Se ousarmos arriscar uma rápida definição, podemos descrever os sonhos como uma miscelânea constituída de matéria de memória, cacos do cotidiano, projeções do futuro, impulsos, intuições, desejos explícitos e também reprimidos. E uma vez entregues aos braços de Morfeu, esse mix de ingredientes oníricos é devidamente batido no liquidificador do subconsciente. Como resultado, iniciamos um incrível passeio pelo mundo maravilhoso de nossas próprias Mil e uma noites, repletas de paisagens e cenas tão misteriosas quanto reveladoras.
Dia dessas, por exemplo, sonhei que o escritor Marcelino Freire me presenteava com o nome de um personagem. Acordei em meio à madrugada tomada pela lembrança poderosa daquele substantivo próprio tão sonoro quanto esdrúxulo. Imediatamente, anotei o tal nome que, um dia, usarei em um conto ou romance. Acredito piamente que quando sonhamos com alguém estamos, de alguma forma, estabelecendo contato com essa pessoa –muito embora ela, conscientemente, não se dê conta disso. E por pensar assim, faço questão de cruzar a fronteira do sonho na direção da realidade para dizer: obrigada, Marcelino. De todo o meu coração, obrigada.
segunda-feira, maio 30, 2011
sexta-feira, maio 27, 2011
O dia em que descobri meu vício
Soube que era viciada em café há três anos, quando passei por um tratamento odontológico que proibia a ingestão dessa bebida por uma semana. Minha dentista perguntou: “Tudo bem pra você ficar sem café?”. E eu, convicta: “Claro, sem problemas. Só tomo mesmo um golinho de manhã e outro à tarde”. No dia seguinte, às 10 horas, eu já estava subindo pelas paredes, nervosíssima. Foi um choque sem precedentes: eu tinha um vício e não sabia.
Imediatamente lembrei de um chefe que tive na época da faculdade de jornalismo. Ele era alcoólatra e, volta e meia, era acometido por delirium tremens. Lembro de suas mãos chacoalhando na tentativa vã de equilibrar míseras folhas, óculos, canetas. Não demorava muito e ele entrava em sua sala para recompor-se com uma dose de uísque. Então, suas mãos paravam de tremer e tudo voltava ao normal. Eu tinha pena dele. Mais do que isso: o considerava um fraco, um derrotado.
Mas a casa caiu no dia em que fiquei sem meu cafezinho. Passei uma semana de cão até poder voltar a ingerir o líquido negro e fumegante que me acorda e aquece, deslizando quente por minha garganta sempre tão sensível e carente de calor. Desde então, penso um milhão de vezes antes de ter pena de quem quer seja. E quanto a me sentir superior em relação aos alcoólatras, fumantes e que tais, só me resta confessar: Perdi, playboy... Perdi.
Imediatamente lembrei de um chefe que tive na época da faculdade de jornalismo. Ele era alcoólatra e, volta e meia, era acometido por delirium tremens. Lembro de suas mãos chacoalhando na tentativa vã de equilibrar míseras folhas, óculos, canetas. Não demorava muito e ele entrava em sua sala para recompor-se com uma dose de uísque. Então, suas mãos paravam de tremer e tudo voltava ao normal. Eu tinha pena dele. Mais do que isso: o considerava um fraco, um derrotado.
Mas a casa caiu no dia em que fiquei sem meu cafezinho. Passei uma semana de cão até poder voltar a ingerir o líquido negro e fumegante que me acorda e aquece, deslizando quente por minha garganta sempre tão sensível e carente de calor. Desde então, penso um milhão de vezes antes de ter pena de quem quer seja. E quanto a me sentir superior em relação aos alcoólatras, fumantes e que tais, só me resta confessar: Perdi, playboy... Perdi.
