sábado, novembro 14, 2009

O capitão e a sereia



Na última quinta-feira fomos assistir ao excelente espetáculo O capitão e a sereia, direção de Fernando Yamamoto, no teatro do Sesi Vila Leopoldina, aqui em São Paulo. A peça é uma adaptação do livro homônimo do talentoso escritor e ilustrador André Neves, feita pela companhia potiguar Clowns de Shakespeare.

Há anos eu não tinha acesso a uma apresentação teatral tão impregnada de lirismo, poesia e musicalidade. Acho que minhas últimas experiências nesse sentido ocorreram à época da faculdade de jornalismo, quando vi o inesquecível – e consagrado – Romeu e Julieta, de Gabriel Villela, encenado em uma praia de Santos, em pleno sábado à tarde. Pouco tempo depois, pude conferir, na mesma cidade, O auto da paixão, de Romero de Andrade Lima, numa explosão impressionante de criatividade, ritmo e performance cênica, no histórico Teatro Coliseu.



A trupe potiguar não só me presenteou com essas lembranças de juventude como me mostrou sua própria forma de fazer lirismo, cantando, tocando, dançando e narrando histórias pelas vias do coração. Um coração que, no caso específico do texto encenado, batia ao som dos ritmos do mar e do sertão.



Devo confessar que fiquei especialmente tocada pelo fato de a trupe ser potiguar, não apenas pela imediata identificação que essa conterraneidade provocou entre mim e os integrantes do grupo, mas por ter a rara possibilidade de encontrar expositores tão qualificados da cultura do Estado onde nasci, mas que, infelizmente, conheço tão pouco.



Tê-los se apresentando num teatro que fica a poucos metros da minha casa, em temporada que vai até 29 de novembro, me dá a sensação onírica de que o meu Estado, na verdade, são as pessoas que o compõe, e elas – graças aos céus! – têm asas. No caso da trupe dos Clowns de Shakespeare, as asas da arte, da paixão, da poesia e da imaginação.



E que venham outras temporadas aladas!

terça-feira, novembro 10, 2009

Faça yoga antes que você precise...



É verdade. Ando muito cansada. Mas, chova ou faça sol, duas vezes por semana, há quase seis anos, eu paro tudo e vou pra aula de yoga. Por quê? Ora, porque eu sou brasileira e não desisto nunca.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Habitat



Simplesmente adorei fazer esse clique, na Rua da Pólvora, bairro da Liberdade, em São Paulo.

domingo, novembro 08, 2009

Sabedoria borgeana



Essa semana entrevistei o professor José Castilho Marques Neto, diretor-presidente da Editora Unesp. A despeito de sua agenda lotada e de seu tempo escasso, Castilho permaneceu comigo uma hora. Tempo em que narrou histórias deliciosas sobre meu biografado, José Xavier Cortez.

Ao entrar em sua sala, fiquei impressionada com esse quadro e, principalmente, com a frase nele estampada. Jorge Luis Borges é um dos meus escritores preferidos e, assim que terminei a entrevista, pedi a Castilho autorização para fotografar o quadro.

O professor não só me deu permissão como contou, entusiasmado, como e onde adquiriu esse souvenir maravilhoso do autor argentino. Embora, de longe, pareça um pôster de papel, trata-se de um tecido, comprado na Feira de Antiguidades de San Telmo, em Buenos Aires e, posteriormente, enquadrado por Castilho.

Por falar muitíssimo, preciso, mais do que ninguém, refletir sobre essa frase. Quem me acompanha?

sábado, novembro 07, 2009

Prêmio Jabuti 2009


Yuri e Tatá - lindos - na Sala São Paulo, no último dia 04, na entrega do Prêmio Jabuti 2009.


E o melhor da noite, na minha opinião, foi a escolha do Livro do Ano, categoria Não-Ficção. Quem levou foi a genial Marisa Lajolo, juntamente com João Ceccantini, pela obra Monteiro Lobato - Livro a livro, das editoras Imprensa Oficial e Unesp. Tenho um respeito profundo pelo trabalho da professora Marisa. Um dos meus sonhos de consumo é ter aula de crítica literária com ela. Quem sabe um dia, no doutorado? Seus estudos, voltados à análise da literatura infanto-juvenil brasileira, são obrigatórios para quem estuda ou se interessa pelo tema.

Já na Categoria Ficção ganhou Moacyr Scliar por Manual da paixão solitária. Não sei o livro, mas o título é ótimo, né não?


Mara, Júlia e Ednilson, da Cortez Editora: melhor companhia impossível! Adoro esses três!! Isso sem falar no humor inteligente e afiado da Mara, com seus comentários impagáveis durante todo o Prêmio! :)


Adoro eventos literários não apenas pelo que representam, mas também por poder encontrar amigos como Paulinho Monteiro, da época em que trabalhava na Secretaria de Educação. Hoje, Paulinho é membro da competente equipe da Imprensa Oficial do Estado que, por sinal, vem fazendo um trabalho incrível no ramo de edição de livros. Não à toa, nos últimos cinco anos, vem faturando, merecidamente, várias estatuetas do Prêmio Jabuti.

