quinta-feira, dezembro 04, 2008

Sonhos de menina



Histórias de amor geralmente não têm como ser explicadas usando “Aurélio” e “Houaiss”. São e pronto. Levam a gente à loucura e pronto. É assim. Como dois e dois são cinco (já dizia aquele gênio polêmico nascido em Santo Amaro da Purificação).

Mas daí vem a gente querendo escrever sobre essas histórias de amor. Vem a gente querendo entender mais sobre elas. Vem a gente querendo dar um jeito de traduzir o intraduzível...

E lá vou eu tentar explicar meu amor pela música “Sonhos”, do Peninha. Amor de infância, diga-se. Na minha casa, meus pais só escutavam rádio AM. E essa música era um verdadeiro hit nos programas populares.

Nessa época, eu ainda não tinha histórias de amor mal-sucedidas, dessas de arrancar os cabelos. Quer dizer, tinha o Fabiano, um amor platônico da pré-escola. Um menino de olhos azuis, cabelos loiros e totalmente desprovido de qualquer indício de que soubesse da minha existência. Mas eu não sofria com isso. Afinal, ele era bonito mesmo olhando sempre para o lado oposto de onde eu estava. E, naquele tempo, apreciar o belo me bastava.

Poucos anos depois, apesar de ainda não sofrer, mal o rádio iniciava os primeiros acordes de Sonhos, eu ficava lá, com o olhar perdido, imaginando romances tórridos com os meninos da minha classe... Com meninos da minha rua... Com qualquer menino que cruzasse o meu caminho (descrição do meu conceito de romance tórrido na infância: beijo na boca, seguido de sorvete ou vice-versa). Verdade seja dita, não importava o menino. O coitado era um mísero objeto pra que eu pudesse entrar no universo de amor e dor propiciado pela música.

Não é incrível esse poder de transcendência provocado pela letra e pela melodia de algumas canções?

Eu me rendo a elas. E ainda hoje, tantos anos depois, volta e meia crio mundos para poder me entranhar em algumas músicas. Nessas horas, deixo a imaginação dar o tom e vivo outras vidas. Outras paisagens. Transito por outras fronteiras. E dou graças, sempre, pela viagem. Porque toda viagem é um aprendizado. E o que mais me atrai nessa vida é o conhecimento e a possibilidade de experimentar o novo (mesmo quando ele está usando trajes antigos).

E ontem, pude viajar novamente à minha infância, aprendendo um pouco mais sobre ela. Bastou que, para isso, eu encontrasse um passaporte disponível no You tube. Um bilhete irrecusável concedido por Paula Toller. Eu não estava procurando por essa viagem, em específico, mas, como ela surgiu na minha frente, agradeci e embarquei.

E lá estava o novo, vestida de mim mesma, aos 9 anos de idade, sonhando com meninos. E o poder dessa imagem trouxe mais inspiração e alegria ao meu dia. E não bastasse isso, ao me ver menina, escutando Peninha mesclado à voz de Paula Toller, aprendi que os Sonhos vão e voltam, às vezes com vozes, tons, trejeitos e estilos diferentes.

7 comentários:

EMERSON RAMACIOTI disse...

''SOU SEU FÃ ''SEMPRE LEIO O SEU BLOG!!!SABIA ELE É O MEU REMEDIO ANTI-STRESS,PARABENS!

poesia potiguar disse...

Cássio,

Muito obrigada! Você não tem idéia de como eu fico feliz por saber disso...
Você tem blog também? Não consegui acessar...

Volte sempre!

Beijão!

Cássia disse...

Menina gostadora de letras e notas!
Os textos acompanhados de boa música são sempre um deleite...

poesia potiguar disse...

Oi, Cá!!

que bom você ter gostado!!! achei maravihosa essa interpretação da Paula Toller!

beijos!

EMERSON RAMACIOTI disse...

eu ainda nao tenho um blog!mas continuo sendo seu fã e adoro as suas poesias e seus textos .

até

Zilmara Dahn disse...

menina, não lembrei dessa música. A única coisa que lembro é do Roberto Carlos cantando no radinho do pai aquela música que ele fez pro Caetano, debaixo dos caracóis dos seus cabelos..e eu imaginando uma mulata,com uma lata d'água na cabeça, com a cabeleira ao vento. Mas como o amor te domina, te entorpece e te chama de lagartixa, não me admira seus delírios de moleca com uma letra dessa, de homem maduro se esquartejando num sofrimento atroz-passivo-reflexivo.

rsrsrsrs

Eu me acabo contigo!

poesia potiguar disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Eu também "me acabo contigo", irmãzinha!!!!!! Imagina se eu teria condições de refletir sobre o exílio de Caê em Londres durante minha infância?? Eu nem sabia que Londres existia naquele época. hahahahahahah
Aliás, aposto que o mundo inteiro imaginava uma mulata parecida com a sua quando ouvia Roberto falando dos caracóis. hehheheheeheheheh

beijos!