quarta-feira, outubro 01, 2008

Na terra de Shakespeare

Em setembro de 2007, há exatamente um ano, estive por dois dias na pequena cidade de Stratford-upon-Avon, terra natal de William Shakespeare, na Inglaterra. Localizada a cerca de duas horas de Londres, é considerada o segundo destino turístico mais visitado do país. São aproximadamente 10 roteiros de passeio oferecidos aos viajantes de todo o mundo. Algumas das principais atrações da cidade são as cinco casas onde viveu o escritor – todas transformadas em museus de estilos variados. A principal é a Shakespeare’s Birthplace (essa casa aí da foto, onde estou dando uma de Rapunzel. Foi justamente nela que Shakeaspeare nasceu, em 1564), considerada um dos marcos turísticos mais famosos de toda a Grã-Bretanha. Nesse local o escritor passou os anos mais importantes para a sua formação. A casa foi transformada em um moderno museu que consegue aliar passado e presente, na medida em que os visitantes podem apreciar as primeiras edições de suas obras tanto em cópias impressas quanto digitalizadas. Os monitores são uma simpatia e te explicam tudo e mais um pouco.


Essa fonte data de 800 anos. As esculturas de cisnes foram inseridas no local como forma de comemoração pelo aniversário de oito séculos da fonte. Os cisnes são aves muito comuns na cidade, que têm hotéis e casas de comércio cujos nomes também fazem referência a essas aves.


A começar pelos tradicionais ônibus de turismo, todos os passeios têm guias e atores trajados à moda elizabethana, sempre acompanhando os visitantes pelos roteiros de passeios. A preservação da arquitetura e dos espaços tais e quais aos da época vivida pelo autor de Hamlet é uma atração à parte, bem como os jardins milimetricamente bem cuidados que emolduram as casas e lugares públicos da charmosa Stratford-upon-Avon. Até agora não sei porque eu estava rindo tanto quando essa foto foi tirada... Acho que era de nervoso. Tá certo que o roteiro é lindo, mas eu quase congelei nesse passeio... Quem me conhece sabe que minha tolerância às baixas temperaturas simplesmente inexiste. Não conheço ninguém que sinta mais frio do que eu. O caso é realmente grave. Costumo dizer que quando venta em Santa Catarina eu já me cubro aqui, em São Paulo. Alguém tem de inventar um casaco com aquecedor acoplado, caso contrário, continuarei dando meus vexames em viagens. Nesse passeio, por exemplo, lembro que o vento cortava a pele do meu rosto de forma tão afiada que uma determinada hora enrolei minha cabeça com o cachecol, sem medo de ser ridícula... Aconteceu a mesma coisa dias depois, na Escócia. Eu parecia mais uma muçulmana de burca.... Só os olhos de fora. Um horror.


A casa que aparece ao fundo é a Hall’s Croft, onde a filha de Shakespeare, Susanna, morou com seu marido, o famoso médico John Hall. Doutor Hall era um profissional extremamente respeitado na região. Prova disso é que a casa se transformou em um museu repleto de instrumentos de trabalho do médico, bem como seus livros, anotações, desenhos da anatomia humana, descrições de casos etc. Dizem que, durante anos, a fama do médico era infinitamente maior do que a de Shakespeare.


Este é o lindo jardim da casa hoje conhecida como Nash’s House. Foi nela que Shakesperare viveu seus últimos dias. Após a morte do escritor, a casa foi herdada por sua filha Susanna Hall que, por sua vez, deixou a casa para a filha Elizabeth Hall, esposa de Thomas Nash. Esse jardim é simplesmente maravilhoso. Não fosse o frio eu teria ficado ali por horas...


Esse é o jardim da casa conhecida como Anne Hathaway’s Cottage – sem dúvida o lugar mais lindo que já visitei na vida. Uma atmosfera de sonho paira em toda a extensão da casa e do jardim extremamente bem cuidado. Foi nela que Anne, esposa de Shakespeare, passou sua infância. Foi também ali que ela e Shakespeare moraram nos primeiros tempos de casados. A título de curiosidade: os guias explicaram que o casamento de ambos era tido como muito incomum, uma vez que ela era, se não estou enganada, seis anos mais velha que ele - algo quase inconcebível para a época. Bem, o fato é que o lugar é considerado uma das atrações turísticas de clima mais romântico de toda a Inglaterra. Pena que não podíamos fotografar no interior da casa. Pena...


Esta é a Mary Arden’s House and the Shakespeare Countryside Museum – fazenda onde a mãe de Shakespeare passou a infância. O lugar possui toda a caracterização da época, com bonecos de cera reproduzindo pessoas com vestes típicas, sempre retratando os afazeres cotidianos dos camponeses do período Elizabethano.


A Holy Trinity Church é a Igreja onde o escritor está enterrado, juntamente com seus familiares. Os vitrais são lindos e impressiona ver tantas lápides não só da família de Shakespeare, mas também de outras figuras importantes da cidade. Em cada lápide, uma breve descrição sobre como foi a vida de quem está ali. Informações como nome, idade, profissão e comentários do tipo: “Morreu aos 92 anos. Um caso raro de longevidade numa época em que a maioria das pessoas morria muito cedo etc”.
Muita gente vai a Londres e desconhece esse roteiro turístico tão próximo e tão interessante. Para quem gosta de literatura, como eu, é realmente imperdível. Faria tudo de novo, apesar do frio...



3 comentários:

Anônimo disse...

Goimar,
eu sou suspeito para falar do bardo maior da língua inglesa, pois, desde os 11 anos, sou seu leitor. Tanto que adaptei, para a Coleção Clássicos em Cordel, da editora Nova Alexandria, A MEGERA DOMADA. Com tempero nordestino, lógico!

poesia potiguar disse...

Marco,

como você é precoce! Por questões as mais varidas, passei quase toda a infância sem ter contato com os livros... Aos 11 anos, infelizmente, eu estava apenas começando a descobrir o universo das histórias escritas. A discrepância entre nos é tremenda... Enquanto você já estava em Shakespeare, eu andava feliz da vida com a Coleção Vaga-Lume...rs!

Fiquei muito curiosa pra ler sua Megera Domada com tempero nordestino!

Também estou doida pra ler a adaptação do Varneci. No próximo evento quero o autógrafo de vocês dois!

Até lá!

Andréa disse...

Adorei essas fotos!!