Em 2004, Paulinho cansou de me ver chorar por conta dos trâmites absurdos e demorados que envolveram o processo de adoção da Tatá. Eu vivia mostrando fotos dela para ele, que acompanhou toda a história, durante um ano, torcendo para que tudo desse certo. Quando finalmente a adotei, eu já não trabalhava mais na Secretaria e Paulinho acabou não tendo oportunidade de conhecê-la. O encontro entre os dois só aconteceu quase cinco anos depois, nessa festa da entrega do Jabuti. Foi lindo vê-lo emocionado por rever o Yuri e, finalmente, por poder conhecer a Tatá.


Tenho paixão por essa moça. É Carolina Vilafranca que, para o meu orgulho, começou a carreira como minha estagiária. E lá se vão 11 anos em que ela arrasa como assessora de imprensa especializada em mercado editorial. Linda, linda... Ainda me lembro de ficar puxando as orelhas dela sempre que Carol emendava as baladas com o trabalho. Nunca entendi como alguém pode passar a noite em claro e, no dia seguinte, trabalhar o dia inteiro, simpaticíssima, como se nada tivesse acontecido. Carol era assim: um arsenal de sorrisos e delicadezas, todo dia, toda hora, chovesse ou fizesse sol. Hoje a moça é casadíssima e, se passa noites em claro, é pra cuidar da fofa da Marina, sua filhinha.

Foi um noite linda!

quarta-feira, novembro 04, 2009

Yellow childmarine



Tô precisando de um refresco. Então lembrei dessa foto que tirei na Washington Square, em Nova York.

No fundo e na superfície, acho que o calor é uma eterna criança:
tem a alma solar e amarela.
Bem amarela.
Nasceu pra brincar
e vive chamando a gente pra fazer o mesmo.
Quem vem?
Quem vai?
Tá pensando muito... Ai, ai, ai...

segunda-feira, novembro 02, 2009

Entre os muros da escola



Queria muito escrever mais sobre o ótimo filme Entre os muros da escola (Entre les murs), do diretor Laurent Cantet, mas a falta de tempo não permite. Há meses estava querendo assisti-lo, mas só ontem consegui. Adoro filmes cuja temática é educação, escola, aprendizado. Entre os muros da escola, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, 2008, impressiona pela abordagem contundente das questões que, hoje, são cada vez mais universais.

Temas como racismo étnico, pobreza, falência do sistema educacional, dúvidas, conflitos, acertos e erros dos professores, as mudanças que a sociedade ocidental provoca no comportamento cada vez mais rebelde e belicoso dos alunos, os desafios de conquistar a atenção desses adolescentes em sala de aula... Tudo é abordado com um realismo impressionante. Palmas também para as interpretações sublimes do professor -que, na realidade, é o autor do livro que deu origem ao filme - e dos estudantes, envolvidos em cenas arrebatadoras, conquistadas graças ao interessante método de trabalho desenvolvido pelo diretor.

Saiba mais sobre o fime assitindo a entrevista com Laurent Cantet, no vídeo acima.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Liberdade



No último sábado, minha aula do curso de fotografia aconteceu no Bairro da Liberdade, em São Paulo. O objetivo era realizar o segundo ensaio fotográfico do curso (o primeiro foi no Bairro de Higienópolis). Adorei, pra variar. Já tinha ido à Liberdade outras vezes, mas não em missão tão especial. Essa foto da Jardim Oriental, localizado no Largo da Pólvora, é minha preferida.




Impressionante como a gente apura o olhar estudando fotografia. Veja como são lindos esses origamis de uma das barraquinhas da tradicional feirinha de artesanato, que acontece no bairro, todos os sábados.



E ando tão apaixonada pelo curso que contagiei meus filhos e eles têm ido às aulas comigo. O Yuri já foi duas vezes e a Tatá se animou pra acompanhar o passeio no sábado. Eu não sabia se fotografava ou se ficava de olho neles, para que não se perdessem em meio às milhares de pessoas que transitam pelo bairro aos sábados. Mesmo assim, valeu! Eles amaram o tour fotográfico e também aproveitaram para fazer vários clicks. Já eu, fiz quilos de fotos dos dois e adorei o efeito "mosaico" dessa imagem.




Esses charmosos postes de luz são a marca característica do bairro, cujo comércio é exepcional para quem ama cultura japonesa: resturantes, karaoquês, lojas de produtos alimentícios tipicamente orientais e bancas de revista especializadas em mangás. Fiquei curiosa quando vi camelôs vendendo só filmes nipônicos. Não faço ideia dos temas...



