sábado, setembro 03, 2011

Duas vidas

"Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde".

Encontrei esse trecho fantástico do poema "Dactilografia", de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, lendo o não menos fantástico O que é literatura infantil, de Ligia Cademartori (Editora Brasiliense, 2010, coleção Primeiros Passos). Impossível não vir aqui compartilhar com vocês.

2 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso e verdadeiro, realmente todos temos três vidas, e o que é triste é que muitos acabam aprisionados na falsa vida :(

Adorei!

Beijinhus
BabihGois
http://babihgois.blogspot.com

poesia potiguar disse...

Oi, Babih!

De fato, ouso pensar que são muitas as vidas que vivemos todos os dias, nas épocas mais variadas de nossa existência. Mas a melhor de todas, sem dúvida, é a que vivemos na infância. É ela que nos sustenta, nos acolhe e nos impulsiona também. Tenho pra mim que essa vida da infância é capaz de nos alimentar até o último respiro. É ela, ao fim, que importa. Escrevo para mantê-la cada vez mais próxima de quem sou e de quem serei. Sempre!

Beijos!