domingo, fevereiro 22, 2009

Na veia




É Carnaval lá fora. Cá dentro, entretanto, tento organizar meus livros velhos na minha estante nova e minhas ideias novas na minha cabeça velha. É trabalho pesado e já suei em bicas desde a hora em que dei início a esse esforço descomunal. Há dias deixei meu escritório minúsculo pra trás porque o calor está absurdo nessas paragens e eu capitulei. Vim trabalhar na mesa da sala porque é mais arejado por essas bandas.

Minha varanda bem poderia me abrigar, mas venta em demasia por lá e meus papéis e anotações voam. E em meio a esse balé alado sou eu quem perde o chão, inviabilizando minha dança diária nesta Terra. Tenho 10 livros pra ler, 30 entrevistas pra transcrever e cerca de 40 pessoas ainda por entrevistar. E tudo isso diz respeito a apenas um projeto. Os demais, mesmo espremidos em meio a esse turbilhão, vivem, pulsam e não se conformam por estar em segundo plano, invadindo meus sonhos, pensamentos, devaneios e as conversas que travo no dia a dia.

E para além das pesquisas e textos de trabalho ainda convivo com os poemas e crônicas que fluem, constantemente, pela minha alma e pelas minhas veias. Autoritários, esses textos exigem passagem, rompem meus diques e comportas e só sossegam quando inundam folhas ou telas de computador.

Nos últmos dias convivo com pelo menos dois desses textos, ambos desesperados para explodir em jorro. São eles: Lúcia e A indesejada das gentes. E pra fazer companhia a eles, hoje me apareceu uma vontade gigantesca de escrever sobre a Saudade. Porém, como a estrutura desse novo texto ainda é semente e, por isso mesmo, carece de tempo pra se desenvolver, resolvi, por motivos de força maior, produzir esses parágrafos que não estavam previstos e que surgem como um desabafo necessário em meio ao vendaval atual. É assim: eu luto para dominar as palavras, mas, no fundo, sei que só me resta obedecê-las.

Em todo caso, já descobri a trilha sonora para o futuro texto que tecerei sobre a Saudade. A música se chama Na veia, entoada com a intensidade que já é marca registrada do vocalista Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado. Com vocês, um pouco da minha Saudade.

 Cordel do Fogo Encantado - Na Veia


Na veia

Eu vou cantar pra saudade com seu vestido vermelho e a sua boca
Eu vou cantar pra saudade descer na minha cabeça e comandar sua festa, festa

Aquele cheiro som imagem do teu corpo incendeia
E um rio carregado de saudade vem correr na minha veia
Na veia amor, na veia.
É como a luz da lua que atravessa a parede da cadeia
Clareia mais forte que o sol.

E Quando a saudade chegar com seu batalhão de agitadores
E tanta bandeira
Vou cantar aquele som da gente
Vou rasgar o teu vestido novo

2 comentários:

Anônimo disse...

Saudade é como um quasar,
Ou como aquela vertigem
De uma imóvel viagem :
Um tá lá, outro tá cá
Mas um fio de aliagem
Funde as imagens no ar

- em magenta.

(Parabéns, Goimar. Achei isto aí em um velho livro de um poeta desconhecido indiano e achei que tinha a ver com seu post )

W.F

Anônimo disse...

estou encantado!!!como se desfaz essa magia???os seus poemas sao lindos
Emerson
bjo