E o que dizer dessas pombas sobre a placa da Rua da Pólvora? Mais Guerra e Paz, impossível.



Bonachão e zangadão...


Minha rainha é "shiny happy people..."


E meu rei também...

segunda-feira, outubro 26, 2009

Pa(i)radoxo

(Para meu pai, Pedro Dantas, que faria 65 anos hoje).



Quanto mais os anos passam
suas garras afiadas
sobre o que lembro de ti,
mais o teu rosto vívido
toma a minha memória,
vence o tempo
e escapa, ileso,
do vão do não-existir.

Goimar Dantas
São Paulo
26-10-09



Ah, pai! Olha só o que eu achei: uma das suas músicas preferidas! Aquela do Festival MPB-80. Lembra?

sexta-feira, outubro 23, 2009

Alice: criador e criatura


Alice Liddell, encarnando a menininha maltrapilha, em 1859.

Estou completamente apaixonada por essa foto de Alice Liddell, publicada no livro Lewis Carroll, da incrível coleção Photo Poche, editada na França. A obra reúne as principais fotografias do multifacetado Charles Lutwidge Dodgson, que se tornou conhecido pelo pseudônimo com que assinou o celebrado Alice no País das Maravilhas.


Charles Lutwidge Dodgson, captador por Oscar Gustav Rejlander, 28 março de 1863.

Além de professor de matemática, escritor, criador de enigmas, jogos de lógica e apaixonado por ilusionismo, Carroll atuou como fotógrafo durante 25 anos, em um tempo em que essa arte/técnica ainda estava em seus primórdios.

A capa do livro.

É inegável sua capacidade de captar a expressão mais perturbadora das inúmeras meninas que retratou ao longo da vida, sendo a mais famosa delas, a própria Alice Liddell, musa inspiradora de seu livro mais conhecido.


Xie (Alexandra) Kitchin (1875).

Também gostei muitíssimo dos retratos da linda Xie (Alexandra) Kitchin, que Carroll produziu amiúde.


As irmãs Edith, Lorina e Alice (1859).

A introdução do livro é maravilhosa, reunindo inúmeras informações interessantes sobre a vida, a arte, os dilemas e polêmicas que envolveram a vida de Carroll. Praticamente uma minibiografia do artista. Um deleite que, infelizmente, terei de devolver para a biblioteca. Vou tentar comprar via internet porque é uma obra obrigatória para quem gosta desse misto de literatura, biografia e fotografia. Não dá pra não ter.

Para saber mais sobre Carroll clique aqui. Você também poderá acessar outras de suas fotos aqui.

quarta-feira, outubro 21, 2009

O semeador de livros vem aí!


O editor José Xavier Cortez, à esquerda, personagem da biografia prevista para 2010, que assinarei em parceria com a historiadora Teresa Sales, e o documentarista Wagner Bezerra, no último dia de gravação do documentário "O semeador de livros", com lançamento previsto para dezembro. Abaixo, reproduzo a íntegra da matéria veiculada ontem no Publishnews, revista eletrônica especializada em notícias do mercado editorial.

A saga do editor e livreiro José Xavier Cortez (Cortez Editora/SP), uma epopeia sobre a vida de um nordestino que fez dos livros a sua própria história, é contada no documentário “O semeador de livros”, viabilizado pela Lei Câmara Cascudo, (processo 025/2007) da Fundação José Augusto, do Governo do Rio Grande do Norte, para incentivo à cultura. O projeto captou patrocínios da ordem de R$ 260.000,00, sendo R$164.000,00 da Cosern - Companhia Energética do Rio Grande do Norte e R$ 96.000,00 da Petrobrás.

Com lançamento previsto para dezembro de 2009, o documentário dirigido por Wagner Bezerra que, também assina o roteiro com Heloísa Dias Bezerra, tem realização da Ciência & Arte Comunicação e co-realização da TV Puc ­ SP e encontra-se em fase de finalização. O filme será distribuído gratuitamente para instituições públicas de ensino, bibliotecas, videotecas públicas do Rio Grande do Norte e veiculado pela TV PUC - SP e TVs universitárias e educativas de todo o Brasil. Narrado em 1ª pessoa, o documentário mostra os caminhos percorridos pelo editor, que, ainda muito jovem, deixa a então pequena cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, em direção ao sul maravilha, embalado pelo sonho de vencer na vida.

O documentário descreve, ainda, o engajamento do Cortez em causas político-sociais, como a participação na famosa "Revolta dos Marinheiros" que levou a sua cassação e expulsão da Marinha do Brasil. A preocupação com os dilemas da sociedade brasileira que sempre fizeram parte da sua vida, como no episódio em que teve a livraria assaltada e ofereceu livros infantis ao chefe do grupo, proferindo a frase "leva isso pros seus filhos, que assim eles terão uma vida diferente da sua", o que foi prontamente aceito pelo infeliz sujeito, que deixou o local com os braços cheios de livros.

