A atração foi instantânea.
Aquela troca de olhares traduzia o mundo
e a sensação dos dois era tão forte
quanto a intensidade que antecede a morte.
A pequena morte.
Séculos de desejo acumulado vieram à tona
porque embora não soubessem,
haviam sido amantes em encarnações sucessivas.
Comovido, o tempo parou para admirá-los
e ordenou que a eternidade
ficasse presa entre as frações de segundo.
Como resultado, o casal guardaria aquele instante na memória para sempre,
podendo voltar a ele sempre que quisesse.
E pela fenda infinita daquele olhar
eles se amaram com loucura...
Porém, segundos antes de chegarem ao clímax,
a porta do vagão lotado do metrô em que ele estava
se fechou abruptamente.
Atônito, o rapaz partiu.
Trêmula, ela permaneceu na plataforma...
No coração disparado de ambos,
uma só esperança:
quem sabe no dia seguinte,
àquela mesma hora,
naquela mesma estação...
Goimar Dantas
São Paulo
11-02-08
3 comentários:
Ah, que lindo post. Me lembrou de uma música cantada pela Adriana Calcanhoto:
"E agora, tudo bem
Você partiu
Para ver outras paisagens
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo parado
Naquela estação....".
ôoooo, menina Ana...
é por isso que gosto tanto de escrever... olha só quanta coisa bonita é possível trazer à tona.
essa música é de fato perfeita para o post. e olha que eu não tinha me lembrado dela quando "recebi" esse texto de presente.
Obrigada!
apareça sempre!
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