Papangu em destaque

Neste mês, o Quem tem medo de papangu? foi um dos destaques do site Educar para crescer, da Editora Abril, que fez uma seleção contendo 10 livros infantis que abordam histórias indígenas e folclore. Para ler, clique aqui.
quarta-feira, maio 25, 2011
Por uma leitura do olhar
Um olhar pode ser um gênero literário. Esferas dilatadas evidenciando romance, drama, suspense, ensaio, poesia, crítica, ficção. E como num processo editorial, exigir etapas de preparação e revisão. Um olhar pode ser também tradução. De desejo, vontade, lampejo. Um olhar pode simbolizar um beijo. Pode nos sugar para dentro de sua trama. Um olhar pode ser sacana. Intenso e invasivo a ponto de constranger, de intimidar. Um olhar pode delatar, matar, destruir. Fazer o coração partir. Mas um olhar pode, ainda, seduzir, redimir, salvar, entusiasmar, acariciar. Se coubesse a mim redigir a Constituição, o artigo primeiro seria: É direito de todo o cidadão aprender a ler o olhar.
terça-feira, maio 24, 2011
Quebra-cabeça
“A capital do Canadá é Ottawa. Cândido Portinari é o maior pintor do Brasil. A palavra assassino tem quatros esses. O melhor time do Brasil é o Corinthians. Paulo Maluf é um #&*@!#$%¨&*!! Existem dois partidos no Brasil: Arena e MDB. Eu sou MDB.Vai comprar meu jornal, mas traz o Cidade de Santos. Só compre A Tribuna se o Cidade de Santos já tiver acabado. Você já tem 9 anos e ainda não sabe todas as capitais do Brasil? Traz o meu Guaraná gelado. Pega água pra mim. Eu, um peão, concorri com um monte de engenheiros e tirei o primeiro lugar na prova de conhecimentos gerais. Liga o toca-discos e põe no último volume. Se sua mãe se separasse de mim, você ficaria comigo ou com ela? Eu acho que nunca iria conseguir dirigir. Vou parar de beber quando as meninas ficarem mocinhas porque não quero que sintam vergonha de mim. Namoro até tarde? Na minha casa cabra-macho não vai passar das nove da noite. Não quero morrer velho, basta eu formar minhas filhas na faculdade e já está bom. Fica quieta, que eu tô assistindo o jornal. Solte o cachorro. Se acontecer alguma coisa com uma das minhas filhas eu me atiro na linha do trem. Acho a Angelina Muniz a mulher mais bonita do Brasil. Essa é uma pergunta idiota.Eu não sei o que você vê nesses Menudos, pra mim são todos uns veados. Se eu tivesse estudado, seria jornalista. É a profissão mais bonita que existe. Eu odeio despedidas. Calma, minha filha, a viagem já vai acabar”.
Essas frases são as peças principais que compõem o quebra-cabeça formado pelo meu pai, morto quando eu tinha 13 anos. Não sei se um dia conseguirei montá-lo completamente, mas prosseguirei tentando.
Essas frases são as peças principais que compõem o quebra-cabeça formado pelo meu pai, morto quando eu tinha 13 anos. Não sei se um dia conseguirei montá-lo completamente, mas prosseguirei tentando.
segunda-feira, maio 23, 2011
Transpiração e inspiração: o par perfeito
“A inspiração não é de todos os instantes. Só os loucos têm inspiração permanente”. Esta é uma das tantas frases sensacionais do poeta, romancista, crítico e musicólogo Mário de Andrade. Li-a ontem à noite, à página 249 do essencial História do Modernismo Brasileiro, de Mário da Silva Brito. Imediatamente, fui levada a refletir sobre o ofício da escrita e, por extensão, os conceitos de arte e criação. Outra variação sobre o mesmo tema advém de uma lembrança pessoal: trata-se de uma máxima do professor Dirceu Fernandes Lopes que, em suas aulas de História do Jornalismo no Brasil, frisava: “Escrever é 5% de inspiração e 95% de transpiração”.