Ele revela, ainda, as dificuldades típicas dos humildes migrantes que saem da região norte-nordeste, se instalam em São Paulo e batalham para conseguir o primeiro emprego, o que, no caso de Cortez, aconteceu em um estacionamento como lavador de carros e depois manobrista. Descortina também o modo generoso como a pauliceia abre os braços para seus filhos adotivos, mostrando as proezas do jovem livreiro nos anos 70, quando fazia de tudo para conseguir atender os pedidos de professores e estudantes interessados em adquirir livros censurados pelo regime militar.

No media metragem tem destaque a grande amizade com renomados intelectuais que, nos anos de chumbo, faziam da PUC/SP um centro de resistência à ditadura. Como por exemplo, o escritor Paulo Freire e o cientista social Jose Paulo Neto, dentre muitos outros. O sucesso e o reconhecimento de Cortez ficaram atestados em 2005 quando foi condecorado com o título de cidadão paulistano, concedido pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. A transição da função de livreiro de confiança dos alunos e professores da PUC, para editor campeão de vendas, a história de uma vida de dificuldades e glória construída lado a lado com paixões que vieram da infância: a família, os livros, a educação e o forró nordestino, são destaques do filme.

terça-feira, outubro 20, 2009

Assinado eu



Sinceramente, minha vontade é colocar todos os clipes e músicas da Tiê aqui no blog. Essa, por exemplo, é tão linda quanto triste... Mas esse último adjetivo jamais poderá desmerecê-la. Ao contrário: talvez seja exatamente por conta dele que a canção é tão especial. Pelo menos para mim.

sábado, outubro 17, 2009

sexta-feira, outubro 16, 2009

Um passarinho me contou...



Fiz essa foto há meses, à frente da tradicional Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, e considerei adequada para ilustrar esse post. É que estou achando divertida essa brincadeira de Twitter. Quando crio esses textos que permitem, no máximo, 140 caracteres, minha preferência é discorrer sobre escrita, leitura, poesia, fotografia, biografia... No fundo e na superfície, tudo isso sou eu - só que em grau máximo de concisão - coisa que até então eu considerava impossível de acontecer :) E dentre os mais de 100 tweets que já postei até agora, meus preferidos são esses:


1. Quanto mais escrevo, mais me convenço de que o único jogo que considero verdadeiramente importante é o de palavras.

2. Minha cruz e a minha espada são a escrita e a leitura. E eu passo a vida entre as duas: maior deleite não há.

3. A escrita organiza, expõe e liberta, para o mundo, ideias antes restritas a uma única cabeça. Escrever é, também, um ato de doação e amor.

4. Proposta: E no frio deste Outubro: te cubro. Com o calor que vem do meu ser tão...

5. Não importa se hoje é dia 30. O fato é que o mês de setembro, em mim, nunca chega ao fim.

6. Nem bem sinto cheiro de chuva, floresço. Destino que vem de berço: meu pai também era assim.

7. Quanto mais trabalho em meus textos, mais me comovo com a verdade contida na frase de Osman Lins: "Escrever é uma guerra sem testemunhas".

8. Receita para me tirar do sério: acordar cedo, comida fria, toalha mollhada e reunião adiada...

9. Talvez por ser do sertão e por estar na hora do café, me ocorre uma adaptação p/ o Pai Nosso: "A tapioca de cada dia nos dai hoje".

10. A Primavera, quem diria, está tendo um caso com o Inverno que, mesmo frio e calculista, resolveu ficar mais um pouco... Ah, o amor...

11. Dia Mundial sem carro? Pra mim é só mais um porque nunca tive nem carro nem senso de direção.

12. Escrever biografia é viver a vida do outro com tamanha intensidade que resta ao escritor a saudade do seu próprio dia-a-dia.

13. E o melhor de fazer entrevista é ver outra vida sendo revista.

14. Sertanejo, roceiro, minerador, marinheiro e manobrista que virou editor. Quem é? É José Xavier Cortez: brasileiro que não desiste nunca.

15. Escrevendo pelas paredes: peixe livre de rede. Sereia que busca encantar. Carne querendo ser verbo. Nome carregando o "Mar".

16. Quebrando a cabeça com os exercícios da aula de fotografia. Troco o filme "Quero ser John Malkovtch" por "Quero ser Annie Leibovitz".

17. Sempre que esses dilúvios fazem de “São Paulo” um mar, me pergunto se “São Pedro” não seria um nome melhor para este lugar...

18. Está acabando a segunda que, no fundo, foi um domingo "segundo".

19. Inconfidente, eu confidencio: em Minas, minha liberdade, ainda que tardia, é poder ler e escrever em demasia. É anoitecer à luz da poesia.

20. Hoje viajo pra MG. E viagem sempre me traz poesia. Aliás, poesia está em "quase" tudo: ainda não descobri a poesia de fazer as malas...

