quinta-feira, julho 16, 2009

Aquém do Pneumotórax




Febre,
garganta inflamada,
dores no corpo,
suores noturnos...
E esse delírio que poderia ter sido e que não foi.
Ou foi??
Mandei chamar um médico.
..............................................

Pensando bem... Só pensei em mandar porque isso seria uma tolice!
Manuel Bandeira está morto,
o médico do meu convênio sequer sabe onde moro
e nunca me pediu pra dizer
“trinta e três”,
“trinta e três”,
“trinta e três”.

Pior:
jamais teve a delicadeza de sugerir um tango argentino...
Ao fim e ao cabo, Drummond é que parecia estar certo:
“Êta vida besta, meu Deus”.

Goimar Dantas
São Paulo
Madrugada febril de 16/07/09

4 comentários:

Anônimo disse...

Ma-ra-vi-lho-so.

Um dos posts que mais gostei de ler aqui, entre um gole e outro de chá de cidreira.

Repito trocando o silabar :

Mar-a-vi-lha.

Um abço

poesia potiguar disse...

Puxa, muito obrigada...

Essa gripe absurdamente forte finalmente parece ter servido pra alguma coisa.

abraços!

Anônimo disse...

O DESPERTAR

Procuramos metas,
Objetivos e caminhos...
Mas o que é a realidade
Senão um círculo infinito,
Em que cada ponto da circunferência
É, simultaneamente o centro;
O ponto de partida e o ponto de chegada?

Vivemos de ilusões, de miragens,
De realidades que se desmancham
Ao primeiro sopro do Destino.
Dizemo-nos donos de poder,
De bens e da verdade...
Mas, nada mais somos;
Do que vaidades travestidas de deuses.

O despertar é lento e cruel.
O Destino aos poucos
Vai arrancando as máscaras,
E nus,
Pousamos perante todos e perante o Todo.
Percebemos, então,
Que sempre estivemos nus
E as máscaras
Cobriam apenas os nossos olhos.

Tudo é ilusão,
Tudo é vaidade e nada mais.
Haverá algo mais terrível, glorioso e divino;
Que o Despertar?

Carlili Vasconcelos (Kamael)

Anônimo disse...

Difícil achar quem não ama aos próprios pares. Poetas se amam, se respeitam, se curtem, se embevecem. Prova disso?! Suas deliciosas intertextualidades e até interdiscursividades.
Seus lapidares poemas mostram claramente algumas de suas preferências: Bandeira e Drummond. Mas... você é volúvel e trai os dois constantemente em busca de outros e outras: Adélia, Hilda, Márcia,... Voltemos ao "Aquém do Pneumotórax", que traz a mesma ironia sutil do titular "Pneumotórax". A mesma ironia não. Lá, sente-se tragédia pessoal. Aqui e aquém, constatação de algo mais amplo e até social. E a dor de um passado que não volta mais. Vivem-se outros tempos.
Para nós, os amantes da poesia, como é delicioso encontrar os poetas se tocando, se amando. Sempre somos beneficiados com o nascimento de filhos primorosos como esse seu "Aquém do Pneumotórax". Ou será "Além". Deixe Bandeira decidir isso lá no céu, bem no além. E aquém fiquemos nós com nossos deleites poéticos.
Parabéns, Gói.
Prof. Leo Ricino