Tanto a frase de Mário de Andrade quanto à do professor Dirceu nos remetem à importância do trabalho árduo em detrimento da espera acomodada pela inspiração divina. Ambas escancaram a verdade: quem escreve, pinta, toca, compõe, esculpe, atua, dança ou realiza qualquer outro tipo de atividade artística precisa ser, antes de tudo, um trabalhador. Um operário cujo esforço e labuta devem ser diários. Horas de prática, treino, reflexão, tentativa, erro, acerto, suor e cansaço são necessárias para exercitar os neurônios, abrir os poros da intuição e dilatar as pupilas da alma. Sem essa série cotidiana de ginástica física, mental e psicológica não há inspiração que se aproxime. Até porque ela é uma figura lindíssima, cheia de charme, exigente. E só aceita fazer par com quem luta, de forma obstinada, para merecê-la.
Tanto a frase de Mário de Andrade quanto à do professor Dirceu nos remetem à importância do trabalho árduo em detrimento da espera acomodada pela inspiração divina. Ambas escancaram a verdade: quem escreve, pinta, toca, compõe, esculpe, atua, dança ou realiza qualquer outro tipo de atividade artística precisa ser, antes de tudo, um trabalhador. Um operário cujo esforço e labuta devem ser diários. Horas de prática, treino, reflexão, tentativa, erro, acerto, suor e cansaço são necessárias para exercitar os neurônios, abrir os poros da intuição e dilatar as pupilas da alma. Sem essa série cotidiana de ginástica física, mental e psicológica não há inspiração que se aproxime. Até porque ela é uma figura lindíssima, cheia de charme, exigente. E só aceita fazer par com quem luta, de forma obstinada, para merecê-la.
domingo, maio 22, 2011
Solidão
Ficar sozinha, por vezes, pode ser uma dádiva. No meu caso, pelo menos, a solidão traz consigo um aguçado senso de observação. Meus sentidos se elevam à quinta potência e me permitem ler e escrever com uma dose de entrega muito superior à do dia a dia, quando, geralmente, o tumulto é geral.
A leitura, por exemplo, se torna uma viagem bastante próxima do real, uma vez que a quietude possibilita um mergulho profundo no reino das palavras. Aliás, diferentemente dos mergulhos realizados na água, submergir às grandes profundidades de um texto geralmente nos traz mais oxigênio, além de eliminar qualquer possibilidade de pressão.
É verdade que a superfície tem seus encantos. Mas também é verdade que ela pode esperar.
A leitura, por exemplo, se torna uma viagem bastante próxima do real, uma vez que a quietude possibilita um mergulho profundo no reino das palavras. Aliás, diferentemente dos mergulhos realizados na água, submergir às grandes profundidades de um texto geralmente nos traz mais oxigênio, além de eliminar qualquer possibilidade de pressão.
É verdade que a superfície tem seus encantos. Mas também é verdade que ela pode esperar.
quarta-feira, maio 04, 2011
Hilda Hilst e Adélia Prado

Com Hilda Hilst, em 2002, durante entrega do Prêmio Moinho Santista, concedido à autora pelo conjunto da obra.
Com Adélia Prado, em 2010, durante palestra que a poeta realizou em Cubatão.
Isso é incrível, mas só hoje me ocorreu avisar aqui no blog que minha dissertação de mestrado, defendida em 2003 e intitulada O sagrado e o profano nas poéticas de Hilda Hilst e Adélia Prado ,está disponível para leitura no meu site (que, por sinal, está desatualizadíssimo). Um trabalho que me tomou dois anos e do qual eu tenho um orgulho danado. Um mergulho profundo na obra de duas autoras que admiro muitíssimo. É uma pena que Hilda não esteja mais conosco, pelo menos no plano físico. Este trabalho tem sido, para mim, uma forma de reafirmar, sempre, o quanto eu as considero eternas. Para ler, basta clicar aqui.