21. De repente, fez-se noite... E as nuvens, sofrendo açoite, choram lágrimas no ar. Então, São Paulo, que é pedra, se desmancha e vira mar.

22. Procuro, aflita, passaporte pra Pasárgada: não precisa eu ter morada, basta um lugar pra eu sorrir.

23.Setembro começa com uma pergunta que não quer calar: por quantas horas um pesadelo pode durar?

segunda-feira, outubro 12, 2009

O primeiro livro a gente nunca esquece...




O caso da Borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida, Coleção Vaga-lume, 1981, Editora Ática, foi o primeiro livro que li na vida. Lembro de que assim que concluí a leitura, entendi que dedicaria minha vida às palavras.

E neste dia das crianças, fiz essa foto como uma homenagem singela ao livro, à autora, que nos deixou em 2005, à Editora Ática, que contribuiu sobremaneira para que minha infância fosse ainda melhor e, finalmente, à menina que sempre existirá em mim.

sábado, outubro 10, 2009

Do sertão para o mundo



Acabo de ser informada de que a foto acima, tirada no último mês de junho no Smithsonian National Museum of Natural History, em Washington DC, foi escolhida para integrar a nona edição do Schmap Washington DC Guide, um guia distribuído gratuitamente na capital dos Estados Unidos.

A editora da publicação, Emma J. Williams, entrou em contato comigo há menos de um mês comunicando que a foto, encontrada na minha galeria no Flickr, havia sido pré-selecionada para compor o guia, mas ainda faltava a seleção final, que ocorreria no começo de outubro. A editora também pedia minha autorização para uso da imagem, caso tudo desse certo. Eu cedi os direitos, claro. Comecei a fotografar há pouco tempo, sem pretensões profissionais, mas, mesmo assim, seria ótimo ter uma imagem divulgada em uma publicação internacional.

Estou muito feliz com a notícia e, definitivamente, acho que esse negócio está ficando deliciosamente sério :)

terça-feira, outubro 06, 2009

Annie e Alice: fonte de inspiração


Primeira foto do ensaio de Annie Leibovitz, inspirado em Alice no país das maravilhas.

Estou pesquisando ensaios fotográficos fundamentados em obras literárias, como parte do meu projeto final do curso básico de fotografia. A ideia é que eu adquira as referências necessárias para compor meu ensaio sobre a obra Lolita, de Vladimir Nabokov.

A primeira dica da minha professora foi: "Veja o ensaio que Annie Leibovitz produziu para a Vogue americana, que teve como base o clássico Alice no país das maravilhas", de Lewis Carroll. Eu vi... E, desde então, não consigo tirar as imagens da minha cabeça: o ensaio é uma obra de arte e ponto.

Aliás, desde que iniciei meus estudos sobre fotografia, tenho pensando muito nessa linha tênue entre arte e técnica. Minha conclusão é de que arte deriva do encontro privilegiado entre inteligência, paixão e sensibilidade e cujo resultado é capaz de emocionar/inspirar pessoas. E da mesma forma que nos inspira, a arte também nos acomete daquela vontade irrefreável de compartilhá-la, fazendo com que outros possam sentir as mesmas sensações positivas que nos arrebataram quando deparamos com ela. E é por esse motivo que compartilho o ensaio de Annie Leibovitz. Para vê-lo, é só clicar aqui.

domingo, outubro 04, 2009

Henri Cartier-Bresson e os momentos decisivos



Ontem foi um dia muito especial. Na aula de fotografia decidi, com a ajuda da minha professora Rita Domiciano, qual seria meu projeto final, o qual preciso entregar no término de novembro. Eu tinha umas mil e quinhentas ideias, mas todas possuíam a mesma temática: literatura. Munida de experiência e da paciência que lhe é peculiar, Rita ouviu meus planos mirabolantes e arrematou-os com uma sugestão genial: por que eu não fazia um ensaio fundamentado no enredo de um único livro? Achei incrível e, imediatamente, escolhi Lolita, de Vladimir Nabokov.

Vários motivos me levaram à decisão: trata-se de um dos meus textos preferidos, conheço bem o enredo e tenho em casa uma adolescente perfeita para encarnar a personagem da história. Além disso, minha filha adora servir de modelo pra mim, sempre com muita disponibilidade e resignação para aguentar minha demora, meus erros, minhas refações. Fiquei feliz da vida com essa oportunidade de, digamos assim, fazer uma interpretação imagética de Lolita.

Depois do curso, fui com a família ao Sesc Pinheiros ver a belíssima exposição do grande mestre da fotografia: o francês Henri Cartier-Bresson. Para resumir em uma palavra: imperdível! Tenho estudado Bresson no curso de fotografia e, a cada dia, fico mais apaixonada por ele. Porém, nenhum livro ou explicação - por melhores que sejam - substituem o impacto de ver as obras do artista reunidas.

