice me fez ouvir música durante todo o tempo em que durou a conversa. De sua voz brotavam cânticos, cantigas de amor e de amigo, versos em meio a solfejos.

E, vez ou outra, embalada pelas melodias, pensei ter visto nos olhos de Alice um quê de mar cujas águas, serenas, não viram necessidade de rebentar na praia de suas faces.

Era um dia de calor em pleno inverno paulistano, e no campo daquele cenário, passei mais de uma hora colhendo os frutos da memória de Alice: versos e reversos fluindo na prosa de sua história. E ouvindo Alice, em meio à colheita, tive certeza: realmente nunca escrevi haikais (como ela o faz, sabiamente seguindo as regras poéticas desse estilo). O que eu faço, no máximo, é "Raio que cai" – roubando uma expressão deliciosa criada por meu bem, meu "Maurício" para definir esse tipo de poesia que ouso praticar com poucas frases.

“Raios que caem” à parte, o fato é que, ao lado de Alice, vivi uma dessas horas mágicas que jamais se perderão no vão da memória. Até porque só se perde na memória o que não foi guardado com o pulso ritmado do coração. Daí a constatação: os momentos que passei com Alice serão como os versos daquele poema que a gente sabe de (coeur).

E para saber mais sobre Alice Ruiz, basta clicar aqui. Encerro deixando vocês com uma música linda que Alice compôs com um de seus parceiros mais frequentes: Arnaldo Antunes.

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