Em tempo: quando tirei essa foto com Hilda, ela já falava e caminhava com extrema dificuldade devido à isquemia cerebral que havia sofrido. Na ocasião, a poeta estava em muitíssimo boa companhia, cercada por amigos queridos, como a escritora Lygia Fagundes Telles, o querido escritor Mora Fuentes (falecido em 2009, Mora nos recebeu carinhosamente na Casa do Sol, onde Hilda viveu durante décadas, em 2007, em dia inesquecível que relato aqui) e a artista plástica Maria Bonomi (que aparece à esquerda da foto, sorrindo). Com a cara de pau que me é peculiar, ao fim da cerimônia pedi licença ao grupo, me aproximei de Hilda, me apresentei e disse: "-Hilda, estou concluindo uma dissertação de mestrado sobre você e Adélia. O tema é tal, etc".
Em entrevista concedida aos Cadernos de Literatura Brasileira, publicado pelo Instituto Moreira Salles, Hilda já confessara que ficava comovidíssima quando descobria que fulano ou beltrano estava escrevendo uma dissertação/tese sobre sua obra. E naquele momento tive certeza de que a afirmação era a mais pura verdade. Debilitada pela doença, falando de modo compreensível apenas para os mais íntimos, Hilda resolveu poupar as palavras comigo. Ao ouvir meu relato, simplesmente pôs as duas mãos em meu rosto e me olhou com ternura imensa, emoldurada pelos olhos rasos d'água.
Hilda nos deixou em 4 de fevereiro de 2004.
terça-feira, abril 26, 2011
Tecendo girassóis

A professora e contadora de histórias pernambucana Renata de Holanda publicou ontem a primeira parte da entrevista que fez comigo para o seu blog Tecer Girassóis, que é um espaço para a divulgação de autores, livros, editoras, histórias e demais assuntos relacionados à literatura. A segunda parte do bate-papo será divulgada hoje, a qualquer momento. Convido a todos para tecer girassóis junto comigo! E a Renata ainda promete uma surpresa para quem postar um comentário lá na entrevista!! Como diria o Chico: "O que será que será/ que andam sussurrando em versos e trovas?" Para acessar o blog e ler a primeira parte da entrevista, já disponível, é só clicar aqui.
Nessa primeira parte do papo, falei sobre influências literárias e processo criativo. Na segunda metade da conversa, discorri sobre a importância das ilustrações nos livros infantis, conto como surgiu meu livro Quem tem medo de papangu?, falo sobre preferências literárias, meus novos projetos de trabalho e ainda me atrevo(!) a dar dicas para quem deseja escrever profissionalmente.
Renata é um graça de menina, muito empenhada em fazer dos livros um instrumento de trabalho e de prazer não só para a sua vida, mas para o máximo de pessoas possível. É uma andorinha fazendo um verão eterno e repleto de girassóis. Adorei cruzar com ela nessa vereda virtual e espero conhecê-la pessoalmente quando voltar a visitar Recife :)
segunda-feira, abril 25, 2011
Minhas "Veias em versos"
Há uns quatro anos, a TV UNISA, transmitida pelo Canal Universitário, levou ao ar o projeto Poema de cada dia, apresentado pelo professor Leo Ricino. O objetivo era oferecer ao público um vasto repertório poético, tanto de autores consagrados quanto de poetas ainda não publicados (categoria em que estou incluída uma vez que, à exceção de dois de meus poemas, presentes na coletânea São Paulo minha cidade.Com - Mais de mil memórias, os demais só circulam via internet).
Leo escolheu uns três poemas meus para ler no projeto da TV Unisa, dentre eles, o "Veias em versos", que agora está no You Tube. Escrevi esse poema há uns 15 anos, enquanto ouvia Moonlight Sonata, de Beethoven.
segunda-feira, abril 18, 2011
Papangu, Sherazade & Cia
Gente, e não é que precisei encarnar a Sherazade no último sábado à tarde? No evento do Colégio São Domingos coube a mim papear sobre o livro Quem tem medo de papangu? com os pequenos da Educação Infantil. Precisei adaptar o bate-papo, que eu tinha programado para crianças entre 8 e 10 anos, para a molecadinha menor, com idade entre 2 e 6 anos.
