(Aviso aos navegantes: estou sem tempo de escrever esses dias e, por isso, vou postar este texto escrito no final de 2007 e carinhosamente guardado para uma ocasião como esta).
Atores escoceses nos guiando pelo tour histórico e noturno nas ruas e becos de Edimburgo (a foto tá um horror, mas vale pelo registro da noite vexaminosa).
Eu amei a Escócia e os escoceses, simpaticíssimos e, por isso mesmo, bem diferentes dos ingleses. Delirei com a arquitetura medieval de Edimburgo e agradeci aos céus pelos seus pubs, cujos cardápios sempre eram repletos de sopas de todos os sabores. Alimento abençoado que me aquecia do frio e, por isso mesmo, me fazia lembrar antídotos de histórias encantadas. Faz mais de um ano que estive lá, mas, penso que o frio vivenciado na Escócia permanecerá em minha memória para sempre.
Conforme já adiantei em um post mais antiguinho, quase congelei nas terras altas. Um dos passeios inesquecíveis foi um tour histórico, realizado à noite, pelas ruas do centro de Edimburgo. O objetivo era seguir dois atores-guias enquanto ambos iam parando aqui e ali, fazendo encenações e, por meio disso, explicando a história de cada praça, estátua, monumento.
Tudo muito interessante a não ser pelo fato de que o invólucro corporal onde habito nesta encarnação jamais ter suportado baixas temperaturas. Paguei um mico gigantesco e morri de vergonha das pessoas que, junto comigo, acompanhavam o tour. Meu frio era tão descomunal que meus dentes batiam sem que eu pudesse fazer nada para detê-los. Enrolei minha cabeça com o cachecol e só deixei os olhos de fora. Senti-me uma muçulmana expiando seus pecados.
A cena era tão pastelão que até os atores, vez ou outra, esticavam os olhos na minha direção. Acho que o barulho dos meus dentes tirava a concentração dos dois. E o curioso é que o restante do público parecia não sentir um terço do frio que me acometia. Todo mundo ali – até mesmo meu bem meu Mau – agüentava a provação com uma elegância exemplar. No máximo, mantinham os braços cruzados, de modo a trazer ao corpo um pouco mais de calor. Meu bem meu Mau se compadecia do meu sufoco e se agarrava a mim tentando colaborar com meu aquecimento. Mas, infelizmente, pouco adiantava. Acho que só uma caldeira de usina siderúrgica me ajudaria numa hora daquelas.
E isso porque nunca peguei frio abaixo de zero. Não tenho a menor curiosidade, apesar de saber que, um dia, vai acontecer. Minha filha é doida pra conhecer a neve e... Bem... O que uma mãe não faz pelos filhos, não é mesmo? Enfim, naquela noite, devia estar uns quatro graus em Edimburgo, nada muito absurdo não fosse o vento cortante que tornava a sensação térmica infinitamente mais gelada.
No final do passeio, fomos levados para uma espécie de livraria improvisada. Ali, os fiéis da Igreja Católica se encarregam de divulgar a cultura local com ênfase nos aspectos histórico-religiosos. Espiritualidades à parte, a loja era, para mim, uma bênção. Um local finalmente bem quentinho, onde nos serviram chá e biscoitos. Pena eu ter esquecido de tirar fotos desse momento, literalmente, divinal. Meu cérebro, acho, ainda estava meio congelado.
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Um comentário:
me lembrei de uma vez em que eu e o Rô fizemos uma viagem aqui para o sul do Brasil, os dois super duros, só dormindo em hotelzinho fubenga com chuveiro eletétrico até que na nossa última parada resolvemos nos dar ao luxo de dormir no Ibis de Curitiba (sim, o Ibis era um luxo para nós naqueles tempos) e finalmente tive meu merecido banho quentinho...
Apesar de agora morar aqui em Curitiba, não sou muito de frio e eu m local, ou melhor ainda, um chuveiro quentinho, para mim é o paraíso!
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