Bresson criou a teoria do “momento decisivo”: algo como ficar horas parado, num cenário interessante, esperando que aconteça algo digno de ser captado, eternizado. É aquele instante mágico que todo bom fotógrafo persegue e que ele encontrou, ao que parece, muito mais do que qualquer outro.

Para completar, ao sair da exposição, deparei com um lindo espetáculo de dança flamenca, na área externa do Sesc. Não tive dúvida e fui atrás do meu “momento decisivo”. Eu estava muito inspirada pelos trabalhos de Bresson e, talvez por isso, considerei as fotografias desse meu "Ensaio Flamenco" como as mais bonitas que já fiz. Inseri três aqui (abaixo), mas você também pode ver as que estou postando aos poucos no meu Flickr.



Uma das bailarinas da Cia Balangandança, em apresentação de dança flamenca, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.


Penso que esse foi um dos "momentos decisivos" mais bonitos do espetáculo.


Gostei demais do resultado dessa, em que procurei enfatizar os pés, as cores, o movimento.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Minha alma na tela



Descobri a artista plástica Karen Cooper há cerca de um ano. Desde então, volta e meia entro em seu site e fico horas, embasbacada, olhando seu portfolio. É incrível como me sinto atraída pelo seu trabalho. Meu quadro preferido é Personal Collection, esse aí de cima. Cogitei comprá-lo porque realmente não era caro, mas o frete para o Brasil... Praticamente triplicava o valor. No fim das contas, aconteceu o inevitável: alguém foi lá e comprou antes de mim.

Fiquei arrasada, com a alma em frangalhos. Sabe quando você olha uma obra de arte e sente que ela foi criada especialmente pra você? Pois é... É assim que me sinto em relação a essa tela da Karen Cooper.

Sinceramente, não sei como vou resolver isso na minha vida, mas o fato é que, por existirem muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor a nossa vã filosofia, ainda acredito, no fundo e na superfície, que esse quadro é meu. E não me canso, nunca, de olhá-lo.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Lirismo até em cima d'água



É por essas e outras que ando dividida entre o reino das palavras e o reino das imagens... Tive a sorte imensa de poder registrar essa cena em uma saída fotográfica realizada junto com minha turma do curso de fotografia, no último sábado, dia 22.

Nosso alvo era a Praça Buenos Aires (uma das mais lindas da cidade)e, na sequência, o não menos lindo bairro de Higienópolis. Voltei pra casa feliz da vida por ter tido a chance de fazer esses registros. Aos poucos, estou colocando as fotografias que mais me agradaram aqui, na minha galeria do Flickr. Você pode ir até lá e clicar sobre as fotos, caso queira vê-las ampliadas.

terça-feira, setembro 22, 2009

Explicação da Primavera


Fiz essa foto no sábado, na Praça Buenos Aires, e achei perfeita para ilustrar o poema.

Gosto da Primavera porque nela a gente não acorda, desabrocha.
Nela a gente não cresce, floresce.
Tampouco ninguém morre, transcende.

Na Primavera a gente não se banha, se orvalha.
A gente não se deita, deleita.
A gente não se cala, se espalha.

Na Primavera a gente não produz, frutifica.
A gente não seca, amadurece.
A gente não permanece, enraíza.

Na Primavera a gente vive de brisa.
Sente à flor da pele.
E inala, apenas, essências.

A Primavera não é uma estação.
Não há trem nem despedida.
É ponto de encontro, chegada.
Espécie de porto, de estrada...
Onde o único veículo que trafega é o coração.


Goimar Dantas
São Paulo
22/09/09

Minha primeira Emília



Minha singelíssima homenagem à atriz Dirce Migliacccio, minha primeira Emília, que, de hoje em diante, deverá levar seu encanto para algum lugar situado entre o Reino das Águas Claras e o Sítio do Picapau Amarelo.

terça-feira, setembro 15, 2009

Som de passarinho



A primeira vez que ouvimos Tiê foi em 2004 (ou 2003?). A cantora, que tem nome de passarinho, acompanhava Toquinho em evento do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Durante o show, o ex-parceiro de Vinicius teceu quilos de elogios à moça, mas Tiê ainda estava começando e não tinha um repertório pronto para apresentar ao público. Naquele momento, restou à plateia se conformar com Tiê interpretando as canções de Toquinho, o que não era nada mal. Porém, o tempo passou, graças aos céus, e agora a moça surge divina com o lindíssimo álbum Sweet Jardim (aliás, tem nome mais doce e poético do que esse? Desconheço).

O resultado é que eu, juntamente com a torcida da Poesia Esporte Clube, estamos completamente apaixonados pelo CD... Todas as canções primam pela delicadeza conquistada graças à abordagem poética que prevalece na trinca voz, letra e melodia.