Para isso, levei apetrechos típicos do protagonista do livro, tais como máscara rústica confeccionada com pacote, guarda-chuva, saco de lixo, penico, balas, pirulitos, barra de goiabada e um cinto que fazia às vezes de chicote. Eu nunca tinha feito coisa parecida, mas valeu a pena. Penso que com crianças tão pequenas, simplesmente não dá pra sentar lá e ficar falando sem nenhum artefato lúdico. Então, invoquei a Sherazade que habita em mim e mandei ver na contação de história.
Mas preciso confessar que tive a ajuda preciosíssima do garoto mais esperto, inteligente e articulado que conheci na vida. Trata-se de Fabrízio, o mais "velho" do grupo. Do alto dos seus 7 anos, banguela e charmoso até a medula, o susperstar já não fazia parte da turma da Educação Infantil. Mesmo assim, quis conferir a história do papangu.
Tão logo comecei a contação, Fabrízio assumiu o papel de assistente de direção, ator e coautor, chegando ao ponto de responder uma de minhas perguntas em versos!!! No final de tudo, me pegou pela mãos e me levou até o laboratório de biologia, de modo que eu visse um lagarto mortinho da silva, devidamente embebido em formol mas que, segundo ele, era "igualzinho" ao lagarto/calango ilustrado na página 9 do Quem tem medo de papangu?.Um programa, enfim, irresistível.
Além de roubar a cena, Fabrízio conquistou meu coração para sempre (meu bem meu "Maurício", o maridão que estava lá fotografando tudo, sabe que é definitivo: Fabrízio é inesquecível e ponto final).
Os pais se divertiram, as crianças também e eu, claro, mais ainda. Depois dessa, estou pensando seriamente em fazer um curso de contaçao de histórias. Penso que quem escreve livros infantis tem de estar preparado para dialogar com os pequenos da melhor forma possível. Por isso mesmo, no que depender de mim, meus dias de Dona Benta e de Sherazade estão só começando :P
E lá pelas tantas, abri para perguntas e essa coisa fofa aí de cima, vestido com a fantasia do cowboy Wood, do filme Toy Story, saiu com essa: "Eu queria saber quando é que o papangu vem pra São Paulo?" Não é fofo?
Já essa princesa da foto acima é a Laís, ou Lalá. Quando perguntei às crianças quem pensava em escrever um livro um dia, várias ergueram as mãos. Então questionei sobre o quê desejariam escrever. Fabrízio disse que escreveria sobre trens. "Wood" respondeu que preferia escrever sobre aviões. E quando perguntei à Lala sobre o que ela escreveria a pequenina respondeu: "Ih... Esqueci...". Não importa, não é? O que não falta a ela é tempo para pensar num tema :)
E falando em tempo: hoje, aniversário de Monteiro Lobato, é o Dia Nacional do Livro Infantil. Que tal você aproveitar e comemorar a data contando uma história bem legal para as crianças que convivem com você? Fica a dica!
quinta-feira, abril 14, 2011
Papangu no Colégio São Domingos

(As irmãs e o Livro, do iraniano Iman Maleki, Teerã, Irã, 1976).
Neste sábado, dia 16 de abril, às 14h30, participarei de um bate-papo sobre o meu livro Quem tem medo de papangu? com a criançada do Colégio São Domingos, na Rua Monte Alegre, 1083, Perdizes. O encontro faz parte do evento LER – Leitura, Emoções Raras, que acontece das 12 às 18h, com entrada franca. Se você tem filhos, sobrinhos, netos, afilhados ou enteados apareça lá com as crianças! Será uma tarde inesquecível e repleta de atividades relacionas à leitura, à arte, à fantasia.
