sexta-feira, junho 03, 2011

Perdas

Na última quarta-feira perdemos Khadija, a cachorrinha do meu filho. A esperta vira-latas vivia no Sul de Minas, na casa da minha sogra. Lá, além de amor, desfrutava de mais espaço e liberdade – como tem de ser. Aos nove anos, era considerada uma idosa para o universo canino. Mas saber disso não traz nenhum alento. Queríamos mais é que fosse eterna, desejo que se repete com tudo e todos a quem amamos.

No mesmo dia perdi, ainda, o primeiro ídolo musical da minha infância. O cantor espanhol Manolo Otero, por quem me apaixonei perdidamente durante fase madura e altiva que coincidiu com a terceira-série primária. Lembro de que infernizei meu pobre pai durante semanas, até que ele se rendeu e me presenteou com o disco do charmosíssimo galã romântico. Nunca entendi como aquele vinil não furou na faixa que continha a canção Vuelvo a ti, que eu ouvia umas duzentas vezes por dia.

É fato: criaturas queridas morrem ou simplesmente vão embora; casas se deterioram ou são demolidas; árvores nas quais subíamos na infância são arrancadas devido à expansão imobiliária e escolas guardam de nossa passagem apenas a cópia amarelada de um histórico cujas notas jamais poderão traduzir as descobertas, alegrias, decepções e sonhos vividos ali.

Ao fim de tudo, o que resta? O que fica? O que não se perde? Sentimento. Memória. História. Por isso escrevo, registro, conto. E ressalto: o ponto final não passa de um bobo sinal gramatical.

4 comentários:

Suzana Giordani disse...

Oi Goimar, voce sempre "cutucando" as minhas feridas... e a conclusao que chego e que realmente nada e para sempre, A NAO SER NOSSOS SENTIMENTOS. Imagino como seu filho e voces estao se sentindo em relacao ao cachorrinho, e muito triste... Acabei de ganhar uma cadelinha "raca ruim" como a chamo, a MILLA, e apesar de ela estar conosco apenas 2 semanas ja estamos apaixonados por ela. O importante e curtir o momento, enuqanto ele dure. bjs. Suzana

poesia potiguar disse...

Querida Suzana,

obrigada pelas palavras e pelo carinho de sempre. Tenho acompanhado sua paixão pela Milla via facebook. Ela é mesmo linda.E você está certíssima: o sentimento pode, sim, ser para sempre.

beijos!

Mara disse...

Ah, minha amiga... o que fica é o amor e as lembranças...

Força pro filhote, não é fácil perder o melhor amigo!

beijo

poesia potiguar disse...

Mara, querida, obrigada pelo carinho!

beijos!