Minhas preferidas são “Aula de francês” (clipe acima) e “Passarinho”- que você pode encontrar no You tube, juntamente com outras preciosidades de Tiê.

Minha recomendação é de que você aprecie sem um pingo de moderação.

domingo, setembro 13, 2009

Super Sônia



Dia desses fomos à casa da Sônia, superamiga que é uma verdadeira mãe para meu bem, meu “Mau”. Ela é doida por ele e o considera um filho. Ambos trabalham juntos e Sônia faz questão de cuidar para que o dia-a-dia do seu "filhão" seja o mais impecável possível. É sua hiper-mega assessora e, nas horas vagas, acaba atuando como enfermeira não só dele, mas de toda a equipe do escritório. Basta alguém espirrar e ela já está a postos, pronta a ajudar.

Antes de se render ao mundo corporativo, Sônia trabalhou como enfermeira-padrão anos a fio. Na verdade, é competente em tudo o que faz, mas minha impressão é de que realmente nasceu para cuidar das pessoas, zelar pelo bem-estar alheio. Nunca vi tanta paciência e interesse em ajudar. Sônia toma à frente de tudo e sai marcando consultas, exames, cirurgias... Vigia para que a pessoa não esqueça a hora dos remédios, indica bons profissionais, telefona todo dia pra saber se a pessoa está se recuperando bem e, se preciso for, arranja até briga com empresas de seguro-saúde.


Yuri, Tatá e um dos três chachorrinhos de Sônia.

É uma anfitriã de primeira, seja no apartamento de São Paulo – aconchegante e repleto de obras de arte que eu fotografei sem parar –, seja em seu refúgio praiano. Com sangue árabe nas veias, cozinha quitutes típicos que a gente come rezando, feliz pela graça alcançada.

Tem três filhos maravilhosos: Diego, Fabiana e Rodrigo, já adultos, mas ainda conserva uma paciência de Jó com crianças. As minhas são loucas por ela e, quando Sônia está perto, Yuri e Tatá me ignoram solenemente... Juro que não fico chateada. Sônia merece todo o amor do mundo.


Essa é apenas uma das diversas delicadezas encontradas na casa da Sônia. Não é linda?


Adorei essa gueixa, em marfim.


Também adorei esses hindus.


Termino com a pose dessa outra peça, a mais rara, diga-se.

sexta-feira, setembro 11, 2009

O perfume



Eu tinha 14 anos quando ganhei o perfume da minha vida. Seu nome era Magriff e exalava uma fabulosa fragrância amadeirada. Ainda hoje posso senti-la quando fecho os olhos e me transporto para aquele tempo mítico.

A bem da verdade, não esqueço nada do que diz respeito àquele perfume, a começar pela embalagem inusitada: uma caixa feita de ripas de madeira, como aquelas usadas para transportar frutas e verduras. Outra coisa interessante eram as camadas generosas de palha que forravam o fundo da caixinha, não apenas para impedir que o vidro se quebrasse, mas também para completar a estética rústica do produto, que, apesar do nome metido a gringo, tinha toda a pinta de nacional.

O frasco era pequeno e deveria abrigar não mais do que 50 preciosos mililitros do líquido com cujas gotas eu marcava os territórios dos meus pulsos e pescoço. Já a tampa do vidro possuía formato quadrado, também de madeira, reproduzindo o mesmo tom claro das ripas da caixinha. O mais intrigante, no entanto, era uma raiz(!) que, juntamente com o líquido, enchia de mistério o interior do frasco. Eu nunca tinha visto um perfume que viesse junto com uma raiz, talvez inserida ali para simbolizar a árvore da qual havia sido extraída a essência. A mesma que, por sinal, iria se entranhar em mim para todo o sempre.

Eu havia ganhado o mimo do Saulo, aluno que caiu de pará-quedas na minha classe, bem depois de o ano letivo já ter iniciado. Saulo era um cara engraçado, extrovertido, tagarela. Ficamos amigos de cara e, logo no primeiro dia, ele pediu que eu lhe emprestasse meus cadernos, de modo que pudesse copiar as lições que havia perdido.

Foram semanas até que ele conseguisse finalizar tudo. Mas, como eu também precisava dos cadernos para fazer os deveres diários, Saulo copiava o que podia e, no final da tarde, passava lá em casa para devolvê-los, de modo que eu conseguisse fazer minhas tarefas para o dia seguinte.

Bem, “passava lá em casa” é um modo de dizer. Eu morava numa casa de fundos que ficava em um enorme quintal e, quando ele chegava, encostava a bicicleta no portão, gritava meu nome e batia palmas. Eu ia até ele, pegava o caderno e entrava. Tudo muito rápido. Nunca pude convidá-lo para entrar, tomar um lanche ou coisa assim porque, na minha casa, a entrada de representantes do sexo masculino era terminantemente proibida. Afinal, “Seu Pedro Dantas” era uma fera – dessas que colocaria no chinelo qualquer pai de conto de fadas.