Vai ter feira de livros (com ótimos descontos!), cineclube e cineclubinho, oficinas com autores de livros infantojuvenis, apresentações musicais, saraus, contações de histórias, performances, leituras dramáticas, exposições e ensaios de professores e alunos, ensaios fotográficos, mediação de leituras feita pelo projeto Interagir e oficina de restauro de livros.
Fala sério, não está imperdível essa programação?
Ah, mais uma coisa: o que é essa pintura escolhida pelo pessoal do colégio para ilustrar o cartaz do evento????? Bom gosto chegou aí e parou, não é? Fiquei com-ple-ta-men-te apaixonada!
Espero você no sábado! Até lá!
quarta-feira, março 30, 2011
As bodas de cristal e a caneca de ágata

Fui pesquisar e descobri que eu e o "meu bem, meu Maurício" estamos comemorando hoje o que se intitula “Bodas de Cristal”, que equivalem a 15 anos de casamento.
Achei um paradoxo. Então a gente ama, luta, batalha, sorri, chora, atrasa, chega na hora, sofre, cai, levanta, espanta, surpreende, decepciona, entende, ganha, perde, cede, renova a paixão, estende a mão, tem filhos, tem medo, compartilha segredos, vibra, briga, faz as pazes, cuida, protege, preserva, persevera, alimenta, sustenta, magoa, perdoa, vacila, vence, anima, ensina, aprende, repreende, tenta, consegue, reluta, abusa, acusa, aconselha, orienta, vela, revela, machuca, cura, argumenta, encoraja, envolve, comove, esfria, aquece, aguenta, grita, silencia, provoca, apaga, acende, beija, abraça, prende, enlaça, acorda, adormece, sonha, fantasia, realiza, estabelece, esquece, recorda, vive, viaja, atravessa um mundo e toda essa jornada é comparada a um cristal – sempre associado à beleza, mas, também, à fragilidade?
Considerei estranha essa simbologia porque, afinal de contas, dividir a vida com alguém nesse mundo doido, por 15 anos, sempre permanecendo “junto e misturado”, é uma prova irrefutável de amor, força, fé na vida, no passado, no presente e no futuro. E é a essa força – determinante nesse longo caminho – que brindaremos hoje. Em taças de cristal? Vá lá, pode até ser. Na hora da foto fica bonito.

Mas no dia a dia, no pão, pão, queijo, queijo, para segurar a onda do amor verdadeiro (que vence barreiras e desafia o mundo inteiro) o melhor mesmo é confiar naquelas canecas de casa de vó que mora no interior, sabe? Aquelas coloridas, de ágata? Pois é... Essas, sim, podem cair cem, duzentas vezes... Às vezes perdem uma lasca aqui, outra ali... Mas nunca, nunca quebram.

Parabéns pra nós, meu amor: pela beleza do cristal, aliada à solidez das canecas.E pra finalizar, a música que me lembra nosso primeiro encontro, lá naquela longínqua e inesquecível oitava série.
terça-feira, março 29, 2011
Crescendo com o papangu

E antes que março se acabe, vale registrar: o Quem tem medo de papangu? foi uma das dicas de leitura da Revista Crescer deste mês. Clique aqui para ler.
sexta-feira, março 25, 2011
Definição
quarta-feira, março 23, 2011
segunda-feira, março 14, 2011
Helena Silveira e o poder mágico das palavras

“Um dia, um primo distante sentou na cadeira de balanço, me pegou no colo. Papai também, quando vinha, me punha no colo, cantava a Marselhesa. Mas o primo disse, afagando meus cabelos:
- Alarico é um homem muito acima de tudo. Creio que ele é um anarquista.
Havia em sua voz admiração e um pouco de susto. E eu comecei a pensar que ser anarquista era ser alto, magro, terno, ter uma voz grave que além da Marselhesa cantava-me La Valse Brune.