E como toda a vida real rende um ótimo enredo de novela, a fera estava em casa justo na primeira vez em que Saulo foi me entregar os cadernos. Tão logo o coitado gritou meu nome lá fora, meu pai tascou um: “- Que é que esse cabra quer com você?”. E eu, oblíqua, dissimulada e fingindo calma tibetana, respondi: “Ele quer apenas os meus cadernos”. Mas a fera era adepta do estilo coronel nordestino e nunca deu bola nem pra Machado de Assis nem pra Filosofia Zen Budista. Então, em tom de som e fúria, esbravejou: “Pois você avise a ele que eu não quero saber de macho gritando nome de filha minha no portão!”. É claro que eu não avisei e, com a graça de Deus, que, por vezes, é um roteirista generoso, sempre que Saulo reapareceu meu pai estava trabalhando.

Semanas depois, quando terminou de copiar tudo, Saulo surgiu com o presente. Era o perfume. Num rompante de timidez, justificou: “Minha mãe mandou pra você... Ela fez questão porque se não fossem seus cadernos e sua paciência em me emprestar tudo eu ainda estaria todo perdido em sala de aula”. Quase explodi de felicidade! Era tão raro eu ganhar um presente...

Imediatamente me apaixonei pela embalagem, pelo conteúdo, pelo cheiro, pela raiz que, enigmaticamente, era parte do perfume... Por muitos meses, sempre que eu o usava, me sentia, de alguma forma, mais fortemente conectada com o que havia de melhor em minha natureza. Parecia que eu ficava mais forte, mais bonita, mais confiante.

Procurei esse perfume por anos em todas as lojas possíveis e nunca o encontrei. É como se nunca tivesse existido.Ninguém sabe, ninguém viu. Guardei a embalagem vazia por muito tempo, mas, não me lembro como, ela se perdeu no vão da minha existência. Já a lembrança do perfume e sua essência peculiar retornam com força, dia sim, dia também, tomando meu coração de assalto.

Demorei muito para registrar essa história em texto, não sei bem por quê. Mas, agora que ela existe não apenas para mim, quero dedicá-la a Saulo Rodrigues, querido amigo de adolescência, que me concedeu a graça vivíssima dessas memórias.


quinta-feira, setembro 10, 2009

Invenção poética



“Nesse ponto, descobrem-se as distâncias que separam o registro histórico da invenção poética: o primeiro fixa determinadas verdades que servem à explicação dos fatos; a segunda, porém, anima essas verdades de uma força emocional que não apenas comunica fatos, mas obriga o leitor a participar intensamente deles, arrastado no seu mecanismo de símbolos, com as mais inesperadas repercussões”.

Trecho do texto introdutório do livro Romanceiro da Inconfidência, Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros,2008, que, por sua vez, reproduz a Conferência proferida na Casa dos Contos, em Ouro Preto, por Cecília Meireles, no 1 Festival de Ouro Preto, em 20 de abril de 1955.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Buena Vista Social Club



Ontem, meu bem, meu "Mau" foi organizar nossos DVD's. E não é que ele achou o do Buena Vista Social Club dentro da caixa de O Auto da Compadecida? Quase chorei de alegria porque o danado estava perdido há séculos. No fim das contas, resolvemos um problema, mas ganhamos outro: onde estará o DVD de O Auto da Compadecida? Humpf! Definitivamente, aqui em casa temos um duende (ele é lindo, se chama Yuri, tem 13 anos e toca bateria). Mas, por favor, não espalhem.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Mimo para João e Bandeira


Estou firme e forte nas aulas de fotografia. No último sábado comecei a aprender fotometria. Temos de medir a luz, controlar a sensibilidade, a abertura da câmera. Nada de usar o automático, tudo no manual. Depois disso sai fazendo um monte de testes, sempre usando meus livros como cobaias (adoro fotografrar livros). A educação pela pedra, volume da Editora Alfaguara que reúne quatro livros do João Cabral, não poderia ficar de fora.



Faz tempo que eu acalentava a ideia de fotografar esse exemplar de Estrela da Vida Inteira, que um dia pertenceu ao meu amigo Márcio Rogério. Isso mesmo: pertenceu. Peguei pra ler e nunca devolvi. Morro de vergonha por isso e não me lembro por que aconteceu. Não sei se mudei de cidade, se foi ele quem mudou... Não lembro mesmo... Só sei que o livro foi ficando e se entranhando em minha casa, corpo e alma para sempre. Esse empréstimo tão mal sucedido para o Márcio aconteceu no século passado, começo da década de 90, quando éramos muito, muito jovens. Hoje, quando nos vemos, sempre tocamos no assunto, em meio a gargalhadas. Vivo prometendo comprar uma edição novinha pra ele. Vergonha de mim, meu Deus!