Certa feita, Jamil Almansur Haddad me disse que eu acreditava no poder mágico das palavras. Creio que é certo. Vivia as palavras. Minha identidade era-me dada com palavras. E o que mais me encantava era ser vária, posto que cada pessoa me contava a mim mesma de modo diferente, com palavras que me faziam, me construíam”.
Neste Dia da Poesia, compartilho esse trecho de prosa poética que li dia desses no livro Paisagem e Memória, de Helena Silveira (Editora Paz e Terra/Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura do Município de São Paulo, 1983). A obra é mais uma deliciosa descoberta garimpada para as pesquisas do meu livro Rotas Literárias de São Paulo. Se desejar saber um pouco mais sobre Helena Silveira, é só clicar aqui.
sexta-feira, março 04, 2011
Papangu faz folia na Folhinha

O papangu não é bobo nem nada e já tá fazendo folia há dias! Ontem, o danado foi destaque no Suplemento Infantil (online) do Jornal Folha de S. Paulo. Para ler a matéria, clique aqui.
quarta-feira, março 02, 2011
O dia em que o papangu invadiu Perdizes
O lançamento do Quem tem medo de papangu?, na Livaria Cortez, no bairro de Perdizes, em São Paulo, foi um momento mágico. Dezenas de crianças e adultos ficaram hipnotizadas ouvindo a história do mascarado que toma as ruas do Nordeste em época de Carnaval.
A atriz e contadora de histórias Gabriella Lois, acompanhada do músico Rodrigo Ieno, nos conduziram pra dentro de um sonho inesquecível, repleto de folia, histórias seculares e personagens que se reiventam ao longo do tempo.
A alegria dos grandes encontros tomou os corações de assalto e nos fez refém felizes de uma manhã cujo sol tingiu de amarelo vivo o espírito inquieto de todos os presentes. E a cor foi vibrante o bastante para trazer à tona infâncias que já se faziam distantes.
E em meio à tanta folia, eu não sabia se autografava ou se sorria.
E foi tão linda a energia que, por todo aquele dia, senti ter novos irmãos. Gente que ilustra sonhos, que conta, canta e encanta.
E teve oficina de máscaras, introduzindo, com graça, às artes da transformação.
E menino papangu surgindo todo pimpão... Vestindo seu personagem e roubando nossa atenção!
E a folia foi tamanha que fisgou o sonhador, que bailou com minha menina e com a mamãe que me gerou.
Meus companheiros de viagem aderiram ao Carnaval e curtiram o papangu com animação sem igual.
E então os laços de sangue e de afeto se juntaram em meio às serpentinas, aos confetes, às marchinhas...
E eu só tenho a agradecer, a quem ajudou a fazer todo esse dia real...
Essa gente tão amiga,
dedicada,
tão esperta,
que transformou em grande festa
o meu sonho de menina.
Um sonho de Carnaval,
de festa do interior,
do avô que me deixou
como herança mais bonita
essa vontade infinita
de contar a linda história
que é possível ler agora!
terça-feira, março 01, 2011
Papangu com cajuína
O folião papangu não perde tempo: foi parar em Teresina, nas páginas do suplemento infantil do jornal Meio Norte. Para ler a matéria, que está disponível em PDF, clique aqui.
E como não se pode falar em Teresina sem lembrar de cajuína, aproveito pra deixar aqui uma das músicas de que mais gosto nesse mundo véio sem porteira. Aliás, Caetano realmente tinha que fazer parte do repertório de hoje, uma vez que essa noite tive um sonho incrível com ele. E mais não digo :)
E como não se pode falar em Teresina sem lembrar de cajuína, aproveito pra deixar aqui uma das músicas de que mais gosto nesse mundo véio sem porteira. Aliás, Caetano realmente tinha que fazer parte do repertório de hoje, uma vez que essa noite tive um sonho incrível com ele. E mais não digo :)
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